Com Maria da Penha, Conferência da Mulher Advogada reúne 3 mil pessoas
Ativista cuja luta resultou na lei de proteção às mulheres vítimas de violência doméstica participou da primeira conferência da OAB/MS para mulheres advogadas

Cerca de três mil pessoas lotaram o Diamond Hall na noite desta quinta-feira (17) para a abertura da 1ª Conferência da Mulher Advogada. O evento, organizado pela OAB/MS (Ordem dos Advogados do Brasil/Seccional de Mato Grosso do Sul) contou com a presença da ativista e farmacêutica Maria da Penha, cuja luta resultou em uma lei sancionada em 2006 que serve como marco para a proteção de mulheres vítimas de violência doméstica.
“A OAB de Mato Grosso do Sul sente-se honrada com sua participação nesse encontro da Ordem. E por uma razão muito singela: sua presença representa uma energia positiva que nos faz ter esperança de transformação, de mudança de visão sobre verdades que muitos insistem em negar, mas que estão aí, gritando perante nossos olhos e que só prevalecerão se unirmos nossas forças”, afirmou o presidente da OAB/MS, Mansour Elias Karmouche, ao destacar que sua gestão na entidade conta com o aconselhamento e suporte de várias mulheres.
Conselheira estadual e membro da Comissão Nacional da Mulher Advogada, Eclair Nantes lembrou, em discurso, da baixa representatividade feminina em diferentes esferas do poder. Contudo, frisou que já há conquistas a serem contabilizadas.
“Estamos na esfera nacional através da Comissão Nacional da Mulher Advogada e com o apoio dos nossos Conselheiros Federais conseguimos garantias especiais para a advogada gestante, lactante e adotante. Na esfera estadual implantamos o Programa da Mulher Advogada, realizando convênios e levando inúmeras palestras, rodas de conversa e capacitações. E fomos além, essa bancada feminina de Mato Grosso do Sul, com apenas cinco mulheres, conseguiu a primeira negativa de inscrição a bacharel no quadro da Ordem em decorrência de violência doméstica e abriu precedentes para as demais 26 Seccionais. Se em poucas conquistamos tanto, em muitas faremos muito mais”, disse ela.
Eclair ainda destacou que as mulheres não buscam cotas na sociedade, e sim equidade, “sem precisar de qualquer medida dessa natureza”.
Autoridades – Presente ao evento, o governador Reinaldo Azambuja (PSDB) destacou a importância de Maria da Penha. “Ela tem um marco, uma história de luta em defesa das mulheres brasileiras. Uma das leis mais importantes do mundo leva o nome da Maria da Penha”, afirmou, ao propor ainda o aprofundamento de debates acerca das políticas públicas para mulheres vítimas de violência poderem efetuar denúncias, “como nós temos feito aqui no Estado”.
O prefeito Marquinhos Trad (PSD), por sua vez, destacou a escolha de Maria da Penha para o evento. Segundo ele, a OAB “não teria sido mais feliz do que a escolha do nome daquela que fez com que muitas mulheres ecoassem suas vozes, saíssem do anonimato, que tivessem coragem e ousadia de buscar a igualdade entre gêneros”.
Marquinhos e Reinaldo foram homenageados no evento pelas ações adotadas no combate à violência contra a mulher.
Maria da Penha, por sua vez, contou aos presentes sobre a história de sua vida, que deu início à sua luta contra a violência contra a mulher. Vítima de agressões do ex-marido, que em duas ocasiões tentou matá-la, ela ficou paraplégica. Sua luta deu origem à lei que leva seu nome, em 2006.
Durante o evento, ela ainda divulgou as ações do Instituto Maria da Penha, uma ONG sem fins lucrativos que desenvolve trabalhos de apoio à mulher, em especial as vítimas de violência.