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Cidades

Sob investigação, empresa de bitcoins tem nova suspeita de pirâmide

Centro de Treinamento em Campo Grande teve placas de propaganda retiradas

Aline dos Santos | 31/01/2018 15:24
Sede da MinerWorld em Campo Grande, empresa agora é alvo de denúncia sobre pirâmide financeira apresentada pela CVM. (Fotos: Aline dos Santos)
Sede da MinerWorld em Campo Grande, empresa agora é alvo de denúncia sobre pirâmide financeira apresentada pela CVM. (Fotos: Aline dos Santos)

Empresa de mineração da moeda virtual bitcoin, a MinerWorld é alvo de nova suspeita de pirâmide. Investigada pela PF (Polícia Federal), conforme divulgado pelo Campo Grande News no mês passado, ela foi alvo agora da CVM (Comissão de Valores Mobiliários), que informou ao Ministério Público de Mato Grosso do Sul ver indícios dessa modalidade de crime contra a economia popular.

De acordo com o jornal Valor Econômico, a CVM chegou a esta conclusão com base em fatores como exigências de pagamento inicial e promessas de retorno de pagamento financeiro considerado extraordinário, de até 100% ao ano, e de maiores ganhos com a indicação de novos afiliados.

Com sede na Ciudad Del Este (Paraguai), a empresa tem unidade em Campo Grande e ganhou holofotes após o casamento de um investidor “black diamante”, com direito a show de Bruno e Marrone e que foi orçado em R$ 750 mil. O Centro de Treinamento, localizado na rua 14 de Julho, estava fechado nesta quarta-feira (31) e sem a propaganda com o nome da empresa na fachada.

A PF informou que não divulga informações para não comprometer o trabalho. O MPF também atua sob sigilo. A reportagem fez contato com o MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul) e aguarda retorno.

Nas redes sociais, a página da empresa comporta tanto relatos de experiências exitosas quanto reclamações sobre dificuldades para acessar os escritórios virtuais.

Fachada da MinerWorld teve propaganda retirada, conforme a empresa, para adequação da identidade visual.
Fachada da MinerWorld teve propaganda retirada, conforme a empresa, para adequação da identidade visual.

Sem notificação – Procurada pela reportagem, a MinerWorld disse não ter sido notificada sobre qualquer investigação em andamento, “seja da CVM ou qualquer outro órgão”, mas se colocou à disposição para prestar informações sobre suas atividades.

Reforçando atuar nas áreas de mineração e negociação de bitcoins e outras moedas digitais e em novas tecnologias, a empresa reforçou que a CVM atua na regulação de organizações brasileiras, enquanto a MinerWorld é sediada no Paraguai “e possui bases independentes no mundo todo”.

Sobre a unidade em Campo Grande, a assessoria da MinerWorld informou se tratar de um “Centro de Treinamento e Alta Performance independente”, que é aberto “sob demanda”. Lá, são ministradas palestras e usadas pelos afiliados para apresentação de negócios. A fachada teria sido retirada para “readequação da comunicação visual”.

Estrela – Não a única, mas a mais popular entre as criptomoedas, aceita de salão de beleza à pizzaria na Capital, o bitcoin chegou ao auge em dezembro de 2017. Contudo, a cotação cai a cada movimento dos governos pelo mundo para sua regulamentação.

Economista da Agricon Consultoria, Hudson Garcia da Silva traça a evolução histórica da moeda virtual. Em 2016, um bitcoin era negociado a 900 dólares. Em dezembro do ano passado, veio o auge, com cotação a 19.382 dólares.

“Os órgão federais ficaram de olho. A Coreia do Sul passou a pensar em regras para normatizar esse mercado. O nosso governo federal começou a estudar regras para regulamentar. E o preço despencou. Com a regulamentação, pode-se criar regras rígidas e complexas, o que acaba sendo não tão vantajoso”, afirma Hudson, sobre o movimento de queda da cotação do bitcoin.

Site da MinerWorld divulga, no alto, cotação atual do bitcoin. (Imagem: Reprodução)
Site da MinerWorld divulga, no alto, cotação atual do bitcoin. (Imagem: Reprodução)

Em 27 de dezembro do ano passado, por exemplo, um bitcoin valia R$ 56.700. Hoje, está na casa dos R$ 32 mil. Neste cenário, vale o velho conceito de que quanto maior a oferta do produto, o preço tende a cair. De acordo com o economista, no comparativo entre dezembro do ano passado e a semana passada, o valor do bitcoin teve perda de 45%.

Mas, ao contrário das moedas tradicionais como o Real e o Dólar, o dinheiro virtual não tem um banco emissor ou regulamentação de órgão federal. “É um mercado à margem. Não tem quantificado o valor de dinheiro que acaba circulando. Não tem uma origem. São códigos criados por milhares de computadores espalhados pelo País”, diz Hudson.

Para investir em criptomoeda, a pessoa troca o dinheiro real por uma promessa de pagamento. Ou seja, o investidor recebe um código criptografado e a promessa de devolução do valor com a cotação do dia.

Orientações – Diante dos rumores de bolha, os especialista cita cuidados para escapar de prejuízos. A primeira orientação é estudar a moeda virtual de interesse, com avaliação do comportamento da cotação nos últimos 12 meses.

Depois, avaliar a reputação da agência corretora para não cair “no conto do vigário”.O terceiro passo é começar com valores pequenos. “Na pior das hipóteses, se houver maxidesvalorização, você não perde tanto dinheiro”, diz o economista.

Outra dica é diversificar os fundos de investimentos, ou seja, não apostar todas as fichas numa única moeda. Por último, o investidor deve acompanhar a cotação online, que muda minuto a minuto, e estabelecer um percentual de ganho e perda.

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