Projeto com 40 voluntários cuida e acolhe mães atípicas em Campo Grande
Idealizado em 2020, o União pela Inclusão oferece serviços médicos, jurídicos, assistenciais e psicológicos
Tendo como lema "cuidar de quem cuida", o projeto que possui 7 polos físicos de atendimento e conta com 40 voluntários auxilia mães atípicas a ter acesso à saúde e a serviços sociais em Campo Grande.
RESUMO
Nossa ferramenta de IA resume a notícia para você!
O projeto União pela Inclusão (UPI) atende famílias com crianças com deficiência em Campo Grande, contando com 40 voluntários distribuídos em sete polos. A iniciativa, criada em 2020, oferece suporte psicológico, jurídico e médico para mães atípicas, além de promover atividades de lazer e desenvolvimento. O projeto, que não possui vínculo governamental, surgiu após a coordenadora Noemia Fernandes Gomes identificar a necessidade de apoio a uma mãe em situação vulnerável. Entre os serviços oferecidos, destacam-se palestras sobre TEA, atividades recreativas para crianças e acompanhamento especializado, beneficiando famílias como a de Iolanda Sales, que recebeu auxílio para transporte do filho cadeirante.
A UPI (União pela Inclusão) tem como objetivo atender famílias que possuem crianças com deficiência e, na tarde deste sábado (20), no polo do Jardim Noroeste, realizou palestras para as mães que estavam conhecendo o projeto, tendo como tema principal a compreensão do TEA (Transtorno do Espectro Autista), em atividade conduzida pelo policial rodoviário federal Alexandre Figueiredo, pai de uma criança autista e criador do Projeto Guardião Azul – Amigo do Autista.
- Leia Também
- Com banco de vagas lotado, prefeitura promove balcão de empregos neste sábado
- Projeto celebra 10 anos oferecendo do corte à orientação jurídica à comunidade
A ação social também contou com atividades de lazer (gincanas e brincadeiras) para as crianças e, para as mães, aulas de artesanato, doações de roupas por meio de um varal solidário e atividades de exercícios e alongamentos ministradas por um professor de educação física.
Em entrevista ao Campo Grande News, a coordenadora do projeto UPI e assistente social, Noemia Fernandes Gomes, contou como o UPI foi idealizado.
"A UPI surgiu a partir de uma escuta. Houve uma situação em que uma mulher veio até mim desesperada porque estava sem condição mental devido à situação que vivenciava. Era uma mãe atípica que não tinha apoio psicológico; faltava apoio escolar para a criança, professora de apoio, essas coisas para a filha dela", declarou.
A partir dessa situação, Noemia, com a ajuda de voluntários, começou a desenvolver o projeto. Criado em 2020, ele não possui vínculo com a Prefeitura nem com o Governo do Estado e busca parceiros para arrecadar alimentos e brinquedos e oferecer brindes para sorteio.
"Hoje nós atendemos em sete polos porque a mãe atípica não tem a mesma flexibilidade que a mãe típica. O horário da mãe típica é regido pela criança porque algumas crianças têm sensibilidade ao som, a lugares muito cheios e ao clima quente", declarou Noemia.
A assistente social também informou que, por meio de atendimentos que oferecem suporte psicológico, jurídico e médico às mães atípicas, realizados por profissionais voluntários, muitas das dificuldades enfrentadas pelas mães no dia a dia do cuidado com os filhos são sanadas com o auxílio da UPI.
"Quem precisa de suporte é a mãe, porque a mãe cuida. Então, nós estamos aqui para cuidar de quem cuida. Por isso, eu falo tanto em rede de apoio, em fortalecer essa rede de apoio e em fortalecer os projetos que atendem esse tipo de trabalho por meio de parcerias."
Benefício para as mães — Ao Campo Grande News, a mãe atípica Iolanda dos Santos Sales relatou que começou a participar do projeto em um momento difícil de sua vida, enfrentando um problema de saúde ao mesmo tempo em que não conseguia assistência ao filho Renato, de 25 anos, que é cadeirante e totalmente dependente de auxílio.
"A UPI me ajudou principalmente com o transporte do meu filho, porque morei um tempo em Curitiba e me mudei para cá, mas aqui eu não tive ajuda com o transporte. Eu não via portas abertas, mas, por meio do projeto, passei a ter; ele nos acompanha de perto", descreveu.
Para a mãe atípica Roseli da Silva, de 49 anos, a UPI vem atendendo as necessidades de saúde de seu filho Diego, de 27 anos, que tem síndrome de Down.
"Eu estava há muito tempo tentando pelo posto de saúde; por lá, eu não consegui, mas pelo UPI eu consegui ajuda em todos os aspectos. Meu filho precisava de psicóloga, precisava de acompanhamento e até precisava de um par de óculos que conseguimos de graça com a ajuda do projeto."
Voluntariado — Atendendo as mães atípicas no evento realizado neste sábado no projeto UPI, o acadêmico de medicina na UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul), Douglas Fernandes de Luca Couto de Oliveira, 24 anos, contou como está sendo trabalhar como voluntário no projeto social.
"Eu gosto muito de trabalhar com projetos sociais e quis vir ajudar, porque sei que é importante. Eu venho fazer o que eu já faço na faculdade, então já é uma coisa a mais que eu posso fazer para ajudar os outros", disse Douglas.
O acadêmico é uma pessoa neurodivergente, que tem TEA, e, quando foi informado de que o projeto atende mães que procuram assistência para lidar com seus filhos com autismo, Douglas se solidarizou com a causa, com a qual tem vivência, para auxiliar no que for preciso.
"Quando eu vi que o projeto também atendia mães com filhos autistas, o voluntariado ficou um pouquinho mais pessoal; é algo mais profundo para mim. Às vezes as pessoas cobram demais umas das outras. Tentam abraçar o mundo dos filhos, mas a pessoa autista tem apenas uma forma diferente de ver o mundo. Às vezes os pais também cansam, porque todos somos humanos; é difícil, mas o que importa é a gente tentar, todo dia, ser um pouquinho melhor do que era ontem. E isso vale principalmente para as pessoas neurodivergentes", concluiu Douglas.
Confira a galeria de imagens: