Velório de motorista que caiu em precipício é marcado por dor e silêncio
Familiares e amigos se despedem com profunda comoção enquanto a tragédia deixa cinco filhos e a esposa em luto

O velório do motorista de aplicativo de 31 anos que caiu no precipício do Inferninho, saída para Rochedo, em Campo Grande, no fim da manhã desta quarta-feira (17), está marcado pela dor e pela ausência de palavras. O ambiente na capela do Cemitério Park Monte das Oliveiras, onde seu corpo está sendo velado, é de silêncio profundo, interrompido apenas pelos soluços dos familiares. A cerimônia teve início às 9h, e o sepultamento está marcado para as 16h30.
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Entre os presentes, um dos momentos mais comoventes foi a presença do filho de 10 anos do homem. Sentado ao lado do corpo, o menino chorava incontrolavelmente, sendo amparado pela mãe, que também se desfez em lágrimas. Em determinado momento, a mãe precisou retirar o filho, que não conseguia se controlar, da capela. A irmã mais velha da vítima, que também estava no local, não conseguia conter a emoção.
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A tragédia, que arrancou a vida de um pai de cinco filhos, com idades de 15, 10, 7, 4 e 2 anos, deixou uma família devastada. A esposa da vítima, mãe das crianças, também estava presente, tentando lidar com a dor insuportável da perda.
Ao ser questionada sobre o que havia levado o irmão a tomar essa decisão trágica, a irmã explicou que ele estava em tratamento no CAPS (Centro de Atenção Psicossocial) para depressão.
“A gente sempre achava que era uma fase, que ia passar. Mas ele estava convicto", disse ela, em meio ao choro. "Ele estava se tratando, mas parecia que já estava muito abalado. Ele não queria mais continuar”.
O homem, que era o caçula entre seus irmãos, havia enfrentado várias dificuldades nos últimos meses, incluindo dívidas. Segundo a irmã, ele não falava muito sobre seus problemas, mas a situação financeira pesava constantemente em sua mente. “Ele falava que as dívidas estavam apertando, mas ele sempre dizia que queria paz. Nunca quis falar abertamente sobre o que sentia”, contou.

Além dos problemas financeiros, a vítima também enfrentava questões pessoais, como o uso de bebidas alcoólicas e drogas, que ele relatava como uma forma de se manter acordado durante a noite para trabalhar. “Ele tentava se manter em pé, mas estava afundando", afirmou a cunhada, emocionada. “Ele começou a se tratar, mas parece que foi tarde demais”.
A tragédia começou por volta das 5h da manhã de ontem, quando ele enviou uma mensagem à família dizendo que iria ao Inferninho, uma área na saída para Rochedo, em Campo Grande, e informando onde havia deixado as chaves de casa.
Quando a polícia chegou ao local, a situação já estava difícil. Ele estava visivelmente abalado, com uma garrafa de cachaça em mãos, e, segundo relatos dos policiais, estava em estado de grande angústia. Apesar de uma hora e meia de negociações para tentar convencê-lo a desistir, o homem acabou caindo do precipício por volta das 11h40. A operação de resgate envolveu cerca de cinco viaturas do Corpo de Bombeiros, que usaram um munck para retirar o corpo do local.
"Ele era a alegria do fim de ano", relembra a irmã do homem. "Sempre estava animando as festas, era um homem engraçado e humano. Ele amava jogar futebol, era um ótimo amigo e sempre se esforçava para dar o melhor para sua família”.

Entenda o caso - As informações levantadas no local indicam que o motorista de aplicativo havia enviado mensagens à família por volta das 5h, avisando que iria até o Inferninho e informando onde havia deixado a chave de casa.
Morador do Jardim Vida Nova, ele enfrentava dificuldades financeiras, entre elas uma dívida de cerca de R$ 3 mil referente ao aluguel do carro que utilizava para trabalhar. O proprietário do veículo, segundo familiares, havia dito que poderia esperar e que ele ficasse tranquilo.
Durante as negociações, o homem mencionou outras dívidas, inclusive com agiotas, e relatou uso de drogas. Também consumia bebida alcoólica desde cedo e estava com uma garrafa de cachaça em mãos enquanto conversava com as equipes.
O homem quis que a irmã se aproximasse da borda para conversar. A avaliação foi de risco, e o pedido não foi atendido. Os familiares, que haviam chegado no início, foram afastados quando a equipe especializada assumiu.
Procure ajuda – Em Campo Grande, o GAV (Grupo Amor Vida) presta apoio emocional gratuito a pessoas em crise pelo número 0800 750 5554. Também é possível buscar atendimento no Núcleo de Saúde Mental ou no CAPS (Centro de Atenção Psicossocial), ou pelos telefones 141 e 188 do CVV (Centro de Valorização da Vida). Em situações emergenciais, os números 190 da PM (Polícia Militar) e 193 do Corpo de Bombeiros podem ser acionados.
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