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Capital

“Não desconfiei”, diz amiga sobre feminicida que fingiu ser Natalin após matá-la

Amiga enviou mensagens por três dias e diz que por telefone, acusado estava tranquilo

Mirian Machado | 19/04/2022 17:46
Momento em que militar entra em sala de audiência para acompanhar audiências (Foto: Mirian Machado)
Momento em que militar entra em sala de audiência para acompanhar audiências (Foto: Mirian Machado)

“Ele estava tranquilo, por isso não desconfiei de nada”. A fala é da amiga de Natalin Nara Garcia de Freitas Maia, de 22 anos, assassinada pelo marido em fevereiro deste ano, sobre quando entrou em contato com Tamerson Ribeiro Lima de Souza, de 31 anos, para ter notícias da vítima, que "sumiu" do WhatsApp. O acusado matou a esposa com um golpe de mata leão após discussão, segundo a acusação.

Nycole Lopes Menezes dos Santos, contou tudo o que sabia durante uma das primeiras audiências do caso, nesta tarde (19), na 2ª Vara do Tribunal do Júri. Revelou que mandou diversas mensagens após o desaparecimento da vítima tanto para Natalin, quanto para Tamerson, porém nenhuma delas era respondida.

Segundo relato, Nycole e Natalin saiam juntas por diversas vezes. Se conheciam cerca de 5 meses porém se tornaram amigas mais próximas nos últimos dois meses antes do crime. “Cheguei a dormir na casa dela duas vezes e era estranho porque ele não conversava. Não falava nada. Ficava naquele silêncio. Algumas vezes ela contava das discussões que eles tinham, dizia que queria ir embora, que eles estavam distantes um do outro, mas nunca relatou agressão. Se tinha, ela escondia”, explicou.

No dia anterior a morte, Natalin teria chamado Nycole para sair. “Eu disse que não ia. Depois fui dormir. Acordei tinha mensagem dela respondi, mas a mensagem não chegou. Mandei várias mensagem nos três dias que ela ficou desaparecida. Pensei que o celular havia quebrado e para não invadir a privacidade deles enviei mensagem pelo Instagram, tanto pra ela quanto pra ele, mas nenhum respondia”, contou.

Depois conseguiu o telefone de Tamerson e ao ligar, ele contou que não sabia onde Natalin estava. “Depois que liguei pra ele, as mensagens que havia mandado pra ela começaram a chegar no celular dela”, disse.

Nycole chegou a pressionar Tamerson dizendo que se ele não fosse, ela iria à delegacia sozinha registrar o desaparecimento da amiga.

“Nas três primeiras vezes que falei com ele por telefone ele estava super tranquilo, por isso não desconfiei de nada. Nem passou pela minha cabeça”, relatou diante do juiz Aluízio Pereira dos Santos.

Na última vez que conversou com o acusado, ele ligou para a amiga da vítima dessa vez nervoso, dizendo estar ansioso e queria ir logo prestar queixa do desaparecimento.

Por volta das 12h de domingo, Tamerson afirmou em ligação à Nycole de que a esposa teria aparecido. Após desconfiança, recebeu um texto do Instagram da amiga dizendo que estava bem e que não precisava procura-la. “Era nítido que não era ela, então eu nem quis responder”, concluiu.

Ainda durante a audiência, foram ouvidos os investigadores da Polícia Civil que atenderam tanto a ocorrência de quando o corpo de Natalin foi encontrado às margens da BR-060, quanto na casa de Tamerson, inclusive o encaminharam até a Deam. Uma policial da Polícia Rodoviária Federal também prestou depoimento, assim como os peritos do Imol (Instituto de Medicina e Odontologia Legal) e o perito que atendeu o local do crime. Ao menos 13 pessoas participam da audiência.

Tamerson segue preso nas dependências da Base Aérea de Campo Grande.

A defesa dele havia pedido que o militar tivesse a garantia de permanecer preso nas dependências da Aeronáutica, porém foi negado pelo juiz e não terá os “privilégios” que pretendia, como o livre acesso a outras áreas do quartel. Terá de ficar confinado em cela.

Foto do casal publicada por Tamerson em rede social. (Foto: Facebook/Reprodução)  
Foto do casal publicada por Tamerson em rede social. (Foto: Facebook/Reprodução)

O caso – O corpo de Natalin foi encontrado na margem da BR-060, na saída para Sidrolândia, na tarde de 6 de fevereiro, mas a investigação aponta que a jovem foi morta em casa. Tamerson alegou ter sido agredido pela esposa, que chegou embriagada e sob efeito de drogas. Para se defender, tentou segurá-la aplicando um golpe mata-leão e ela desmaiou.

Ele disse que a intenção não era matar e que tentou acordá-la, no entanto, percebeu que estava morta. Com medo de ser preso, Tamerson colocou o corpo no porta-malas do veículo e no outro dia, levou a filha para a escola com o corpo dentro do carro. Ele deixou a menina e depois seguiu para a rodovia e jogou o cadáver em meio a um matagal.

Em seguida, o militar foi até a Base Aérea e chegou a se encontrar com uma garota de programa para "desabafar", segundo ele.

Quando a polícia chegou à casa do casal e o questionou sobre Natalin, o militar disse que a esposa havia ido embora. Também tentou despistar as amigas, respondendo as mensagens no celular se passando por Natalin. Tamerson chegou a dizer para a filha, antes de o corpo ser localizado, que a mãe passou mal e morreu no hospital.

O sargento foi preso no dia 7 de fevereiro. Na Justiça, foi denunciado por homicídio triplamente qualificado pelo motivo torpe, asfixia e feminicídio, além da ocultação de cadáver.

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