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Interior

Defensoria cria serviço para denúncia de abuso contra crianças em aldeias

Disque denúncia foi motivado pelos recentes casos de violência nas áreas indígenas de MS

Helio de Freitas, de Dourados | 20/09/2021 11:21
Local onde menina de 11 anos foi estuprada por 5 e jogada de paredão de pedra. (Foto: Adilson Domingos)
Local onde menina de 11 anos foi estuprada por 5 e jogada de paredão de pedra. (Foto: Adilson Domingos)

Motivado pelos recentes casos de violência sexual contra crianças e adolescentes em aldeias indígenas, serviço de disque denúncia sobre esses crimes será ativado quinta-feira (23), em Mato Grosso do Sul. O serviço foi viabilizado pelo Núcleo Institucional de Promoção e Defesa dos Povos Indígenas e da Igualdade Racial e Étnica, da Defensoria Pública de MS.

O lançamento será em Dourados, cidade a 233 km de Campo Grande, onde ocorreu até agora, o crime mais brutal deste ano envolvendo criança indígena em Mato Grosso do Sul.

No dia 8 de agosto deste ano, três adolescentes e dois adultos, entre eles, o tio da vítima, embriagaram uma menina de 11 anos e estupraram seguidas vezes. O crime ocorreu na Aldeia Bororó, que junto com a Jaguapiru, formam a Reserva Indígena de Dourados.

Depois de recobrar a consciência e ameaçar denunciar os estupradores, a criança foi jogada do alto de um paredão de pedra de 20 metros e morreu ao se chocar com as rochas.

O tio, Elinho Arévalo, 34, confessou o crime e disse que estuprava a sobrinha desde que ela tinha seis anos. Na mesma semana, ele foi encontrado morto na cela em que estava com outro envolvido no estupro e morte da menina. A polícia tratou o caso como suicídio.

“Esse tipo de violência, praticada contra meninas e meninos, infelizmente, é recorrente nas aldeias e muitas pessoas, em especial, as mães, permanecem no silêncio, com medo de denunciarem, por se sentirem ameaçadas. Esperamos que com o disque denúncia, os casos cheguem à Justiça, pois a identidade do denunciante será preservada”, afirmou a coordenadora do Núcleo de Defesa dos Povos Indígenas, a defensora pública Neyla Ferreira Mendes.

Segundo a coordenadora idealizadora da campanha, para que o novo serviço atinja amplamente as comunidades indígenas, a Defensoria Pública traduziu todos os materiais de divulgação do disque denúncia para as línguas Guarani e Terena.

“Após o projeto das Van dos Direitos nas Aldeias, que estamos realizando desde julho deste ano, essa é mais uma iniciativa direcionada aos povos indígenas. Como Estado que possui a segunda maior população indígena do Brasil, temos a missão de promover o acesso e a garantia dos direitos dessas crianças e adolescentes”, afirmou a defensora pública-geral, Patrícia Elias Cozzolino de Oliveira.

O disque denúncia vai funcionar através do número de WhatsApp (67) 99263-6212. O denunciante precisa informar o nome da criança ou adolescente que está sofrendo abuso, a localidade e o nome da pessoa suspeita de cometer o crime. O lançamento será no Cras Indígena da Aldeia Bororó, às 9h de quinta-feira.

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