População de local escolhido para sediar Carnaval teme a violência que a festa pode trazer
Avenida se estende ao longo área deserta, sem construções
A Avenida Alfredo Scaff, escolhida para ser o novo “sambódromo” de Campo Grande, começa na avenida Presidente Vargas, onde fica a área residencial mais próxima, e se estende ao longo de um lugar deserto, sem construções. Localizada na região do Santo Amaro tem boa acessibilidade, mas traz consigo problemas de pouca iluminação e lixo jogado no matagal ao longo da via.
O Campo Grande News esteve pela manhã na região e conversou com os moradores que vivem no entorno do local. A dona de casa Eunice Moreti, 56 anos, mora na Presidente Vargas em frente onde “começa” a Alfredo Scaff. Barulho, para ela, não é problema desde que o carnaval traga as tão sonhadas melhorias na região.
“Para mim o matagal é pior que qualquer carnaval. O pessoal joga lixo, não respeita. É uma escuridão. Eu espero benefícios da Prefeitura. Moro há 33 anos aqui e nunca foi feito nada”, diz a dona de casa.

Ela espera que, para dar suporte a estrutura do desfile, o mato seja aparado e iluminação pública seja feita no lugar. Entretanto, a vizinha dela, Cleuza Borges, 57 anos, lembra que há muito tempo a festa de Santo Antônio foi realizada no local e, apesar de o barulho não ter incomodado, trouxe violência. Para ela, o carnaval deverá ter esquema que traga segurança dentro e fora da festa.
“Lá eles não brigam porque tem policial e vem brigar em frente da casa da gente. A festa é muito legal e eu gosto. Mas tem até tiroteio em frente de casa”, diz a aposentada.
Distante - A auxiliar administrativa Lívia Ribeiro Matos Sunaga, 22 anos, vive em um apartamento no residencial Flamingos em frente à praça do Papa, lado oposto à avenida Alfredo Scaff. Apesar de estar um tanto longe do local por onde as escolas de samba passarão diz ter receio quanto à violência.
“Eu acho que não deveria, ainda mais porque é uma área residencial. Se trouxer carnaval para cá vai trazer junto gente que não deve. Bebida, pessoas de outras regiões que vão vir para cá. Aqui é um lugar bem família”, diz a auxiliar administrativa.
Na opinião dela, grande parte dos moradores poderão sentir-se incomodados com a festa. “É um condomínio antigo. Tem muita gente de idade”.
A cabeleireira Paula Helena Albanezi, 34 anos, mora na rua dos Crisântemos, em frente ao condomínio, ao lado da praça. Na opinião dela, a festa em si é inofensiva aos ouvidos. A preocupação novamente é segurança. “A questão do barulho não é nem um problema. Carnaval é carnaval. O problema são os maloqueiros”, diz.
A enfermeira Valéria Pacheco Carvalho tem opinião mais radical e não concorda com a festa ao lado de casa, visto que mora no Flamingos. “Para mim violência e barulho incomodam igual. Eu acho que não é viável. Aqui também tem moradores. Não á justo vir para nosso lado”, diz a enfermeira.
O comerciante Lori Barbosa, 49 anos, espera aproveitar o movimento que o carnaval trará para ganhar um dinheiro a mais em sua lanchonete, que fica em frente à praça do Papa. “Talvez eu pegue bons dias aqui”, diz.
Ele mora no residencial, não se diz incomodado com o barulho, mas admite que a festa tão perto provocará reclamações dos vizinhos. “Quanto à questão comercial seria bom. Quanto ao residencial não. Quem reside quer paz. Eu não me incomodo”, afirma o comerciante.
Decisão - Ainda falta uma série de procedimentos burocráticos para levar o desfile das escolas de samba ao Santo Amaro. De acordo com o diretor-presidente da Fundac, Roberto Figueiredo, desde ontem, são providenciados documentos para que a festa seja feita neste local.
Roberto afirmou que a rua escolhida atende a todos os requisitos e considera iluminação um dos principais problemas do lugar e espera que seja resolvido pela Prefeitura em tempo para a festa.