ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no Twitter Campo Grande News no Instagram
ABRIL, QUINTA  25    CAMPO GRANDE 23º

Capital

Polícia diz que não recebeu cópia da ordem para prender procurador

Aline dos Santos e Guilherme Henri | 27/06/2016 10:07
Durante entrevista, delegado Lauretto recebeu ligação da Sejusp sobre o caso Zeolla. (Foto: Guilherme Henri)
Durante entrevista, delegado Lauretto recebeu ligação da Sejusp sobre o caso Zeolla. (Foto: Guilherme Henri)

Os bastidores da prisão do procurador aposentado Carlos Alberto Zeolla, suspeito de estupro de adolescentes, é marcado por desentendimento entre MPE (Ministério Público Estadual) e Polícia Civil. Nesta segunda-feira (27), a DPCA ((Delegacia Especializada de Proteção à Criança e ao Adolescente) informou que não recebeu a cópia da decisão judicial que deferiu a prisão preventiva.

Ontem, o Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado), braço do Ministério Público, revelou que cumpriu o mandado porque estava em aberto desde abril e a polícia demorou, sem intenção de favorecimento ao procurador aposentado.

De acordo com o delegado Mário Donizete Ferraz de Queiroz, adjunto na DPCA, a delegacia não recebeu a cópia da decisão. “A DPCA não tinha conhecimento de que tinha autorizado o mandado, que deferiu em abril. Essa cópia não veio, ficou no sistema e o Gaeco cumpriu”, afirma.

A informação foi confirmada pelo delegado titular Paulo Sérgio de Souza Lauretto e, inclusive, repassada por ele ao secretário adjunto da Sejusp (Secretaria de Justiça e Segurança Pública), Antonio Carlos Videira, que telefonou para o delegado durante a entrevista.

Ao efetuar a prisão na última sexta-feira (24), o Gaeco levou Zeolla para o Centro de Triagem. Agora, ele só pode deixar o local mediante autorização da 7ª Vara Criminal de Campo Grande, que autorizou a preventiva. Ainda na sexta-feira, a DPCA questionou a medida, porque o procurador não foi ouvido.

Hoje, o delegado Mário Queiroz vai solicitar a Justiça que Zeolla seja encaminhado para prestar depoimento. Ainda não foi definida a data de quando o procurador irá depor. A investigação contra Zeolla começou no ano passado, quando um adolescente de 13 anos agrediu a mãe. Ele disse que um homem, apontado como sendo o procurador, iria levá-lo para a Alemanha. A mãe questionou a situação e foi agredida pelo adolescente. O caso foi registrado na Deam (Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher), que abriu investigação.

O aliciador seria um homem conhecido como “Carlos Xará”. A polícia identificou mais dois meninos de 10 e 11 anos. As duas crianças relataram que eram embebedadas antes dos abusos, além de serem sempre presenteadas com celulares, dinheiro e perfumes.

A identidade de “Carlos Xará” foi revelada a partir de consulta de placa do carro. O veículo foi fotografado por moradores do loteamento Nova Serrana, no Jardim Noroeste, na saída para Três Lagoas.

A defesa pediu à Justiça que Zeolla seja transferido para sala de Estado Maior ou fique em prisão domiciliar. Ele tem essa prerrogativa por ser membro do MPE. A expectativa é de que a solicitação seja analisada na segunda-feira.

No sábado, o advogado José Belga Trad relatou que o preso estava aflito e que, caso já tivesse sido ouvido, a prisão não seria decretada. “Ele tem muita coisa para esclarecer. Se tivesse sido ouvido antes, muito provavelmente não teria sido decretada a prisão”, afirmou. Hoje, a reportagem não conseguiu contato com a defesa.

Em 2001, Zeolla foi condenado por matar o sobrinho. A condenação foi em regime semiaberto, mas ele obteve autorização para ficar internado em uma clínica e, atualmente, já estava em casa.

Nos siga no Google Notícias