Perícia indica luta e tentativa de limpar casa após feminicídio de mãe e filha
Vanessa e Sophie foram assassinadas em casa e tiveram corpos queimados pelo companheiro da mulher
Dados novos apresentados pela perícia e anexados recentemente ao processo do duplo feminicídio cometido por João Augusto Borges, de 25 anos, revelam que houve tentativa de limpeza da cena do crime e sinais de luta corporal na casa onde Vanessa Eugênia Medeiros, de 23 anos, e a filha Sophie Eugênia, de 10 meses, foram assassinadas, no Bairro São Conrado, em Campo Grande.
RESUMO
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Um homem de 25 anos foi denunciado por duplo feminicídio após assassinar a esposa, Vanessa Eugênia Medeiros, de 23 anos, e a filha Sophie Eugênia, de 10 meses, em Campo Grande. O crime ocorreu em 26 de maio, quando João Augusto Borges estrangulou as vítimas durante seu horário de almoço e posteriormente carbonizou os corpos. Novos laudos periciais revelam tentativa de limpeza da cena do crime e sinais de luta corporal. Mensagens obtidas pela polícia demonstram que o crime foi premeditado, contradizendo a versão inicial do autor. João foi denunciado pelo Ministério Público por duplo feminicídio qualificado e ocultação de cadáveres, com diversos agravantes, incluindo meio cruel e motivo torpe.
O crime aconteceu na tarde do dia 26 de maio, segunda-feira, durante o horário de almoço de João, que confessou o crime. Mãe e filha foram assassinadas e tiveram os corpos carbonizados em outro local, região do Indubrasil.
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Segundo dados anexados recentemente ao processo, o laudo aponta que “pelo menos uma pessoa foi ferida no imóvel” e descreve manchas de sangue diluídas, pano úmido e produtos de limpeza usados no banheiro, sugerindo tentativa de apagar vestígios.
A constatação foi possível através de uma reconstrução dos cômodos em imagem 3D. A perícia conseguiu navegar pelos cenários do imóvel e traçar a dinâmica dos fatos.
Premeditado - Prints entregues à polícia por um adolescente, colega de trabalho de João, desmontam a versão dada por João no interrogatório, quando afirmou ter agido “tomado pela raiva” e sem premeditação. A frieza das mensagens também corrobora depoimento de testemunha ouvida no inquérito, que relatou ter ouvido João afirmar, semanas antes, que mataria a esposa e a filha.
Mais conversas por WhatsApp mostram a frieza do autor após cometer o duplo feminicídio. Em uma das mensagens enviadas no dia do crime, João escreve para um colega de trabalho: “Tá começando a feder aqui já”, referindo-se aos corpos no porta-malas do carro.
Assassinato e ocultação - Vanessa e Sophie foram mortas dentro da casa onde moravam, no Bairro São Conrado, em Campo Grande. João contou que, ao voltar do trabalho por volta das 15h30, discutiu com Vanessa porque esqueceu de comprar leite e cotonetes para a bebê.
Durante o interrogatório, afirmou que aplicou um golpe mata-leão em Vanessa no quarto do casal e, em seguida, esganou a filha que brincava na cama. Depois, arrastou os corpos para o banheiro e retornou ao trabalho, como se nada tivesse ocorrido.
Horas depois, comprou 13 litros de gasolina, colocou os corpos no porta-malas do carro, posicionou mãe e filha como se estivessem abraçadas e dirigiu até uma área de mata no Indubrasil, onde ateou fogo nas vítimas.
Após incendiar os corpos, voltou para casa e dormiu. No dia seguinte, foi até a delegacia registrar um boletim de ocorrência alegando o desaparecimento de Vanessa e Sophie. Disse que fingiria desespero e que acusaria outra pessoa pelo crime. Também mandou mensagens para familiares da esposa e para sua irmã.
Denúncia - João foi denunciado pelo Ministério Público de Mato Grosso do Sul por duplo feminicídio qualificado e ocultação/destruição de cadáveres. Para os promotores responsáveis, os crimes foram motivados pela condição do sexo feminino, com agravantes como meio cruel, motivo torpe e impossibilidade de defesa das vítimas.
No caso de Vanessa, o crime ocorreu na presença da filha e com recurso que dificultou sua defesa enquanto cuidava da bebê. O assassinato de Sophie, menor de 14 anos, também foi praticado com extrema crueldade.
As provas anexadas ao processo, incluindo os prints e áudios, revelam que o crime foi planejado meticulosamente e demonstram a frieza do autor mesmo após os assassinatos.
O Campo Grande News procurou o advogado assistente de acusação, Lucas Brandolis. Em nota, ele informou que se pronunciará sobre os laudos periciais "exclusivamente nos autos do processo, por se tratar de conteúdo sensível".
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