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Interior

Polícia investiga se homem acusado de assediar garotos atacou em escola

Helio de Freitas, de Dourados | 23/10/2014 11:19
A delegada Marina Lemos diz que servidor acusado de pedofilia não fazia diferença de idade (Foto: Eliel Oliveira)
A delegada Marina Lemos diz que servidor acusado de pedofilia não fazia diferença de idade (Foto: Eliel Oliveira)

O servidor público Jeferson Porto da Silva, 33, preso há quatro dias acusado de aliciar pelo menos 200 adolescentes em Dourados, a 233 km de Campo Grande, é suspeito também de ter cometido crimes de pedofilia e favorecimento à prostituição no período em que trabalhou como professor de geografia em uma escola pública da cidade. Até agora, 21 vítimas do servidor, que é homossexual e portador do vírus HIV, já procuraram a polícia para prestar depoimento. Com a descoberta de que ele pode ter atacado numa escola, o número de vítimas deve aumentar.

A delegada Marina Lemos, responsável pelas investigações, informou nesta quinta-feira ao Campo Grande News que um rapaz, hoje com 20 anos de idade, procurou a delegacia ontem para contar que foi assediado por Jeferson há oito anos, quando tinha 12 anos de idade. Atualmente Jeferson é funcionário administrativo concursado na Prefeitura de Dourados e a polícia acredita que ele tenha trabalhado como professor contratado.

O jovem disse que era aluno de Jeferson em uma escola pública da periferia. Através do comunicador virtual Messenger, Jeferson teria tentado convencer o aluno a fazer sexo com ele em troca de dinheiro. A mãe do garoto descobriu e chegou a denunciar o caso à direção da escola, que afastou o professor. “Agora vamos ouvir a diretora dessa escola, para tentar descobrir se o Jeferson fez mais vítimas quando trabalhava como professor”, afirmou a delegada.

Marina informou que vai ouvir também o depoimento da mãe de Jeferson, que mora com ele numa casa localizada no Jardim Água Boa, para onde o servidor atraía a maioria dos adolescentes e oferecia dinheiro para fazerem sexo com ele. O servidor contou à polícia que os encontros ocorriam na lavanderia, nos fundos da casa, sempre em horários quando a mãe já estava dormindo.

Jeferson também será interrogado pela segunda vez. “Vamos ouvi-lo sobre o estupro de vulnerável, pois já temos o caso de um menino que foi assediado e manteve relações com ele quando tinha 12 anos de idade, e sobre o perfil que ele mantinha no Facebook com nome de mulher”, explicou a delegada. Jeferson permanece recolhido em uma cela do 1º Distrito Policial, mas amanhã deve ser levado para a Penitenciária de Segurança Máxima Harry Amorin Costa.

Com prisão preventiva decretada pelo juiz César de Souza Lima após dois meses de investigação da Polícia Civil, o servidor é acusado de favorecimento à prostituição, pedofilia prevista no ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente), crime de perigo de contágio de moléstia grave, falsificação de documento, por apresentar um exame falso para atestar que não tinha doença sexualmente transmissível. Agora será indiciado também por estupro de vulnerável.

A delegada Marina Lemos ainda espera ouvir o depoimento do outro menino que teria sido abusado por Jeferson junto com o garoto de 12 anos. Ele contou que foi ao encontro com um amigo, também com 12 anos na época (início de 2013), e os dois teriam feito sexo com o acusado. Segundo a policial, Jeferson não fazia diferença de idade.

Jeferson fez contato com o garoto através do Facebook dizendo que ia apresentar umas amigas, mas antes o garoto tinha que sair com ele. “Interessados nas meninas, os garotos toparam sair com ele. Na época a mãe do menino que nos procurou viu as mensagens no Face, tentou fazer uma denúncia anônima, conversou com o filho e acabou desistindo. Agora ela nos procurou e confirmou a história toda”, contou a delegada.

Até agora dois garotos já fizeram exame de sangue voluntariamente e o resultado deu negativo para o teste de HIV. Jeferson confessou que mantinha relações sexuais com a maioria dos adolescentes sem que eles usassem camisinha. Segundo ele, os próprios garotos não faziam questão de usar e apenas alguns pediam para ver o exame que ele tinha falsificado.

Todos que já foram ouvidos confirmam terem recebido dinheiro de Jeferson, que pagava de R$ 30 a R$ 50 a cada encontro. A polícia suspeita que ele tenha aliciado mais de 200 meninos nos últimos três anos. O servidor estava sendo investigado desde o início de agosto, depois que a mãe de um adolescente encontrou conversas do menor com o acusado numa rede social e procurou a polícia.

Homossexual assumido, Jeferson também mantinha relações com homens adultos e alguns casados. Ele tinha dois perfis no Facebook, um se passando por “Jéssika Alessandra”, que ele usava para atrair os adolescentes, e outro com seu nome verdadeiro, através do qual ele se comunicava com homens adultos.

A advogada do servidor, Sebastiana Roque Ribeiro informou que seu cliente está em tratamento médico ambulatorial por ter, segundo ela, sofrido abuso sexual na infância “e desde então se submete a rigoroso tratamento clínico-psicológico”.

Jeferson Porto da Silva continua preso no 1º Distrito Policial, mas amanhã vai para presídio de segurança máxima (Foto: Eliel Oliveira)
Jeferson Porto da Silva continua preso no 1º Distrito Policial, mas amanhã vai para presídio de segurança máxima (Foto: Eliel Oliveira)
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