Guardando nascentes em área nobre, espaço já teve dias mais charmosos
Descendo pela Rua Chaadi Scaff, um fluxo intenso de carros da Avenida Zahran em direção à Afonso Pena, a principal de Campo Grande. Poucos reparam que ali, bem em frente a um quebra-molas, que parece ser proposital para fazer o motorista diminuir o ritmo – e não só a velocidade - , há um portão de acesso à Área de Lazer Lúdio Martins Coelho Filho, mais conhecida como Praça Itanhangá. Um convite para o contato com a natureza, mas que tem sido maltratada ultimamente.
Criada na gestão do antigo prefeito que dá nome à área, a praça tem mais de 20 anos de história. Localizada em uma das regiões mais nobres da capital, o bairro Itanhangá Park, oferece pista de caminhada, parquinho infantil, academia da terceira idade, quadra poliesportiva, muita sombra e abriga, ainda, as nascentes do Córrego Vendas.
O silêncio, o verde, o ar puro, a sensação de paz e a beleza do lugar são inquestionáveis. Duvidosa é a maneira como toda essa riqueza tem sido tratada. Na tarde desta quarta-feira (03), a equipe do Campo Grande News esteve no local e viu umcenário que contrasta com a beleza de outros tempos.
Ainda da calçada é possível ver um dos portões que cercam o parque quebrado. Ao passar pela entrada, placas de sinalização, que deveriam dar as boas vindas ao visitante e divulgar as regras de bom uso do local, estão totalmente apagadas. Uma delas foi usada até para fazer propaganda de um estabelecimento comercial próximo dali.
A fonte, agora seca, acumula folhas e sujeira. O bebedeuro está entupido e a água gelada, que deveria servir para matar a sede e refrescar o passeio de algum visitante, vaza pelo equipamento escorrendo até o chão. Uma das pontes que passa por cima do lago, que abriga espécies de peixes, está quebrada e com muitos pregos soltos.
No parquinho infantil, o corrimão da escada do escorregador está quebrado. Um já até foi arrancado e o outro está quase lá. Uma árvore caiu sobre o balanço, interditando o brinquedo preferido da criançada.
O mato e as folhas tentam tirar o brilho e a beleza do lugar, mas são os papeis, plásticos, garrafas pets e copos descartáveis jogados que conseguem. Há lixeiras em vários pontos da praça, mas além de lixo, elas acumulam também água. E o que era pra ser um ambiente usado para promover a qualidade de vida e a saúde, colocam-nas em risco pela possibilidade de ser criadouro de mosquistos Aedes aegipty.

O aposentado Antônio Tedesco, 74 anos, é morador de um condomínio bem em frente à praça há 25 anos. Conta que viu o brejo se transformar e as árvores crescerem. "Vi a transformação dessa maravilha. Venho todos os dias caminhar, fico uns 40 minutos. Vocês deviam vir também", sugere animado à equipe de reportagem.
Apesar de adorar o lugar, Tedesco confessa que a praça enfrenta algumas dificuldades. "Eu gosto quando vejo várias pessoas caminhando por aqui e quando as escolas fazem excursão com seus aluno. Mas, entendo quem não vem. Às vezes a movimentação é estranha, tem gente usando droga, e até mendigo que vem morar aqui", lamenta.
A responsabilidade pela manutenção da área é da Prefeitura, por meio da Semadur (Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Desenvolvimento Urbano). O Executivo municipal foi procurado, via assessoria, para informar porque o parque não vem recebendo cuidados, mas até o fechamento desta reportagem, não houve retorno.
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