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Em Pauta

As mazelas e confusões da posse da terra e de suas riquezas

Mário Sérgio Lorenzetto | 12/03/2014 07:41
As mazelas e confusões da posse da terra e de suas riquezas

Indígenas - As mazelas e confusões da posse da terra e de suas riquezas

Em Mato Grosso do Sul, o conflito emerge na óbvia e cristalina falta de terra para os indígenas. Reza a lei que a União só pode pagar aos fazendeiros pela terra nua. A lei diz que a União deve “assaltar” os fazendeiros nas suas propriedades de prédios e construções. Uma lei que determina assalto? Impossível de acreditar, mas ela existe e está em vigor.

No vizinho Mato Grosso, na fronteira com Rondônia, outra situação surreal, inacreditável, ocorre. Os índios cinta-larga têm excesso de terras – 2,7 milhões de hectares, o equivalente ao Estado do Sergipe. E não se interessam pela posse da terra. Lá, o conflito está na exploração dos diamantes. Há dez anos, 29 garimpeiros foram mortos na região que é denominada Terra Indígena Roosevelt. Mortos pelos índios em meio a desentendimento por causa do tesouro que aflora nessas terras.

As mazelas e confusões da posse da terra e de suas riquezas

Bagunça organizada e perpetuada

A mineração em terra indígena é proibida no país, mas a União não tem nenhuma condição de evitar que os diamantes continuem sendo extraídos e comercializados de maneira ilícita. São entre 2.000 e 2.500 indígenas e centenas de garimpeiros fiscalizados por 60 homens dispostos em seis bases no entorno de uma região com 2,7 milhões de hectares. Claro que a fiscalização é do tipo “não existe na prática apenas no papel”.

Quem montou tal arcabouço legal e organizacional deve ter imaginado que a União não iria explorar essa reserva de diamantes, os índios não os retirariam da terra por não terem a noção do valor e os garimpeiros são anjos dispostos a respeitar uma lei absurda. Organizaram a perpetuação da bagunça e da violência. Se a União não admite explorar a riqueza, alguém irá explorá-la – não importa a cor da pele nem a história. E todos sairão perdendo. Impossível de acreditar que existe uma riqueza e ela não será explorada.

As mazelas e confusões da posse da terra e de suas riquezas
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Venda de tratores e colheitadeiras bate recorde em 2013 e cai nos dois primeiros meses

As indústrias nunca venderam tantas máquinas agrícolas como em 2013. O mercado absorveu 65 mil tratores, 17% mais do que em 2012. As vendas de colheitadeiras tiveram um ritmo ainda mais acelerado, somando 8.545 unidades no ano, 36% mais do que as 6.286 de 2012. Nada mal para um setor que no início de 2013 tinha perspectiva de crescimento de 7% a 8%.

O bom desempenho das vendas foi favorável também para o mercado de trabalho. São 20 mil funcionários nas fábricas de tratores e colheitadeiras trabalhando a todo vapor.

A John Deere liderou a venda de colheitadeiras com participação de 36,6%. Avançou, pois em 2012 detinha 35,5% do mercado. No setor de tratores, a Massey Ferguson se manteve líder com 24,4% desse mercado, mas com a Valtra nos seus calcanhares com 21,6%.

Nos dois primeiros meses do ano as vendas murcharam. Caíram 19,4% sobre igual período de 2013. A queda, além dos problemas da macroeconomia, está vinculada aos trâmites de regulamentação das novas condições do PSI (Programa de Sustentação do Investimento) do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), a principal fonte de financiamento para o setor.

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Vai comprar medicamento? Pesquisa aponta variação de até 881,88%

O levantamento divulgado ontem foi feito pelo Procon de São Paulo e aponta, ainda, que os medicamentos genéricos estão até 56,51% mais baratos que os de referência. Entre os próprios genéricos, contudo, a variação é substancial e surpreende. O medicamento Nimesulida, 100 mg, 12 comprimidos, foi encontrado por R$ 1,60 em um estabelecimento, mas era vendido por até R$15,71 em outro. A diferença é de R$ 14,11 em valor absoluto.

Entre os medicamentos de referência – que é o remédio de marca – também há grande variação, chegando a 259,99%. Esse foi o caso do Amoxil (Amoxicilina), Glaxosmithkline, 500 mg, 21cápsulas, encontrado em um estabelecimento por R$ 14,67 e em outro, por R$ 52,81. Diferença de R$ 38,14 em valor absoluto.

Os dados referem-se a drogarias de São Paulo, mas refletem o comportamento nacional e indicam uma só atitude do consumidor frente ao problema: não dá para comprar sem fazer pesquisa.

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Cobrança de água em separado do esgoto; comissão do Senado já aprovou

Os integrantes da Comissão de Meio Ambiente, Defesa do Consumidor e Fiscalização e Controle do Senado aprovaram ontem o projeto que obriga as concessionárias a emitirem em separado a cobrança de água e esgoto. A cobrança conjunta, como ocorre atualmente, é permitida pela Lei do Saneamento Básico, que será alterada pelo projeto do senador Cyro Miranda, do PSDB de Goiás.

Agora, o projeto segue para apreciação da Comissão de Serviços de Infraestrutura, onde será votado em decisão terminativa. Para o senador, a cobrança, na forma como ocorre hoje, provoca distorções e permite que algumas concessionárias cobrem por serviço que nem sempre é prestado. A prática configura desrespeito ao consumidor.

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A mente preguiçosa e a necessidade de desafios

Na história do marketing há um conto clássico centrado no caso da mistura para bolo. Durante os anos 1950 havia diferenças de opinião do quão “instantâneo” os bolos de caixinha deveriam ser. A questão era se a fábrica deveria acrescentar ovos na caixa ou não. A primeira mistura para bolo, inventada na década de 1930, apenas demandava água e alguns defendiam que esta era a melhor forma.

Havia quem pensasse que os “confeiteiros” gostariam de fazer mais. Este debate pode até ser datado, mas sua questão central permanece: quão difícil queremos que nossas tecnologias sejam? Esta é uma questão enfrentada pelos designers de qualquer instrumento, de tablets a itens para a cozinha. A lógica dominante é a de que tudo fique mais fácil. Inovadores como Steve Jobs são celebrados por terem desenvolvido tecnologias acessíveis a todos. É difícil contra argumentar com a facilidade, mas a disputa entre água e ovo no bolo continua, pois há algo mais profundo na questão. A escolha entre tecnologias acessíveis e trabalhosas pode ser crucial para aquilo que chamamos de evolução tecnológica.

Nós somos autoevolutivos e, nos tornamos o que somos pelas decisões que tomamos em nossas vidas, dentre elas, as de consumo. Se tais premissas são aceitas, nossa escolha de instrumentos tecnológicos é muito importante. Aqui que a discussão é importante, pois o uso de “tecnologias exigentes”, difíceis, pode ser importante para a manutenção de habilidades adormecidas com a tecnologia.

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Qual é o conceito de uma tecnologia exigente?

Três elementos são importantes: ela toma tempo para ser administrada, seu uso demanda um alto grau de ocupação – você precisa se concentrar na atividade – e deve existir algum risco real de falha. Por exemplo, tocar piano é uma tecnologia exigente, assim como fritar um alimento, programar um computador ou pintar um quadro. As “tecnologias convenientes”, ao contrário, demandam pouco esforço e tem resultados previsíveis.

As tecnologias que facilitam nossas vidas redefiniram a vida social ao longo do último século. Elas geralmente aumentam os prazeres da vida para um grande número de pessoas, além disso, distribuem poder tecnológico de maneira mais ampla, basta lembrar que hoje qualquer um pode tirar uma foto boa com o celular.

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A vida comum das pessoas já é dura o suficiente

As tecnologias prometeram que elas iriam nos garantir espaço em nossas vidas para outras coisas como o tempo para refletir e lazer. Esta era, ao menos, a proposta inicial. A tecnologia da conveniência falhou, contudo, em seus objetivos. A promessa da libertação do trabalho pesado ainda não foi realizada, assim como a diminuição da jornada de trabalho parece um sonho distante. Nossas tecnologias nos fizeram deuses prostéticos, mas continuamos sem tempo livre.

O problema é que, enquanto cada tarefa individual fica mais fácil, continuamos a demandar muito de nós mesmos e dos outros. Ao invés de menos tarefas complicadas (como escrever longas cartas) temos uma grande quantidade de pequenas tarefas (escrever centenas de e-mails). Fomos amaldiçoados pela tirania das pequenas tarefas, individualmente simples, mas coletivamente opressoras. E quando tudo na vida parece fácil, a tentação para fazer várias coisas ao mesmo tempo é grande.

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