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Capital

Flanelinhas invadem centro e condutor paga duas vezes para estacionar

Alan Diógenes | 01/04/2015 17:34
Flanelinhas auxiliam motoristas a estacionar e ganham quantia para cuidar de carros. (Foto: Alcides Neto)
Flanelinhas auxiliam motoristas a estacionar e ganham quantia para cuidar de carros. (Foto: Alcides Neto)
Motorista acha mais em conta pagar flanelinha do que estacionamento particular. (Foto: Alcides Neto)
Motorista acha mais em conta pagar flanelinha do que estacionamento particular. (Foto: Alcides Neto)

A operação “Tolerância Zero” deflagrada pela Deops (Delegacia Especializada de Ordem Política e Social), que retirou cerca de 20 flanelinhas do Centro de Campo Grande em 2012, não surtiu muito efeito e eles acabaram retornando para as ruas. Desta forma, os motoristas que querem estacionar na área central se veem obrigado a pagar, além da taxa do parquímetro, certa quantia aos flanelinhas.

Conforme o vendedor ambulante Eleison Alessandro Macedo, 27 anos, que trabalha no Centro da Capital, ao menos três flanelinhas atuam na Rua 14 de Julho. Outros preferem o cruzamento da Dom Aquino com a 13 de maio, 14 de julho e Calógeras, além dos mesmos cruzamentos uma rua acima, na Barão do Rio Branco e com a Marechal Cândido Mariano Rondon. “Eles preferem o período da manhã, quando o pessoal do parquímetro está longe. As pessoas acabam pagando duas vezes por medo deles fazerem alguma coisa com o carro”, explicou.

A turismóloga Gleice Arantes Franco, 38, disse que as as vezes paga os flanelinhas para evitar que o seu veículo seja furtado, ou algo do tipo. O problema, segundo ela, é que os condutores não podem confiar em todos os cuidadores de carros. “Quando a gente percebe que é uma pessoa honesta até vai, o ruim é quando acha que aqueles que agem de má-fé, riscam o carro, entre outras coisas”, comentou.

Já a estudante Laricia Maria Rodrigues, 24, prefere pagar aos flanelinhas por questão de economia. Para ela, como está difícil encontrar vagas pela cidade, arcar com estacionamento particular está ficando caro. “Não dá para ficar pagando estacionamento sempre. Pago a eles por uma questão de segurança mesmo. Se você ajuda eles com alguns trocados, eles cuidam certinho do seu carro, sem problemas”, destacou.

Gleice disse que nem flanelinhas cuidam dos veículos. (Foto: Alcides Neto)
Gleice disse que nem flanelinhas cuidam dos veículos. (Foto: Alcides Neto)

O flanelinha José Antônio da Silva, 56, morador da favela Cidade de Deus, na região do Dom Antônio Barbosa, resolveu ir para as ruas cuidar de carros há 3 anos porque não conseguiu sua aposentadoria. “Trabalhava com reciclagem e acabei quebrando minha perna. Dei entrada na minha aposentadoria faz sete meses e até agora nada. Não sou vagabundo, uso o dinheiro que ganho para comer, não é para usar droga ou beber”, contou.

Camila Souza, 26, que cuida de carros há nove anos nas proximidades da Igreja Católica Perpétuo Socorro, na Afonso Pena, começou a trabalhar como flanelinhas para cuidar dos filhos de 4,5 e 5 anos. “Eu ajudo as pessoas estacionar e cuido dos carros. A gente ganha de 5 a 50 centavos. Já enfrentei preconceito, pessoas olhando feio, mas não tive opção”, mencionou.

Ainda passando por dificuldades, Camila teve que somar atividades para criar os filhos. “Cuidar de carros não é lucrativo. Tive que começar a vender água, hoje trabalho em um buffet e faço serviços de limpeza. Consegui até comprar um veículo. As pessoas tem que entender que quem está aqui, está por que precisa”, finalizou.

José decidiu ser flanelinha porque não tinha condições de se manter sem aposentadoria. (Foto: Alcides Neto)
José decidiu ser flanelinha porque não tinha condições de se manter sem aposentadoria. (Foto: Alcides Neto)
Esperando o próximo "cliente" José se camufla em meio aos carros. (Foto: Alcides neto)
Esperando o próximo "cliente" José se camufla em meio aos carros. (Foto: Alcides neto)
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