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Interior

Relato é de armamento pesado e Estado espera por Força Nacional

Indígenas relatam uso de armas de grosso calibre, caminhonete e trator blindado por seguranças envolvidos em ação com 5 feridos

Tainá Jara | 10/01/2020 17:49
Comissão com representantes de mais de 30 entidades foi recebida por indígenas em área de confronto em Dourados (Foto: Divulgação/Cimi)
Comissão com representantes de mais de 30 entidades foi recebida por indígenas em área de confronto em Dourados (Foto: Divulgação/Cimi)

Enquanto situação de tensão é descrita por indígenas em área de confronto com cinco feridos, na região de Dourados, distante 235 quilômetros de Campo Grande, tramita desde terça-feira, no Ministério da Justiça, pedido do governo do Estado para encaminhar equipes da Força Nacional para região. De acordo com a Sejusp (Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública), a solicitação ainda não foi respondida.

A demora pode resultar em novos conflitos considerando as constatações descritas em relatório produzido pela DPU (Defensoria Pública da União), em conjunto com diversas entidades. O cenário ainda é hostil, visto que os seguranças de sitiantes, envolvidos no tiroteio ocorrido na última sexta-feira, estão a poucos metros de onde estão os indígenas.

Em área de ocupação denominada Ñu Verá, localizado próxima as aldeias Jaguapiru e Bororó, os guarani-kaiowá relatam ataques à comunidade durante o ano de 2019, até que na manhã de 3 de janeiro houve confronto onde três índios e um segurança foram feridos. Além disto, criança de 12 anos perdeu os dedos com a explosão acidental de uma granada, idêntica as utilizadas pela Polícia Militar, encontrada na região do conflito fundiário.

“Os indígenas afirmaram que a empresa privada de segurança utiliza armas de grosso calibre, caminhonete e um trator blindado (modificado com placas de aço) para atemorizar e destruir as moradias construídas na área”, descrevem as defensoras federais, Daniele de Souza Osório e Andressa Santana Arce.

Produzido por mais de 15 entidades, o documento pede ao governo do Estado que acione a Força Nacional para agir na região para coibir ataques violentos e a utilização de armas de fogo por agente privados contra à comunidade indígena. O confronto é investigado pela Polícia Federal.

O secretário adjunto da Sejusp, coronel Ary Carlos Barbosa, afirma que a solicitação foi encaminhada ao Ministério da Justiça na última terça-feira, porém, ainda não houve resposta. Segundo ele, a situação na região está pacificada, mas equipes policiais monitoram o local. 

DOF foi recebida a tiros em área de confronto na última sexta-feira (Foto: Divulgação)
DOF foi recebida a tiros em área de confronto na última sexta-feira (Foto: Divulgação)

Caso Gaspem – O confronto entre indígenas e funcionários de empresas privadas de segurança, contratadas por fazendeiros, não é novidade em Mato Grosso do Sul.

Em 2018, a Justiça Federal determinou a dissolução da Gaspem Segurança Ltda., com sede em Dourados. A empresa foi acusada pelo MPF (Ministério Público Federal) de ser uma milícia armada a serviço de fazendeiros para ataque contra índios que lutam pela demarcação de terras no Estado.

Além do processo relativo ao fechamento da empresa, a Gaspem enfrenta denúncias por atos violentos em despejos forçados, entre as quais a ação penal sobre a morte do indígena Dorvalino Rocha, ocorrida me Antônio João, em dezembro de 2015. Contratado pela empresa como auxiliar de escritório, João Carlos Gimenez Britez confessou ter sido o autor dos disparos que mataram o indígena.

Também é atribuído a funcionários da Gaspem o ataque a índios ocorrido em 18 de novembro de 2011, em Aral Moreira. O cacique Nízio Gomes teria sido morto nesse ataque, mas o corpo nunca foi encontrado.

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