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Capital

Superlotação e alimentação ainda são problemas na Unei Dom Bosco

Luciana Brazil | 09/08/2012 19:00
Equipe inspeciona comida na Unei Dom Bosco. (Fotos:Simão Nogueira)
Equipe inspeciona comida na Unei Dom Bosco. (Fotos:Simão Nogueira)

Com o fim das inspeções nas Unidades Educacionais de Internação (UNEI) em Campo Grande, o CNJ (Conselho Nacional de Justiça) voltou a apontar a superlotação, a alimentação e a falta de atividades físicas como os maiores problemas da Unei Dom Bosco, na Capital. A qualidade da comida e a superlotação dos alojamentos já haviam sido divulgadas pelo Conselho depois da primeira inspeção feita em 2011.

Um ano após a vistoria, as deficiências da unidade Dom Bosco foram novamente constatadas pelo Conselho, conforme afirmou a juíza auxiliar da presidência do CNJ, Joelci Diniz. De acordo com a magistrada, algumas situações precisam ser resolvidas com urgência e continuarão sendo acompanhadas. Ela ainda ressaltou que certas orientações e determinações do CNJ, dadas anteriormente já estão sendo cumpridas.

Com capacidade para 40 adolescentes, a Unei Dom Bosco abriga hoje 70 jovens, número bem acima da sua competência. O ideal seriam três internos divididos nos 19 alojamentos. “Por causa da superlotação, eles precisam dormir mal acomodados e isso pode gerar um problema entre eles mesmos. Eles reclamaram muito da ociosidade, além da comida que é precária”.

A alimentação é terceirizada há algum tempo e a comida já foi motivo para motins na unidade.

A juíza ainda salientou que a falta do corpo técnico é um mais um dos problemas que atingem a instituição Dom Bosco. “Em outras unidades o número de sócio educadores está equiparado com os educandos, mas nesta unidade o número não está nada adequado”, frisou a juíza.

Juíza ressalta que muitas dificiências precisam ser resolvidas na Unei Dom Bosco.
Juíza ressalta que muitas dificiências precisam ser resolvidas na Unei Dom Bosco.

Durante a visita do CNJ, o diretor da Unei, Jair da Costa Carvalho, confirmou as reclamações sobre a comida, mas argumentou que o modo de preparo pode ser o motivo das queixas."Talvez pudéssemos capacitar os funcionários para resolver esse problema", frisou.

Cravalho afirmou ainda que as dificuldades vivenciadas diariamente no local estão relacionadas com os órgãos envolvidos na articulação que viabiliza as melhorias para a unidade. Segundo ele, alguns progressos já foram concretizados pela gestão.

O superintendente de Assistência Socioeducativa da Sejusp (Secretaria estadual de Justiça e Segurança Pública), coronel da PM (Polícia Militar) Hilton Vilassanti Romero, destacou que a família é onde os adolescentes deveriam receber conceitos, valores e limites, mas por falta de estrutura isso não acontece. “O maior envolvimento da família faz parte do processo de recuperação desses jovens aqui na unidade”.

Para o chefe de disciplina Jean Lesseseki, 37 anos, há sete anos trabalhando como servidor da Unei, a falta de estrutura familiar é um dos motivos para que os adolescentes acabem cumprindo pena nessas unidades. “O adolescente chega aqui em conflito com a lei, vindo de uma família desestruturada. Geralmente, a família não deu jeito e aqui tem que ser o limite dele. Tem alguns jovens que tem a mãe presa, é uma situação bem complicada”.

Todas as instalações da unidade foram inspecionadas, como a área de atendimento médico e odontológico. As Unei's de Ponta Porã e Dourados deverão ser fiscalizadas em setembro deste ano. A unidade de Ponta Porã é tida como modelo, já que cumpre as determinações do Sinase (Sistema Nacional de Atendimento Sócioeducativo).

As visitas de hoje encerram a etapa de fiscalização do programa "Justiça ao Jovem" do CNJ. O programa foi criado em 2010 e, desde então, fiscalizou todas as unidades dos 27 estados do país.

As outras três unidades que abrigam os adolescentes infratores também foram fiscalizadas.

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