Defensoria atua o ano todo para conseguir vaga em Ceinf; saiba como
Atualmente, pedidos de ajuizamentos caíram, mas, em 2016, defensores impetraram mais de mil pedidos por vagas

Famílias que ainda não conseguiram matricular seus filhos em Ceinfs (Centro de Educação Infantil) de Campo Grande podem procurar a Defensoria Pública de Mato Grosso do Sul em qualquer mês do ano, não somente no início do período letivo. A instituição atua junto à Justiça, caso necessário, para a disponibilização dessas vagas nas unidades da Capital.
As aulas na Capital voltaram a funcionar no dia 6 de fevereiro com lista de espera de 10.104 crianças. O número representa quase o dobro de vagas ofertadas neste ano, que eram de 5.755. A reportagem solicitou os dados atualizados, mas até o fechamento da matéria não obteve retorno.
Em 2016, mutirões realizados por defensores ajuizaram mais de mil pedidos por vagas. A alta quantidade de ajuizamentos não é mais realidade na Capital. Segundo a defensora Katia Maria Souza Cardoso, o número caiu após acordo nos processos. Neste ano, foram ajuizados, apenas, 30 pedidos.
“Lá no juizado de Fazenda Pública, ajuizamos a obrigação de fazer, para obrigar o município a colocar essas crianças nos Ceinfs sob pena de pagar mensalidade em unidades particulares. Então, o município garantiu as vagas para os anos seguintes, por isso todas as ações ficaram garantidas”, explicou.
Quando procurar ajuda? Quando a mãe, pai ou responsável não consegue a vaga no Ceinf próximo de casa ou nas adjacências, a saída é procurar auxílio na Defensoria Pública. Toda a documentação da criança deve ser levada, inclusive a carteira de vacinação em dia.
Na mesma hora, o defensor impetra mandado de segurança e o próximo trâmite é o deferimento da liminar pelo juiz para o Ceinf escolhido ou nas adjacências.

Mesmo assim, muita mãe não conhece os trabalhos da defensoria. A jovem Amiria de Oliveira, de 24 anos, é uma delas. Mãe de duas meninas, uma de 7 e outra de 2 anos, a moradora é umas das dezenas na fila de espera no Jardim Noroeste. "Estou desempregada e nem tenho onde deixar a mais nova. Todos os anos renovo o cadastro mais ainda não consegui", conta.
Aos nove meses de gestação, a moradoras do Serraville Laurícia Leite, de 41 anos, afirma que até procurou a defensoria, mas teve a vaga negada mesmo com "papéis". A filha acaba de completar 4 anos e, ainda, teria um ano em um Ceinf. Com o marido desempregado, a gestante nem sabe como irão garantir o pão de amanhã.
"Está bem difícil, se pelo menos eu conseguisse a vaga dela. Meu filho de 9 anos, está na qunta série e nao está indo à aula, porque só consegui vaga para ele no Oiti. Muito longe para eu mandar ele de bicicleta. Meu terceiro filho nasce a qualquer momento e ainda não tenho nada para o enxoval", desabafou.


Letícia Batista de 25 anos, acaba de matricular a filha de 3 anos. Ela conta que foram dois anos pagando babá e mandando a filha para casa de parentes no interior do estado para conseguir trabalhar. "Não cheguei a procurar a defensoria, mas esperei muito tempo.eu tentava matricular ela desde um aninho", relatou.
A defensora esclarece que, atualmente, a dificuldade não está em conseguir a matrícula da criança, mas na localização dessas vagas. As mães costumam mudar de endereço e exigir a vaga ao lado de casa.
“Como a lei diz que o menor tem direito a essa vaga mais próximo a sua residência, as mães exigem isso. A gente tem feito os pedidos, mas a prioridade é para aqueles que ainda não conseguiram vaga”, pontua a defensora.
O Prédio da Defensoria fica na Rua Antônio Maria Coelho, 1668, Centro, e fica aberto de segunda a sexta-feira, das 8h às 17h.
Solidariedade - Se você quiser ajudar no enxoval da Laurícia, o contato é (067) 99226-8207.