Agressões crescem e enfermeiros cobram "blindagem" urgente
Prefeitura implementou guardas 24 horas em algumas unidades e busca ampliar a segurança com plantões noturnos
Após o aumento nos casos de violência contra profissionais de saúde e no número de furtos em postos de atendimento, audiência foi realizada nesta segunda-feira (14), na Câmara Municipal de Campo Grande, para cobrar dos vereadores mais segurança nos locais de trabalho desses profissionais.
RESUMO
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Profissionais de saúde em Campo Grande exigem mais segurança em postos de atendimento após aumento de violência e furtos. Em audiência pública, dados do Coren-MS revelaram que 70% dos enfermeiros já sofreram agressões, principalmente mulheres. A falta de estrutura e medicamentos agrava a situação, com relatos de ameaças e invasões por usuários de drogas. O secretário adjunto da Sesau, Aldecir Dutra, reconheceu o aumento das agressões pós-pandemia e anunciou medidas como barreiras físicas e parcerias com a Guarda Civil Metropolitana. A secretaria já implementou guardas 24 horas em algumas unidades e busca ampliar a segurança com plantões noturnos e um canal de comunicação via WhatsApp para agilizar respostas a emergências.
Dados exibidos pelo Coren-MS (Conselho Regional de Enfermagem de Mato Grosso do Sul) mostram que 70% dos enfermeiros em todo o país já sofreram algum tipo de agressão. Desse percentual, a maioria das vítimas eram mulheres (83,1%). Mesmo com números alarmantes, ainda há muita subnotificação, já que 86,4% dos profissionais não registram denúncia sobre a violência sofrida.
Segundo o presidente do Coren-MS, Leandro Afonso Rabelo Dias, a maior parte dos casos de violência relatados é de natureza psicológica, seguida pela violência verbal. Ele afirmou que há registros de humilhações, xingamentos e, posteriormente, agressões físicas, como socos e pontapés, que acabam ganhando repercussão na mídia.
Ainda conforme ele, o descontentamento da população se dá "muitas vezes, pela ausência de medicamentos, a demora no atendimento e a falta de leitos hospitalares, que acaba sendo direcionada aos profissionais que estão na linha de frente", descreveu.
A enfermeira Tuany de Oliveira, de 31 anos, que atua na USF (Unidade de Saúde da Família) São Francisco, relatou que há apenas três médicos e dois enfermeiros para atender 3,5 mil pessoas cadastradas. Ela afirma que há usuários de drogas nas proximidades da unidade, que já ameaçaram diversas vezes os profissionais de saúde.
Tuany contou que os trabalhadores já foram feitos reféns por dependentes químicos. Segundo ela, diariamente esses usuários trancam os profissionais em salas e exigem medicação. "Eles invadem as salas dos médicos, abrem as geladeiras, roubam marmitas e já destruíram materiais na sala de curativo", disse.
A enfermeira ainda reforçou que o problema vai além da segurança e precisa ser combatido em sua raiz. Segundo ela, há poucos funcionários e falta estrutura. Na unidade em que trabalha, uma mesma sala é utilizada para três finalidades diferentes, o que, afirma, compromete o atendimento.
Representando a Sesau (Secretaria Municipal de Saúde) na audiência, o secretário adjunto Aldecir Dutra afirmou ao Campo Grande News que os casos de agressão aumentaram após a pandemia de covid-19. Para ele, o aumento da procura por atendimento causou sobrecarga nos postos de saúde e ampliou o índice de intolerância entre os usuários.
Segundo Dutra, estão sendo feitas barreiras físicas nas recepções e implantado um projeto de câmeras. Ele também destacou a parceria com a GCM (Guarda Civil Metropolitana), com a Ronda Saúde, e afirmou que o tempo médio de resposta das equipes da guarda, quando acionadas, varia de cinco a sete minutos.
O secretário também relatou um furto recente que atingiu a unidade do bairro Tarumã. Segundo ele, o local, que atende mais de 12 mil pessoas por meio de quatro equipes de saúde da família, teve diversos equipamentos levados. Foram furtados torneiras, fios e materiais essenciais ao funcionamento da unidade. Dutra destacou que os sucessivos roubos de fiação provocam a queima de compressores, equipamentos e autoclaves, paralisando os atendimentos.
Para contornar o problema, ele afirmou que a secretaria está ampliando a iluminação externa e reduzindo o número de acessos aos prédios, respeitando as normas de acessibilidade. Também há negociações com a GCM para a implantação de plantões noturnos fixos.

De acordo com o secretário, atualmente já existem unidades com guarda 24 horas e outras com plantões por turno. Ele explicou que cada plantão requer quatro servidores e, por isso, a ampliação depende de chamamento de pessoal.
A secretaria também criou um canal direto via WhatsApp, dividido por região, para agilizar a comunicação entre gerentes de unidades e as bases da GCM. Dutra informou que o tempo médio de resposta tem sido de 5 a 7 minutos, o que considera um bom resultado. A meta agora, segundo ele, é avançar ainda mais com a criação da "Ronda da Saúde", com viaturas específicas para patrulhar e apoiar as unidades e os servidores da saúde.
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