ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no Twitter Campo Grande News no Instagram
ABRIL, SEXTA  19    CAMPO GRANDE 21º

Capital

Domínio do PCC em MS pode evitar guerra, mas clima em cadeias é tenso

O “salve” se espalhou “no ar”, na gíria do crime, mas não há confirmação de que tenha chego em MS

Luana Rodrigues | 20/10/2016 11:18
Em Roraima, guerra entre facções resultou em mortes e destruição no presídio. (Foto: Divulgação)
Em Roraima, guerra entre facções resultou em mortes e destruição no presídio. (Foto: Divulgação)

Na cadeia, quando há pouco barulho é porque a situação não é favorável. E é no silêncio que estão os presídios em Mato Grosso do Sul depois da declaração de guerra do PCC (Primeiro Comando da Capital) contra o Comando Vermelho, as duas principais facções do Brasil.

O comportamento passivo pode ser reflexo do domínio do PCC no Estado. Mas, em uma região que faz fronteira com o Paraguai, corredor do tráfico de drogas e onde grupos rivais disputam territórios a todo momento, também pode significar 'calmaria antes de tempestade'.

É o que explica fonte ouvida pelo Campo Grande News, familiar de um detento, que terá a identidade preservada. Segundo ela, apesar da aparência de tranquilidade dentro da penitenciária de Segurança Máxima de Campo Grande, por exemplo, é a tensão que impera.

“A cadeia aqui é do PCC, não tem ninguém do Comando (Vermelho). Mas quando dão uma ordem dessas, eles tem que fazer alguma coisa. Pode esperar reação dentro e fora dos presídios”, contou.

O presidente do Sinsap (Sindicato dos Servidores da Administração Penitenciária), André Luiz Santiago, confirma a situação de alerta. De acordo com ele, o que mantém o clima mais ameno é que em Mato Grosso do Sul há poucos integrantes do Comando Vermelho presos.

Por isso, não há convívio entre as facções. Mesmo assim, segundo o presidente, há uma apreensão em todas as unidades penitenciárias do MS. E o que preocupa os agentes, é a lentidão da organização de forças de segurança para evitar qualquer reação.

“Temos solicitado ações do governo justamente para evitar esse tipo de fato. Tendo investimento é possível separa as facções e isolar as lideranças, mas a resposta que o estado está dando está sendo lenta e isso prejudica a vigilância e o controle dentro dos presídios, o que gera essa situação de tensão e apreensão”, disse.

Nesta terça-feira (19), o governador de Mato Grosso do Sul, Reinaldo Azambuja (PSDB), comentou sobre a eventual guerra entre as facções nos presídios do Estado. Segundo ele, as forças de segurança monitoram a situação.

De acordo com Reinaldo, a Agepen (Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário) e o setor de inteligência da policia estão monitorando a situação para evitar confrontos.

Salve geral – A ordem que culminou na guerra entre as facções teria partido de dentro Penitenciária de Presidente Venceslau, em São Paulo, onde fica a cúpula do PCC.

Lá, lideranças da facção teriam escrito uma carta a mão, onde decretam o fim fim da aliança com o Comando Vermelho e decretam guerra contra a facção. Desde o último fim de semana, o resultado da ordem pode ser visto em presídios de Roraima, Rondônia e Ceará: 27 pessoas assassinadas por integrantes da organização paulista.

O “salve” se espalhou, foi transmitido por telefone às unidades sem bloqueador de celular – “no ar”, na gíria do crime, mas não há confirmação de que tenha chego em MS.

Segundo reportagem da revista Época, publicada na terça-feira (18), as facções eram aliadas desde o surgimento da facção paulista, em 1993. Com a autorização das cúpulas, seus integrantes mantinham relações comerciais dentro e fora dos presídios, tanto na compra de armas quanto de drogas. Há cerca de dois anos, os primeiros sinais de rompimento começaram a aparecer.

Segundo o promotor Lincoln Gakiya, do Gaeco (Grupo de Atuação Especial contra o Crime Organizado) de Presidente Prudente (SP), o embate começou à medida que os cariocas passaram a se associar a pequenas facções criminosas inimigas do PCC, surgidas em estados do Norte, Nordeste, Centro-Oeste e Sul.

“Essas facções se associaram ao Comando Vermelho porque têm receio de que o PCC se torne hegemônico no tráfico. É uma disputa de mercado”, afirmou Gakiya em entrevista à Época nesta terça-feira (19). “A guerra declarada poderá se estender para fora dos presídios. Mas não chegará à população, como em 2006.”

Nos siga no Google Notícias