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Capital

"Jamais esqueceremos sua luta", dizem familiares em despedida de dentista

Amigos e parentes sepultaram Gustavo Lima, que lutava contra a depressão e foi encontrado morto em casa

Dayene Paz e Aletheya Alves | 14/10/2021 16:28
Familiares e amigos em velório do dentista. (Foto Kísie Ainoã)
Familiares e amigos em velório do dentista. (Foto Kísie Ainoã)

"Primo querido, jamais esqueceremos sua luta". A frase na coroa de flores descreve a luta travada pelo cirurgião-dentista Gustavo Lima contra a intolerância. Vítima de homofobia em Campo Grande, Gustavo foi encontrado morto em casa na madrugada desta quinta-feira (14). Ele lutava contra a depressão, que se agravou após o episódio em que sofreu preconceito.

Mas Gustavo foi forte. Mesmo depois do episódio que repercutiu no País, não se deixou abalar. "Nós acompanhamos toda a situação desde que aconteceu. Ele continuou. Dizia que não ia parar de vacinar por conta daquilo", comentou Ionize Piazze, coordenadora geral do drive-thru do Albano Franco, onde Gustavo era voluntário. "Profissional exemplar, proativo e muito querido", lamentou a mulher.

Emocionados, os familiares e amigos cantaram "Prados e Campinas", do Salmo 23, para dar o último adeus a Gustavo, durante velório na tarde desta quinta. Sobram poucas palavras e as que saem, embargam a voz. "Até sexta, estava com a gente, tirando sarro, brincando, hoje, nosso dia acabou quando recebemos a notícia", disse a coordenadora administrativa do drive, Elaine Cristina Barbosa.

Velório acontece no Cemitério Parque de Campo Grande. (Foto: Kísie Ainoã)
Velório acontece no Cemitério Parque de Campo Grande. (Foto: Kísie Ainoã)

Para acompanhar o velório, os trabalhadores do drive do Albano pediram para os colaboradores do drive do Ayrton Sena para que atendessem no local nesta tarde.

Morte - Gustavo Lima, de 27 anos, foi encontrado morto na madrugada desta quinta-feira (14). Ele lutava contra a depressão há anos e foi encontrado pelo irmão Adriano Lima, 34, na casa em que vivia com os pais, no Bairro Rita Vieira.

Gustavo era residente da UBS do Coophavilla II e voluntário dos pontos de vacinação contra a covid-19, em Campo Grande. No dia 21 de agosto, no drive do Albano Franco, uma mulher recusou o atendimento dele, alegando que a filha adolescente não seria vacinada "por esse tipo de gente: um viado".

O caso virou manchete, foi discutido pela Câmara Municipal, Assembleia Legislativa e acabou repercutindo pelo Brasil. “Aquilo deu uma reviravolta maior na vida dele, começou a tomar mais remédios, se sentiu muito triste. Mas ele sempre foi alguém que batalhou muito na vida, que lutou por muita gente. Por isso, ele voltou a trabalhar, voltou a vacinar, voltou a estudar e buscou forças para seguir em frente”, descreve o irmão.

Adriano diz que a família também prestou todo apoio necessário a Gustavo, mas não houve tempo de reverter a depressão. “Infelizmente, ele não resistiu”, diz. “O que fica é o melhor irmão, um grande amigo, um grande profissional e um orgulho para a família”, concluiu.

Gustavo era formado pela UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul). Durante o dia, foi homenageado por várias entidades de Campo Grande.

Adeus a Gustavo nesta tarde no Cemitério Parque Campo Grande. (Foto: Kísie Ainoã)
Adeus a Gustavo nesta tarde no Cemitério Parque Campo Grande. (Foto: Kísie Ainoã)


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