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Interior

Hotel foi usado por "olheiros" para vigiar e furtar banco

Garras prendeu dois homens, especialistas em desarmar alarmes, e procura por outros 3 já identificados

Dayene Paz | 07/04/2022 07:43
Agência do Bradesco, no Centro de Campo Grande, invadida por bandidos no domingo. (Foto: Paulo Francis)
Agência do Bradesco, no Centro de Campo Grande, invadida por bandidos no domingo. (Foto: Paulo Francis)

Foram dois roubos de sucesso e "lucro" de mais de R$ 1 milhão até a polícia chegar aos criminosos que invadiram a agência do Banco Bradesco, localizada na Rua Marechal Cândido Mariano Rondon, em Campo Grande, no último fim de semana. Um hotel foi o ponto utilizado pelo bando como estratégia para monitorar a movimentação. São apontados cinco homens envolvidos no crime, sendo dois presos até agora: Edemilson Custódio, de 32 anos, e Everton da Silva Souza, 35.

Foram, em Mato Grosso do Sul, três ações frustradas em agências até o grupo conseguir efetivar dois roubos e sem despertar desconfiança ou os alarmes. Em uma agência da Caixa Econômica Federal de Aquidauana, cidade a 141 quilômetros da Capital, foram levados mais de R$ 700 mil e na última ação dos criminosos, no Bradesco, R$ 450 mil.

Para a polícia, Edemilson afirmou que pretende colaborar com a investigação e contou detalhes do crime. Em sua versão, disse que trabalhava com manutenção em sistemas de segurança há mais de cinco anos, especificamente em residências. No entanto, recebeu convite da empresa para atuar em agências bancárias de São Paulo, cidade onde ele morou por determinado período.

Edemilson relatou que ao sair da agência bancária em um dia de serviço, em São Paulo, foi abordado por um homem, identificado por ele como "Elizeu", que já chegou pedindo informações privilegiadas de dentro da agência. Elizeu afirmou que sabia cortar cofre central utilizando serra e tinha contato com comparsas que o ajudariam.

Edemilson repassou e foi informado que, caso a quadrilha de Elizeu tivesse êxito no roubo, ganharia uma parte, fato que "chamou atenção". Com as informações privilegiadas repassadas por Edemilson, a quadrilha em São Paulo tentou furtar algumas agências, mas sem sucesso por causa do disparo dos alarmes.

Passado um tempo, o homem retornou para Campo Grande, sendo que manteve contato com Elizeu. Nesse período, conheceu os amigos dele, "Clóvis" e "Douglas". Já na capital de Mato Grosso do Sul, encontrou com Everton da Silva, um amigo de longa data, que também trabalha no ramo de manutenção de sistemas de segurança.

Para Everton, Edemilson contou sobre as informações que repassou ao bando de São Paulo e o convidou para fazer um "levantamento" das agências que atuava em MS. Edemilson e Everton então passaram a participar dos roubos, inicialmente como informantes. No entanto, para aumentar a cota na divisão de valores, passaram a atuar ativamente desligando os alarmes e passando informações estratégicas da sala forte. Eles faziam filmagens e fotos de onde o cofre central ficava, também do posicionamento dos alarmes.

Foram três ações frustradas, segundo listou Edemilson ao Garras (Delegacia Especializada de Repressão a Roubos a Bancos, Assaltos e Sequestros): na Caixa Econômica de Maracaju, Bradesco de Jardim e Água Clara. Duas tiveram sucesso, a primeira, na agência da Caixa de Aquidauana, na qual a divisão foi de R$ 190 mil para cada um.

Última ação – No furto da agência do Bradesco no último fim de semana, em Campo Grande, o grupo também montou estratégia e conseguiu sucesso. A agência já havia sido escolhida pelo bando, pois Everton e Edemilson conheciam a sala forte, montando um tipo de "mapa" para chegar até o cofre central.

Elizeu havia saído da cadeia há dois meses, depois de ser preso por arrombar uma joalheria no Rio Grande do Sul. Ele seguiu para a Capital, onde ficou em um hotel e fez contato com os comparsas, Clóvis e Douglas. Todos ficaram hospedados em hotéis até a data do roubo.

No dia 3 de abril, sábado passado, eles iniciaram a ação, mas conseguiram acessar a agência apenas na madrugada de domingo (4). Edemilson, Clóvis e Douglas entraram no banco, enquanto Everton e Elizeu permaneceram de olheiros em um quarto de hotel, na frente da agência.

A ação durou aproximadamente três horas, sendo que conseguiram levar R$ 450 mil. Na casa de Everton, o valor foi dividido, sendo que Edemilson ficou com a quantia de R$ 90 mil. Douglas, Clóvis e Elizeu foram embora no mesmo dia.

Edemilson disse que ficou sabendo da prisão de Everton e que pretendia se apresentar.

Everton - Preso na segunda-feira (4) pelo Garras, Everton confessou, em interrogatório, ter participado ativamente de furto. “Caí em tentação”, disse para a polícia. A mesma versão de Edemilson é apresentada por Everton.

Investigação - Quem percebeu que havia algo errado no Bradesco da Rua Marechal Cândido Mariano Rondon foi um pintor contratado para ir ao local no domingo. Ele avisou o gerente que a janela de um dos banheiros da agência, com vista para um estacionamento, estava arrombada.

Consta no relatório elaborado pelo Garras que o bando invadiu a agência quebrando “cirurgicamente” parede do banheiro, que dá acesso a parte de traz do cofre, evitando assim que o alarme tocasse. O local também é ponto cego no sistema de videomonitoramento.

Bandidos quebraram parede de banheiro para ter acesso ao cofre. (Foto: Reprodução)
Bandidos quebraram parede de banheiro para ter acesso ao cofre. (Foto: Reprodução)

Assim que começaram as investigações, policiais foram atrás das imagens das câmeras de outros comércios da região. Descobriram que o grupo usou um Chevrolet Prisma e um Fiat Palio na ação. A apuração chegou até Everton, porque a polícia conseguiu a listagem dos funcionários da empresa que havia trabalhado na manutenção do banco dias antes e ele já era suspeito de ter participado de furto à agência de Aquidauana.

Quando equipe foi até a casa de Everton, encontrou o Prisma na garagem. Ele continuou sendo monitorado até ser preso em Aparecido do Taboado, na segunda-feira passada, para onde havia viajado a trabalho.

A polícia identificou os outros três envolvidos como Clóvis Borgmann, Elizeu Gomes da Rocha e Douglas Ferreira de Camargo. Eles são procurados.

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