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Em Pauta

Medicina feita por cartas e cirurgiões analfabetos

Por Mário Sérgio Lorenzetto | 10/12/2025 08:25
Medicina feita por cartas e cirurgiões analfabetos

Os países latinos colonizados pelos espanhóis tiveram suas primeiras faculdades mais de cem anos antes de que essa ideia chegasse ao Brasil. Cem anos de atraso. Uma raríssima exceção foi no estudo da medicina. Em 1.815 , as faculdades de medicina começaram a surgir na Europa. Antes, existiam algumas poucas escolas médicas, mas eram uma raridade. Por aqui, a primeira surgiu na Bahia, em 1.808. Antes delas, como a medicina era organizada?


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Os “médicos-cavalheiros”.

Os “médicos-cavalheiros” detinham poder e influência considerável. Faziam parte da elite dominante e formavam o topo da pirâmide médica. Agiam como guardiões da profissão, admitindo nela apenas homens que lhes pareciam ser de boa estirpe e elevado valor moral. Eram livrescos, com pouquíssima formação prática. Usavam a mente , não as mãos, para tratar pacientes. Nem mesmo executavam um exame clínico. Na verdade, forneciam, muitas vezes, orientação médica por meio de cartas, sem jamais verem os pacientes.


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Os cirurgiões práticos e analfabetos.

Em contraste, os cirurgiões vinham de uma longa tradição de treinamento como aprendizes. Esse treinamento dependia da aptidão do mestre. Seu oficio era prático, ensinado pelos exemplos. Muitos deles era analfabetos.


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Os boticários.

Médico ou cirurgião não administrava medicamentos. Essa era uma primária dos boticários. Em tese, havia uma demarcação clara entre cirurgião e boticário. Na prática, porém, o homem que tivesse sido aprendiz de um cirurgião podia exercer o ofício de boticário, e vice-versa.


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O clínico geral.

Essa duplicidade de procedimento deu origem a uma quarta categoria não oficial, a do “cirurgião boticário”, que, posteriormente, passou a ser chamado de “clínico geral”. Era um médico de atendimento primário para a população pobre. Foi Londres quem acabou com a fragmentação da medicina criando a obrigatoriedade da educação. Seis meses de estudo para obterem uma licença era a norma para ser chamado de profissional da medicina. Seis anos de estudos; três em livros, três em hospitais e prova extenuante de dois dias, passou a ser a regra a ser adotada para o homem ser reconhecido como médico.

 

Os artigos publicados com assinatura não traduzem necessariamente a opinião do portal. A publicação tem como propósito estimular o debate e provocar a reflexão sobre os problemas brasileiros.