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Capital

Sem ajuda da PF, família de faxineira gasta "compra do mês" com velório

Alan Diógenes | 11/11/2015 16:13
Filhos de Aparecida choraram muito e disseram que irão ficar desamparados. (Foto: Simão Nogueira
Filhos de Aparecida choraram muito e disseram que irão ficar desamparados. (Foto: Simão Nogueira
Amiga de Aparecida ficou revoltada com a falta de assistência da PF. (Foto: Simão Nogueira)
Amiga de Aparecida ficou revoltada com a falta de assistência da PF. (Foto: Simão Nogueira)

A família da auxiliar de limpeza Aparecida Rodrigues de Azevedo, 41 anos, passageira da motocicleta envolvida em colisão com uma viatura da Polícia Federal, que morreu na manhã de ontem (10), na BR-163, em Campo Grande, teve que gastar o dinheiro destinado à cesta básica do mês para pagar o velório. Os filhos alegam que a PF não procurou a família e sequer prestou assistência.

A filha mais velha da vítima, Aparecida Viviane Rodrigues do Nascimento, 28 anos, disse que o órgão informou que uma assistente social iria procurar a família, o que não aconteceu. “Eles pagaram apenas o formol para aplicar no corpo da minha mãe e mais nada. Sorte que uma tia pagava pax e nos ajudou. Só a empresa onde minha mãe trabalhava no Shopping Bosque dos Ipês foi que mandou uma coroa de flores”, explicou.

Os familiares afirmaram que a auxiliar de limpeza era o "esteio" da casa. Juntamente com namorado, o pedreiro Adriano Souza de Oliveira, 30, piloto da moto, que também morreu no acidente, e com ajuda da mãe aposentada, sustentava os três filhos de 21, 25, 28 anos, e os três netos de sete meses, nove meses e 1 ano e sete meses.

“A família está desestruturada. Meu irmão está preso e agora com a morte minha avó vai embora com minha tia. O dinheiro da compra do mês gastamos com o velório, não sei o que vamos fazer. Se fosse o bandido que tivesse atropelado minha mãe eu até entenderia, mas foram os policiais. Eles não mataram um cachorro, mataram uma família inteira”, mencionou a filha.

Irmão de Aparecida, Sidney Bento, 54, disse que o namorado dela, o Adriano, sempre levá-la ao serviço às 22h e pela manhã, lá 6h, a buscava Esse foi justamente o horário em a tragédia aconteceu. “Faziam três meses que eles tinham a mesma rotina. Ela trabalha na madrugada e durante o dia cuidava da casa, lavava roupa, fazia comida e cuidava das crianças, além de descansar para ir trabalhar. Como pode a própria polícia colocar em risco a vida de inocente e tirar ela da gente”, comentou.

Esposa do filho da vítima, que está preso, não sabe como irá sustentar filho pequeno. (Foto: Simão Nogueira)
Esposa do filho da vítima, que está preso, não sabe como irá sustentar filho pequeno. (Foto: Simão Nogueira)
Ex-marido afirma que família irá recorrer à Justiça para conseguir indenização da PF. (Foto: Simão Nogueira)
Ex-marido afirma que família irá recorrer à Justiça para conseguir indenização da PF. (Foto: Simão Nogueira)

A nora de Aparecida, Tayná Ilário Gomes, 19, também morava na casa porque tem um filho com o filho da vítima, que está preso. Ela contou que todo o dinheiro que Aparecida recebia investia em uma casa, que estava sendo construída na mesma rua em que morava.

“Ela já havia investido R$ 2 mil na casa, e no dia em que iria pagar por mais materiais para investir, aconteceu isso. Nos últimos meses ela falou que iria utilizar o 13º para terminar a casa porque queria se mudar logo. Meu marido está preso e só conseguiu liberação para ficar cinco minutos no velório. Não sei como as coisas irão ficar, já que não posso deixar meu filho pequeno para trabalhar. Para você ter noção não tem nem leite mais para ele", destacou Taýna.

O ex-marido da Aparecida, o agricultor Pedro da Rocha Tavares, 46, também criticou o fato da PF não aparecer para dar assistência à família. “Pelos menos agora no começo eles deveriam dar um apoio, porque depois, mais para frente podemos entrar na Justiça para conseguir algo mais concreto. Custava dar um pulinho aqui”, apontou.

Mãe da nora de Aparecida, Luzia Ilário Gomes, 54, a conhecia desde 2009. Ela não se conformou com a morte da amiga. “Era uma pessoa trabalhadora, honesta e estou muito revoltada. A polícia só mata pai de família e os bandidos vivem soltos por aí”, finalizou.

O velório aconteceu na casa de Aparecida, na Avenida Marechal Mallet, Jardim Noroeste. O sepultamento do corpo ocorreu no Cemitério Cruzeiro, na Avenida Cônsul Assaf Trad, em Campo Grande.

A família pede ajuda para obter mantimentos. Interessados podem entrar em contato pelos telefones (67) 9153-6037 e (67) 9185-7845.

Com o mesmo nome da mãe, filha mais velha falou que dinheiro da compra do mês foi gasto com velório. (Foto: Simão Nogueira)
Com o mesmo nome da mãe, filha mais velha falou que dinheiro da compra do mês foi gasto com velório. (Foto: Simão Nogueira)
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