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Capital

Em condomínio invadido, moradores antigos cobram escrituras de terrenos

Mariana Lopes | 12/08/2013 16:47
Invasores ocupam terreno no Portal da Lagoa (Fotos: Marcos Ermínio)
Invasores ocupam terreno no Portal da Lagoa (Fotos: Marcos Ermínio)

Nesta semana, os moradores do condomínio Portal da Lagoa, localizado próximo à UCDB (Universidade Católica Dom Bosco), em Campo Grande, ganharam novos vizinhos. A área, considerada região rural da cidade, foi invadida por pessoas que vieram de outros bairros em busca de um espaço para morar. O fato trouxe à tona o antigo dilema dos residentes, que há mais ou menos 15 anos cobram as escrituras dos terrenos, vendidos pela Correta Imobiliária.

Em duas quadras do loteamento, que era uma fazenda antes de ser fracionado e vendido, aproximadamente 45 famílias já começaram a levantar os barracos. Contudo, diante de problemas maiores, como o dilema de morar em um condomínio “fantasma”, a maioria dos moradores antigos não se incomoda com a ocupação da área, o que eles querem mesmo é a escritura do terreno que compraram.

Com cópia de uma ação do Ministério Público Estadual em mãos, o pedreiro Márcio da Silva Lino, 29 anos, afirma que o loteamento é considerado clandestino, pois para a Prefeitura, o condomínio não existe. “Há muitos anos meu pai comprou um terreno aqui, depois a imobiliária foi embargada. Então quer dizer que até os moradores são invasores”, pontua.

Com documento em mãos, Márcio cobra escritura (Foto: Marcos Ermínio)
Com documento em mãos, Márcio cobra escritura (Foto: Marcos Ermínio)

A dona de casa Neuza da Silva Dias, 47 anos, confirma a afirmação de Márcio. Ela conta que foi a terceira pessoa a adquirir um terreno no condomínio, e assinou apenas um contrato, mas até hoje não tem a escritura dele. “É meu, mas não é”, pontua.

Ela diz que dividiu o valor do terreno em 72 vezes de R$ 60, mas como descobriu que a imobiliária estava embargada, ela deixou de pagar as prestações faltando dois anos para quitar o financiamento. “Não sabia para aonde estava indo o dinheiro, era tudo cheio de rolo”, justifica Neuza.

Invasão – Patrícia Regina Santana, 30 anos, está desempregada e não tinha mais como pagar o aluguel. Ela morava em uma casa no bairro Dom Antônio, região do Lixão de Campo Grande, junto com a mãe e duas filhas, uma de 8 e outra de 9 anos.

Ela soube do loteamento através de uma amiga e entrou na onda de ocupação. “Me falaram que esta área é todo invadida, então vim para cá também”, explica Patrícia, que já está com o espaço delimitado para erguer o barraco.

A corretora Olga Tomas nega irregularidade (Foto: Marcos Ermínio)
A corretora Olga Tomas nega irregularidade (Foto: Marcos Ermínio)

Imobiliária – Em defesa da empresa Correta, responsável pelas negociações dos terrenos do condomínio Portal da Lagoa, a corretora Olga Tomaz nega as acusações de que a imobiliária esteja proibida de realizar transação.

Ela justifica que não há como fazer a escritura dos terrenos porque o condomínio está localizado em uma área rural, portanto não há como a Prefeitura regularizar. Contudo, ela garante que todos os contratos de compra e venda foram autenticados em cartório.

A corretora ainda afirma que assim que a área for considerada urbana, todos os moradores que tiverem quitado o financiamento receberão a escritura do terreno, consequentemente também passam a pagar impostos, que por enquanto não são cobrados.

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