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Capital

Em ano atípico, mês com pior isolamento tem coleta “recordista” de lixo

Dados da Solurb estão intrigando os gestores e podem indicar que frenesi para descumprir isolamento tem impacto no lixo produzido

Izabela Sanchez | 06/08/2020 12:06
Resíduos da coleta seletiva na Usina de Triagem de Resíduos (Foto: Kisie Ainoã/Arquivo)
Resíduos da coleta seletiva na Usina de Triagem de Resíduos (Foto: Kisie Ainoã/Arquivo)

A pandemia fez de 2020, até agora, um ano totalmente atípico. Para entender um pouco mais dessa “anormalidade” basta seguir o caminho do lixo. Isso mesmo. Dados cedidos ao Campo Grande News pela concessionária CG Solurb, responsável pela coleta, indicam que quando a Capital teve a pior taxa de isolamento, bateu recorde na coleta de lixo.

Foi no mês de junho que Campo Grade e Mato Grosso do Sul registraram a pior taxa de isolamento. Até julho, pico da curva da covid-19, teve um pouco mais de gente em casa. Em junho, segundo dados da SES (Secretaria Estadual de Saúde), só 36,5% dos moradores de Campo Grande ficaram em isolamento.

O lixo, por outro lado, foi maior já registrado no período nos últimos 5 anos, segundo o engenheiro sanitarista e gerente operacional da Solurb, Bruno Velloso Vilela. “Ainda não sei analisar porque”, disse ele, sobre o dado.

Os dados da Solurb sobre a coleta convencional mostram menos lixo recolhido no início da pandemia, e mais lixo em junho e julho (Arte: Ricardo Gael)
Os dados da Solurb sobre a coleta convencional mostram menos lixo recolhido no início da pandemia, e mais lixo em junho e julho (Arte: Ricardo Gael)

A coleta convencional, por exemplo, registrou volume de 23.161,09 toneladas, 13,99% a mais do que no mesmo mês em 2019.

No ano passado, os coletores levaram 20.317,71 toneladas das casas e estabelecimentos comerciais, quase 3 mil toneladas a menos do lixo convencional recolhido este ano.

O mesmo cenário se repete no lixo reciclável, levado pelos trabalhadores nos dias em que o caminhão da coleta seletiva percorre parte da cidade (esse tipo de coleta não abrange todas as regiões). Foram 562 toneladas recolhidas, 8,77% mais lixo do que em junho do ano passado.

*É importante destacar que a coleta seletiva ficou suspensa entre os dias 24 de março e 8 de maio (Arte: Ricardo Gael)
*É importante destacar que a coleta seletiva ficou suspensa entre os dias 24 de março e 8 de maio (Arte: Ricardo Gael)

O lixo da pandemia – É possível fazer uma leitura da pandemia apenas pelo lixo. De modo geral, segundo Bruno, a média anual de aumento no volume recolhido gira em torno de 8 a 9% todos os anos, e tem explicação diversa: ampliação populacional, mais poder de compra, e demais mudanças econômicas.

A pandemia ainda está em curso, assim como o ano de 2020, então não é possível saber como será o dado anual. Ainda assim, pelos índices enviados à reportagem, é possível analisar que no início da pandemia, o volume teve redução significante e a partir de maio, o volume recolhido no lixo convencional e reciclável voltou a subir.

Em março, a Solurb recolheu 5,9% menos resíduos da coleta convencional do que em março de 2019. E no mês seguinte, a queda foi ainda mais acentuada: 10,64% de redução no volume de lixo convencional em abril.

Usina de Triagem de Resíduos, para onde vai o lixo reciclável (Foto: Kisie Ainoã/Arquivo)
Usina de Triagem de Resíduos, para onde vai o lixo reciclável (Foto: Kisie Ainoã/Arquivo)

Em maio, a queda diminui. Foram 21.719,12 toneladas de lixo convencional, volume 4,78% menor do em maio de 2019. E a partir de junho começou a aumentar. Em julho, mesmo com os picos da covid-19, entre mortes e casos, a cidade, novo epicentro da doença, registrou 4,75% de aumento na coleta do lixo convencional.

“Esse mês aumentou dentro da margem, mas se você for analisar em relação ao poder econômico, a crise diminui a quantidade de emprego, diminui renda e tem menos resíduos. Esse pode ter sido um dos casos observados sobre o início da pandemia”, disse Bruno.

O gerente de operações da Solurb também comenta que após a queda “num primeiro momento”, a coleta de lixo “está voltando ao normal, em quantidade geral”.

A coleta seletiva sofreu mais impacto entre março e maio porque a Solurb suspendeu o serviço entre os dias 24 de março de 8 de maio. Bruno afirma que a cidade “também leva um tempo” para se adequar ao vai e vem, porque as pessoas levam algum tempo para voltar colocar o lixo reciclável para fora apenas nos dias em que essa coleta passa na rua.

“Junho é que foi fora da curva, não sei analisar o porquê, mas o mês de junho foi o que mais coletei lixo nos últimos 5 anos”, concluiu.

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