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Capital

Índios imitam MST e acampam para cobrar criação de aldeias urbanas

Filipe Prado | 19/07/2014 11:10
As 64 famílias pedem a criação da 5ª aldeia urbana de Campo Grande (Foto: Marcelo Victor)
As 64 famílias pedem a criação da 5ª aldeia urbana de Campo Grande (Foto: Marcelo Victor)

Tramitando desde de 2008, cerca de 64 família indígenas armaram acampamento em um terreno na Vila Santa Mônica e cobram da prefeitura a criação da 5ª aldeia urbana de Campo Grande. O indígenas, que repetem a estratégia do MST (Movimento dos Sem Terra), mas dentro da cidade, vieram da região Tauani Ipegui, das cidade de Aquidauana, Miranda e Buriti.

O acampamento foi armado no dia 28 de junho deste ano. Uma das líderes do movimento, Vastir Eloy, contou que atualmente os indígenas precisam de uma infraestrutura melhor e que a cidade pode proporcionar isto para eles. “É uma necessidade, pois uma aldeia urbana pode abranger toda a comunidade indígena”, explicou.

Em Campo Grande, atualmente, existem quatro aldeias urbanas, a Água Bonita e Tarsila do Amaral, na região do Segredo, Darcy Ribeiro, na região do Prosa e Marçal de Souza, na região do Anhanduizinho, somando cerca de 10 mil indígenas.

Há mais de 20 dias no local, os indígenas não possuem energia elétrica, água encanada ou qualquer tipo de infraestrutura, dependendo dos “vizinhos” para conseguir estes benefícios. A ajudante de produção Nair Cândido, 45 anos, pagava, junto com o marido, R$ 1.200 de aluguel, por isso cobra a criação da aldeia.

“Meu marido precisava trabalhar em uma usina e ficava três meses fora e não tinha ninguém que nos sustentasse. A aldeia irá nos ajudar, pois onde morávamos não tinha serviço, aqui conseguimos”, relatou Nair.

Vastir mostra os documentos que falam sobre a criação da 5ª aldeia urbana (Foto: Marcelo Victor)
Vastir mostra os documentos que falam sobre a criação da 5ª aldeia urbana (Foto: Marcelo Victor)

A comunidade precisou se unir para conquistar o seus direitos. A família de Nair, com seis pessoas, divide uma barraca de quatro metros quadrados e seu vizinho divide a sua moradia, com a mesma medida, com três famílias.

O morador do Santa Mônica, Dirceu Rezende Marcelino, 65, começou a acompanhar o caso dos indígenas, pois sua esposa é da mesma etnia e afirmou que eles precisam se modernizar e mudar para a cidade. “Os velhos estão morrendo e os jovens precisam estudar, conseguir empregos, então é uma tendência a aldeia se desfazer e virem para cidade”, observou.

Mas, conforme Vastir, a prefeitura disse que não existe um projeto para a criação de outro aldeia urbana. “Ficamos sem esperança. O que vamos fazer?”, questionou.

Além do Santa Mônica, Vastir enumerou mais dois acampamentos indígenas, nos bairros Indusbrasil e Noroeste. “Vamos nos organizar e fazer uma solicitação para conseguir a aldeia urbana. Porque Campo Grande pode comportar”, relatou.

Mesmo com a “modernização” dos indígenas, a líder do acampamento destacou que isso não afetará a sua cultura. “Por isso queremos uma aldeia urbana, pois a infraestrutura é toda voltada para a cultura indígena”, explicou.

Os indígenas prometeram continuar com o acampamento até receberam uma resposta da prefeitura sobre a criação da aldeia urbana.

Conforme a Prefeitura de Campo Grande, através da assessoria de imprensa, não há um projeto em andamento no momento e sim estudos para a criação de outra aldeia urbana.

A Emha (Agência Municipal de Habitação) possui um levantamento do perfil da comunidade indígena que necessita de habitação e um estudo em andamento que visa contemplar a comunidade indígena. No entanto, não há previsão de data execução do projeto, já que não há recursos próprios para essa demanda, sendo necessária a aprovação de verbas federais do programa Minha Casa, Minha Vida.

A sub-coordenadoria de assuntos indígenas está finalizando o levantamento das famílias, que em dados ainda não oficiais são cerca de 350 famílias indígenas.

Nair afirma que precisou vir para a cidade para conseguir viver melhor (Foto: Marcelo Victor)
Nair afirma que precisou vir para a cidade para conseguir viver melhor (Foto: Marcelo Victor)
Ela divide o barraco com mais seis pessoas (Foto: Marcelo Victor)
Ela divide o barraco com mais seis pessoas (Foto: Marcelo Victor)
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