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Em Pauta

O direito de vender lingerie na Arábia Saudita – uma lição de cidadania

Mário Sérgio Lorenzetto | 01/02/2014 08:00
O direito de vender lingerie na Arábia Saudita – uma lição de cidadania

Independência econômica, mudança de postura e... lingerie

Uma “revolução” feminina começou na Arábia Saudita, embora ela possa não ter sido percebida. Recentemente, algumas dúzias de mulheres foram para trás do volante pelo direito de dirigir. Cada mulher saudita precisar ter um guardião, um homem e elas dependem da autorização deles para estudar, viajar e casar. O que, na prática reduz a capacidade delas para os atos da vida civil. Foi necessário um decreto do Rei Abdullah para que elas pudessem começar a trabalhar.

Pela primeira vez, elas passaram a interagir com homens que não são membros de sua família. Eis que, tornaram-se caixas de supermercados e vendedoras em lojas de cosméticos e lingerie. No início, os donos das lojas perceberam que as vendedoras precisavam de treinamento nas questões mais elementares sobre como interagir com fregueses. O contato desnecessário entre homens e mulheres que não são parentes é proibido no país e o governo destina amplos recursos para a manutenção da separação entre sexos.

Existem shoppings apenas para mulheres, assim como agências de viagens, seções no banco e nos departamentos de governo. Mesmo em restaurantes simples, as mesas familiares são protegidas com cortinas ou telas para que as mulheres possam descobrir seus rostos durante as refeições. Todas as mulheres, incluindo as ocidentais, precisam usar abayas e véus na cabeça em público. O niqab, que deixa apenas os olhos a mostra é uma questão de preferência pessoal – a burca esconde inclusive os olhos com uma tela. As vendedoras acabam por usar o niqab para evitar perseguição.

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Desconforto e constrangimento marcavam compra de roupas íntimas

Na loja de lingerie, as clientes continuam completamente cobertas com suas roupas enquanto são medidas para definir o tamanho do sutiã. Trata-se da mesma prática adotada na Victoria’sSecret só que com roupa. A técnica de medir as clientes com as vestimentas é uma das coisas que compõem o treinamento das vendedoras. O país conta com uma das taxas mais baixas de participação feminina no mercado de trabalho. Segundo o Banco Mundial, tratava-se de 18%. Por isso, o ministro do trabalho da Arábia Saudita anunciou que eles iriam começar a colocar vendedoras nas lojas de lingerie.

Na prática, todas as mulheres que eram empregadas até então tinham formação universitária e estavam empregadas em escolas, nas quais os homens não podem ensinar meninas ou em hospitais, pois existem famílias que preferem que médicas e enfermeiras cuidem de suas mulheres. A venda de lingerie parecia um tema incontroverso para a expansão das oportunidades de trabalho para as mulheres, o ministro do trabalho deu um ano para que os homens fossem substituídos por mulheres.

Uma das protagonistas na defesa do direito das mulheres ao trabalho é Reem Asaad. Após uma experiência constrangedora em uma loja de roupas íntimas, em que um vendedor a repreendeu por olhar um produto sem a ajuda dele, ela iniciou um boicote das lojas de lingerie até que elas começassem a contratar mulheres. Segundo Asaad, as mulheres podem ser “empoderadas” por meio do trabalho, mas, a terminologia “direito” não é utilizada por ela. Apela-se para uma instância moral, fala-se da “vergonha” que uma mulher é submetida ao não ser atendida por outra mulher em questões íntimas como sutiãs e calcinhas. A experiência da compra de lingeries pelas mulheres sauditas era tratada como tão constrangedora, que elas pegavam qualquer coisa que aparecia pela frente e faziam piada da situação embaraçosa.

O direito de vender lingerie na Arábia Saudita – uma lição de cidadania

Ação do governo saudita surpreendeu e mulheres começaram a “se ver”

Em 2011, o governo saudita decidiu instituir benefícios para os desempregados que estavam procurando emprego. Mais de 80% dos registros foram feitos por mulheres. No final de 2012, o número de pessoas desempregadas chegou a 2 milhões. Após o decreto do Rei, em 2011, sobre as lojas de lingerie, o ministério do trabalho mandou que lojas de artigos femininos mudassem seus vendedores para mulheres. Cada tipo de loja teve um prazo para realizar a mudança. Em novembro de 2013, 540 lojas de lingerie e cosméticos foram fechadas por não cumprir o prazo das mudanças. Além disso, o ministério definiu parâmetros sobre os comportamentos morais adequados para negócios que empreguem pessoas de sexos diferentes. Os supermercados passaram a empregar mulheres, e estas não precisavam da autorização de guardiães para se candidatar ao emprego.

As vendedoras observaram uma mudança de postura por parte de suas famílias. Os homens passaram a tratar melhor e respeitar suas mulheres. A questão é, também, econômica. Os homens deixaram de ter a vantagem automática sobre as mulheres, que passaram a ter sua própria conta no banco e alguma independência financeira. Eles não podem ameaçar as mulheres com a ausência de dinheiro, por isso, precisam desenvolver outros laços afetivos.

O caso de Aisha, uma vendedora em uma loja de acessórios, ajuda a entender as transformações da economia e da cultura no país. Logo após divorciar-se de seu marido, ele veio a falecer e ela ficou sem a guarda dos filhos, que ficaram com a família do marido, a qual não permitia que os visitasse. Quando ela começou a trabalhar, aprendeu que outras mulheres divorciadas tinham o direito de ver seus filhos. Ela telefonou para o tio das crianças e ameaçou levar a família do ex-marido falecido com a justiça. Ao saber que Aisha estava ganhando dinheiro para fundamentar sua ameaça, o tio decidiu permitir que ela visitasse as crianças.

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Compra à vista e use seu dinheiro

Se você e uma daquelas pessoas assumidamente consumistas, pense sempre: "devo resistir ao consumo. Especialmente, daquilo que não for essencial a minha sobrevivência". Considere seriamente a possibilidade dessa postura se tornar um compromisso pessoal e imutável por muito tempo. Só assim você conseguirá interromper este hábito que pode estar levando-o à falência. Uma boa estratégia para fretar impulsos consumistas é desfazer-se de todos os cartões de crédito. De todos, sem exceção.

Retire também os talões de cheque da carteira. No máximo carregue uma folha para eventuais emergências. Pode acreditar: é possível viver muito bem sem utilizar os cartões e talões que podem ser verdadeiras armadilhas do consumo. Sem a possibilidade de comprar em "suaves prestações", será mais fácil resistir. É um limite que você precisa impor a si mesmo. As ofertas de crédito, as barganhas nas lojas e todas as outras tentações continuarão a existir.

O maior segredo está na troca de um verbo: abandone o verbo comprar, passe a usar o verbo pechinchar. Seja onde for, não tenha vergonha, pechinche, barganhe. Aprenda a fazer contas rápidas e simples usando apenas o cérebro e lute por descontos. Se conseguir 5% de desconto, continue a pechinchar, lute por 10%. Compre à vista, somente à vista e use dinheiro o máximo que puder.

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Não economize o tempo de barganha, economize seu dinheiro

Fale, discuta, conquiste a simpatia do vendedor ou do gerente e saia da compra com o maior desconto possível. Aprenda a fazer a maior encenação "teatral" na hora de pechinchar, a mesma que os bons vendedores fazem para te vender algum produto, inverta a posição.

Apague a palavra "prestação" do seu vocabulário. A dica e viver uma vida simples, sem ostentação. Aliás, os verdadeiros ricos vivem assim. Não esbanjam dinheiro porque reconhecem seu valor. Não são escravos de modismos e vivem muito bem.

E preciso tapar o buraco para, depois, ser possível encher o caixa. Lembre-se, primeiro você deve economizar, para depois poupar e, depois, investir. Experimente colocar os famosos juros compostos, usados nos bancos para te vender dinheiro, para trabalhar a seu favor e multiplicar o seu dinheiro como já multiplicou suas dívidas algum dia.

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Antecedência e planejamento: saiba como aproveitar descontos de passagens aéreas

Os dados são da Skyscanner, que levantou bilhetes dos últimos três anos adquiridos por consumidores brasileiros

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