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Interior

"A família nunca vai perdoar, é um monstro", diz prima de jovem morta pelo irmão

Angel Luama estava grávida de cinco meses e foi atingida por tiro na cabeça; irmão confessou crime e foi preso

Dayene Paz | 26/05/2022 10:39
Angel Luama em uma foto postada no Facebook. Ela estava grávida de cinco meses quando foi morta. (Foto: Facebook)
Angel Luama em uma foto postada no Facebook. Ela estava grávida de cinco meses quando foi morta. (Foto: Facebook)

Ainda em choque, a família de Angel Luama Pinto Silveira, de 28 anos, busca respostas para o crime brutal ocorrido na madrugada de segunda-feira (23), em Caarapó, a 283 quilômetros de Campo Grande. Grávida de cinco meses, Angel completaria 29 anos nesta quarta-feira, 25 de maio, e foi assassinada com tiro na cabeça pelo próprio irmão, Alisson Luan Pinto Silveira, 27 anos. Ele confessou o crime e foi preso.

"Ela foi morar em Caarapó para proteger o irmão, porque dava a vida dela por esse irmão. A a gente não acredita até agora, parece que é mentira", desabafou uma familiar de Angel, que será chamada de "Claudete (*)" pela reportagem, pois pediu para não ter o nome divulgado, por medo.

Claudete acompanhou boa parte da luta de Angel para criar os dois filhos pequenos. "Era uma pessoa que ajudava todo mundo, passava apuros, mas nunca abandonou nenhum filho. Ela sempre lutou sozinha, trabalhadeira, não tinha rixa nenhuma."

Antes de ir para Caarapó, Angel morava em Amambai e trabalhava como doméstica. "O irmão dela veio com a namorada dele, fez a cabeça dela e acabou voltando para Caarapó. O Luan falou: 'Vem morar aqui para cuidar da mãe', e ela foi", revelou. Na época, a mãe de Angel passava por problemas com uso de drogas e, atualmente, está internada em uma clínica.

Claudete conta que Luan já tinha ficha criminal, mas Angel tinha esperanças que ele melhorasse e sempre o protegia. "Ela queria voltar para Amambai, três dias antes, tinha comentado sobre isso. O Luan bebia muito, usava droga. Mas ela continuou morando com esse assassino que destruiu a vida dela."

Dois dias antes do crime, no sábado (21), Angel Luama visitou a mãe na clínica. "Lembro que ela falou para a mãe dela 'seja forte, não desiste nunca mãe', parece que estava prevendo alguma coisa", desabafou a familiar.

No dia dos fatos, Claudete conta que Luan passou o dia bebendo e usando drogas no bar. "Ele estava brigando com um cara e ela foi chamar ele no bar para ir embora. Pegou a bala do revólver dele, escondeu e ele pediu de volta, mas ela não deu. Então, no banheiro, tinha um cara e o Luan perguntou se ele tinha uma bala, falou: 'Me dá essa bala que hoje eu vou matar minha irmã', catou e quando estava indo embora, deu um tiro nela", revela.

Inicialmente, a versão apresentada era de que um desconhecido teria disparado contra Angel. Como Luan fugiu, não chegou a ser preso e foi no velório da irmã no dia seguinte. "Chegou, deitou em cima do caixão por uns dez minutos, não falou com ninguém e foi embora para Caarapó", lembra a familiar.

Claudete também recorda do sofrimento da mãe de Angel ao ver os dois caixões, da filha e do neto, lacrados. "Ela falava: 'Jamais vou perdoar o Luan, nunca vou perdoar o Luan, ele não é mais meu filho'. A mãe dela vai ter que ser forte, perdeu a filha, o netinho, não está sendo fácil não", lamenta.

A tristeza, acompanhada pela buscas de respostas toma conta da família. "A família nunca vai perdoar ele, nunca. Para a gente, ele é um monstro agora. Ela dava a vida por ele e não reconheceu, sabendo que tinha duas crianças pequenas e ainda tirou um inocente que estava na barriga. A Angel fazia de tudo por esse irmão, para ele fazer uma covardia dessa, deu um tiro na testa dela. O que ele fez não tem perdão."

Prisão e morte de irmã – Luan foi preso na tarde desta quarta-feira (25), após confessar o assassinato de Angel Luama, ocorrido na madrugada de segunda-feira (23). A jovem estava grávida de cinco meses. Inicialmente, afirmou que um desconhecido atirou contra a irmã. Em uma segunda versão, confessou, alegando ter disparado "sem querer", acreditando que a arma não estava municiada.

No entanto, apuração da Polícia Civil aponta que vítima e o autor estavam em um estabelecimento comercial ingerindo bebidas alcoólicas momentos antes. Quando retornavam para casa, por volta de 00h de segunda-feira, os irmãos discutiram e Luan sacou um revólver que portava na cintura. Ele disparou contra a cabeça de Angel, que estava grávida de cinco meses.

A arma usada no crime, um revólver calibre .38, foi apreendida e de acordo com a polícia, estava municiada com apenas uma cápsula deflagrada.

Alisson tinha ficha criminal - Alisson Luan acumula diversas passagens pela polícia. Em 2012, ainda adolescente, matou um homem para vingar a morte do pai, em Amambai, município onde morava à época dos fatos.

Ainda constam outras passagens de quando ele era menor de idade. Já na maioridade, há processo de ameaça e porte ilegal de arma de fogo (2018) - ocasião em que ele disparou contra a casa de um desafeto por vingança - e também, conforme denúncia do Ministério Público, tentou matar outro homem a facadas após discussão no mesmo ano.

(*) Claudete é um nome fictício colocado pela reportagem para não identificar o entrevistado, a pedido do mesmo, por medo de represálias.

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