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Famílias recebem ordem de despejo em invasão que cresceu 7 vezes em 2 anos

Município tenta desde 2022 reaver o terreno, mas já são 300 famílias vivendo no Nova Cidade dos Anjos

Por Kamila Alcântara | 19/02/2024 15:45
Cerca de 300 famílias vivem em uma área pública invadida, no bairro Parque do Lageado. (Foto: Alex Machado)
Cerca de 300 famílias vivem em uma área pública invadida, no bairro Parque do Lageado. (Foto: Alex Machado)

Os moradores da favela chamada de Cidade dos Anjos que ocupam um terreno na Rua Segismundo Tavares Santana, região do Parque do Sol, receberam intimação para desocupar o local, com prazo de 15 dias.

O pedido foi entregue no último sábado (17) e é assinado pelo juiz Paulo Roberto Cavassa de Almeida, da 1ª Vara de Fazenda Pública e de Registros Públicos. A solicitação  foi apresentada pela prefeitura de Campo Grande. Os barracos começaram a ser levantados na pandemia.

Em 2022, 40 casas foram derrubadas em uma ação de reintegração de posse ao município, com apoio da GCM (Guarda Civil Metropolitana). Na época, os moradores persistiram na esperança de ganharem um local regularizado, mas o número subiu mais de 7 vezes, e agora já são cerca de 300 famílias em barracos precários, segundo os moradores.

Sem chance de abrirem mão dos barracos, as pessoas falam até em protesto, caso sejam obrigados a sair. “Eles entregaram duas intimações iguais, dizendo que era válida para todos que moram aqui. Um grupo está na Defensoria Pública para tentar ajuda, mas se for preciso fechamos a estrada ou protestamos na Prefeitura, porque não temos para onde ir”, desabafa Ancarlos dos Santos, de 31 anos, que vive há três no local.

Morador Ancarlos dos Santos afirma que pretendem fazer protesto se uma solução não for apresentada. (Foto: Alex Machado)
Morador Ancarlos dos Santos afirma que pretendem fazer protesto se uma solução não for apresentada. (Foto: Alex Machado)

No documento entregue hoje às famílias, o juiz diz que "em havendo descumprimento e sendo identificados os invasores, comunique-se a autoridade policial para os procedimentos cabíveis".

Alessandra Benites Soares, 42 anos, vive com a família desde a primeira tentativa de reintegração. "São mães, crianças e idosos, muitos com inscrições para conseguir casa e nunca são sorteados. Disseram que iam resolver nossa situação após o caso do Mandela, mas nada foi feito e a intimação já chegou", pontua a dona de casa.

Alguns barracos foram marcados e cadastrados pela Prefeitura em 2022. (Foto: Alex Machado)
Alguns barracos foram marcados e cadastrados pela Prefeitura em 2022. (Foto: Alex Machado)

Desempregado, Valdeir Duarte tem 43 anos e defende o cadastramento das pessoas para futura realocação ou, pelo menos, uma previsão do que será feito.

“É pouco tempo para a gente arrumar um lugar para ir. Na verdade, muitos aqui não têm para onde mudar. Se derrubarem nossas casas, vamos levantar os barracos de novo, até que apresentem um lugar para construir”.

Um grupo de moradores passou a tarde na Defensoria Pública, na tentativa de derrubar a decisão do juiz, ainda sem sucesso. Até a conclusão da matéria, a Prefeitura de Campo Grande não havia respondido nossos questionamentos sobre o caso.

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