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Em Pauta

Como eram as embarcações que trouxeram os paulistas para MS

Por Mário Sérgio Lorenzetto | 15/04/2024 08:20
Campo Grande News - Conteúdo de Verdade

É inegável que o aproveitamento dos rios brasileiros, para a navegação, esteve sempre muito aquém das grandes possibilidades que ofereciam. O certo, porém, é que entre nós, fora da Amazônia, os cursos de água raras vezes chegaram a constituir meio ideal de comunicação. Apesar de subutilizados, as primeiras embarcações atendiam a influência indígena. As canoas de casca foram, provavelmente, as primeiras a serem empregadas pelos sertanistas de São Paulo para chegarem em nossas terras.


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A simplicidade da canoa de casca.

Fabricar uma canoa de casca não exigia destreza e nem instrumentos sofisticados. Também não consumia tempo excessivo. Escolhido um tronco adequado, com seiva abundante, bastava "despir-lhe" a casca do topo à raiz, unindo depois as pontas com o auxílio de cipós e mantendo aberto o bojo, por meio de travessões de pau. Um processo muito simples e que possibilitava ser abandonadas, sem maior prejuízo. Quando os paulistas se deparavam com uma corredeira ou cachoeira, abandonavam essas canoas. Uma vez ultrapassado o obstáculo, construíam outras. Entre o Tietê paulista e o Taquari sul-mato-grossense, existiam inacreditáveis 113 cachoeiras.


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As canoas escavadas no fogo.

As canoas de casca foram substituídas gradativamente por canoas escavadas pelo fogo. Cortavam um pau inteiriço e escavavam a fogo, enxó ou machado. Era um processo mais moroso, mas essas canoas eram um pouco menos frágeis que as de casca. Ainda assim, costumavam ser destruídas em cursos de água com muitos obstáculos.


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Os molhos de pau e as pinguelas.

Em certos casos, para superar obstáculos, improvisavam pinguelas, fabricadas comumente de um tronco único. A construção de pontes menos toscas era impraticável fora das zonas habitadas. Onde precisassem vencer corredeiras, itaipavas e cachoeiras recorriam, algumas vezes, a processos rudes. Lançavam-se ao rio sobre uns molhos - paus presos entre si com cipós -, uma jangada descartável. Não tinha comodidade e nem rapidez. Assim como se faltasse madeira para canoas, o remédio era gastar mais tempo e produzir jangadas de taquara.


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Construindo uma jangada.

Começavam escolhendo madeira seca de espinheiro ou taquara. O comprimento dos três paus com que faziam a primeira estiva era de três e meio a quatro metros. Sobre esta, dispunham uma segunda estiva, igual a primeira. Finalmente, lançavam dois paus para servir de guarda (talabardão) dos remos. Usavam quatro remos, dois de cada banda, feitos com espinheiro-branco, árvore que nunca faltava no trajeto de SP ao Mato Grosso do Sul. Desse tamanho, carregavam seis pessoas.


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Os botes dos jesuítas.

Na fronteira do Brasil com o Paraguai e entre Aquidauana e Miranda, os jesuítas construíram missões, fortes para travar guerra com os paulistas. Eles criaram uma concepção diferente de embarcação. Era formada por duas canoas unidas entre si e cobertas por uma plataforma encimada, por sua vez, de uma estrutura de madeira ou taquara, cujo aspecto lembra de uma pequena casa. A navegação era feita a remo. Nada menos de setecentos desses botes levaram 12 mil guaranis para guerrear contra os paulistas na batalha final denominada M'Bororé.

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