Do muro ao parque, Mato Grosso tem história, mas "vive de promessas"
Uma das principais vias da Capital convive com buracos, ponto crítico do trânsito e à espera de melhorias


De uma ponta à outra, a avenida Mato Grosso ata a história de Campo Grande. No começo, era o muro. “A rua acabava no muro, tinha muitos acidentes e muita história”, afirma Walter Antônio da Silva, 56 anos. Nas últimas duas décadas, ele acompanha da banca de revistas Dom Bosco a história da via. O comércio fica na região mais antiga, no entorno da Esplanada Ferroviária, que no passado era a parte mais palpitante da cidade que muito deve aos caminhos do trem.
Também é perto do cruzamento com a Calógeras que ficam o Hotel Gaspar, imóvel 02 da avenida, e os imóveis restaurados da antiga ferrovia. À frente da esquina, a via foi prolongada até a avenida Ernesto Geisel, mas denominada Clemente Ferreira.
Apesar de tantas histórias, a avenida espera há anos por uma melhoria significativa, como recapeamento. Uma espécie de prima pobre da avenida Afonso Pena, que é paralela e teve o asfalto renovado em 2011.
“Aqui é só promessa. Já mediram mais de 30 vezes”, conta Walter. No dia a dia, ele convive com uma sinfonia de freadas dos veículos que excedem a velocidade e até eventos trágicos, como mortes em acidentes na esquina do local de trabalho.
Aos problemas do presente, se somam os buracos pelos 5,7 quilômetros da via. A partir da confluência com a avenida Hiroshima, na entrada do Parque dos Poderes, as erosões se espalham pelo asfalto. Em frente à Cantina Mato Grosso, folhagens foram colocadas na pista para alertar do profundo buraco. Nesta terça-feira, perto da rua Paulo Machado, uma equipe tapa-buracos consertava as “panelas”, enquanto agente de trânsito organizava um trânsito lento pela interdição.
O gerente Maxwel Oliveira, 28 anos, afirma que recentemente teve caso de motociclista que se feriu ao cair em buraco e que conhece quem perdeu os dois pneus da moto ao passar pela Mato Grosso.
Perto da rua Bahia, o comerciante Doriedson Terrra, 40 anos, cita o passado recente da loja invadida pelas águas da chuva. Segundo ele, o pior foi em 2008, quando seu veículo foi tomado pela enxurrada e teve dificuldade para encontrar sua motocicleta em meio à enchente.
“Quando chove forte, a boca de lobo não aguenta”, diz. Ele guarda no computador as fotos que mostram histórico de alagamento desde 1973. Ainda de acordo com o comerciante, temporal significa vazamento de esgoto. “É uma manilha de barro, fininha. Cresceu demais e tem muitas ligações”, diz.
Pela Mato Grosso, se espalham residenciais, que vão do tradicional Eudes Costa às torres na porção mais próxima ao Parque dos Poderes. A via também é endereço de hotéis, casa de espetáculo, órgão público, templo gigante e colégios.
Mergulhão – Também na avenida fica um dos pontos de estrangulamento do trânsito de Campo Grande: a rotatória com a Via Parque. As propostas de soluções para o problema já passaram de mergulhão a viaduto. Em 2009, o estudo da prefeitura era para abrir um túnel e dar vazão ao fluxo de veículos.
No ano de 2014, foi lançada uma medida paliativa. O Detran/MS (Departamento Estadual de Trânsito) repassou recurso de R$ 1,3 milhão para que a rotatória fosse substituída por conjunto de semáforos. À época, a rotatória tinha fluxo de 20 mil veículos por dia. O projeto segue no papel.
Nas ruas – O Campo Grande News faz série de matérias mostrando a situação de ruas e avenidas da cidade. As escolhidas foram algumas entre as de maior fluxo, por onde circula boa parcela dos campo-grandenses.
Confira a galeria de imagens: