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Em Pauta

Reflexões sobre o ser humano ao volante e o carro autocontrolado

Mário Sérgio Lorenzetto | 31/12/2013 09:58
Reflexões sobre o ser humano ao volante e o carro autocontrolado

O início de uma revolução nos volantes?

O Brasil é a pátria de chuteiras. Em segundo lugar, provavelmente, deve estar a paixão dos brasileiros por automóveis. Paixão que é aproveitada pelas montadoras de veículos para oferecer veículos desatualizados a preços absurdos. Basta olhar os sistemas de segurança que os carros têm em outros países para ver que não há uma verdadeira preocupação em instalar itens obrigatórios nos carros mais populares. Enquanto lutamos para ter airbags e freios abs, nos outros lugares do mundo, sistemas de segurança procuram fazer com que o carro desvie de outros carros ou pare caso identifique algum perigo. Também há sistemas que evitam que os motoristas possam dirigir se estiverem sob o efeito de álcool. Contudo, aquilo que aparece no horizonte é uma nova fase na vida de todos os condutores, o fim dos acidentes, o fim dos condutores ruins – vem ai o carro que se autocontrola.
Não adianta colocar a culpa nas mulheres, sua apólice de seguro diz o oposto e, a verdade é que seres humanos são péssimos condutores por uma questão simples, somos falíveis. As pessoas usam o celular enquanto dirigem, ultrapassam sinais vermelhos, dão seta para esquerda e viram para a direita, bebem e dirigem, têm pontos cegos nos carros, câimbras e ataques no coração. Erram o cálculo da curva, não percebem que têm um carro ao lado, dormem ao volante, derramam café no próprio colo ou acreditam demais em suas habilidades na direção. Estima-se que 95% dos acidentes automobilísticos que acontecem no mundo são causados por culpa dos condutores. O resto da conta fica para a natureza ou problemas técnicos nos carros. A solução para o massacre sob rodas que acontece todos os dias: inteligência artificial. E nisso que acredita Anthony Levandowski que, apesar de compartilhar o sobrenome com o craque polonês do Borussia Dortmund e o ministro do STF, é um engenheiro que trabalha na Google.

Reflexões sobre o ser humano ao volante e o carro autocontrolado

Colocar um computador em um carro é um sonho antigo

Quem não lembra do DeLorean do filme “De Volta para o Futuro”? Em que um cientista maluco transforma o carro em uma máquina do tempo. Ou o carro-nave dos Jetsons, que sobrevoa o trânsito caótico das cidades? Pois Levandowski é o engenheiro responsável pela realização de um antigo sonho de muitos, criar o carro inteligente. Ao invés do DeLorean ele tem um Lexus adaptado com câmeras, radares, antenas, GPS, o primeiro carro que se autodirige ou o primeiro automóvel. No último ano, Levandowski levou seu carro pelo mesmo trajeto de sua casa em Berkley até seu escritório em Mountain View, a cerca de 70 km de distância. Enquanto outros motoristas observam seu carro cheio de dispositivos eletrônicos, o engenheiro grava a manobra dos outros veículos, analisa seu fluxo e procura detectar problemas para ajustes futuros. O sistema ainda não é perfeito. O carro fala para ele tomar o volante quando identifica um acidente ou obras na pista.
Levandowski é um engenheiro na Google X, a parte da empresa que realiza projetos de tecnologia experimental. Esta seção da empresa combina perfis de idealistas e capitalistas vorazes. Aquilo que separa o engenheiro dos outros nerds do mundo é que suas ideias se realizam na prática. Logo após se formar, ele criou um sistema de intranet que lhe rendeu US$ 50 mil por ano. Ele foi um dos principais arquitetos do Street View e do Google Maps. Mas Levandowski é ambicioso, afirma que seu projeto atual é como o avião de Lindbergh. Nem todo mundo é simpático à ideia, a empresa de carros Dogde lançou comerciais há dois anos mostrando uma vida no futuro em que um homem “mata” um robô que tomou seu lugar no carro e em outro, fazendo referência ao filme Matrix, questionava os carros que estacionavam sozinhos, carros sem pessoas, dirigidos por uma empresa de buscas e afirmava, “já vimos este filme, ele acaba com os robôs colhendo nossos corpos como fonte de energia” e vendia seu carro como o “líder da resistência humana”.
Levandowski, em sentido oposto afirma que os robôs não vão tirar nossas vidas, mas ajudar a salvar todos de acidentes de trânsito, pois, dentre outras características, o carro pode prever coisas que os seres humanos não podem: como animais no meio da pista durante a noite. O projeto começou a ser montado de uma maneira pouco usual, em 2008 o produtor de um programa do canal Discovery ligou para Levandowski e perguntou se ele tinha interesse em montar automóvel autônomo que entregasse pizzas. Em cinco semanas ele montou o carro com sua equipe. Conseguiram garantir uma permissão para sair pela cidade. Seu maior desafio era cruzar a Bay Bridge em São Francisco, pois ele perderia o sinal do GPS. O carro atravessou a ponte, mas bateu em um muro. Depois de ser religado e retirado do muro, ainda assim chegou até seu destino.
O grande desafio é transformar o primeiro carro autônomo em produto comercializável. A Google pode ser uma gigante na internet, mas sua produção principal é a de softwares e não de carros. Parece mais fácil que a tecnologia seja vendida para alguma empresa como a Ford ou a GM, as quais precisariam criar seu próprio sistema de navegação com GPS como o TomTom. A questão é que as montadoras nunca se importaram em montar seus próprios mapas, mas já têm planos para os carros que se autodirigem. A Nissan, por exemplo, promete carros auto-dirigíveis para 2020, apesar do pessimismo de muitos dentro da própria empresa. A Toyota e a Mercedes desenvolveram a tecnologia, mas ainda hesitam em realizar a produção em larga escala. Os consumidores tendem ao conservadorismo em relação às mudanças. Um exemplo dado por um dos dirigentes da Toyota é de que os toca-fitas só foram eliminados por inteiro da empresa há cinco anos. Ao mesmo tempo, a empresa apresentou o primeiro carro que estacionava sozinho em 2005, caro e lento. Mas a tecnologia começou e ser mais difundida nos últimos anos. O problema da Mercedes é parecido com a oposição da Dodge, a empresa identifica seus consumidores como pessoas que amam dirigir e pagam caro por isso. Além do problema do desenvolvimento de confiança com a nova tecnologia, a oposição interna na empresa também é grande.
A empresa, sinônimo de segurança não é nenhuma das anteriores

A Volvo é reconhecida como a produtora dos carros mais seguros do mundo. Seu princípio é parecido com os engenheiros da Google: desconfiar dos motoristas. Desde 1970, a empresa tem um time de peritos na Suécia que estuda acidentes. Qualquer acidente, em um raio de 100 km de distância da empresa, envolvendo um Volvo, seus peritos acompanham a polícia para ter acesso ao carro e ver os danos. Depois de quatro décadas dessa prática, os técnicos da empresa sabem quase tudo que pode dar errado em um carro. Têm em seu arquivo mais de 40 mil acidentes. Como resultado desses estudos, as chances de se machucar em um Volvo caíram de 10% para 3%. A empresa diz que isto é apenas o começo. Em 2020, eles querem lançar um carro à prova de tudo, no qual ninguém morrerá ou se acidentará. Ou seja, um carro que não trombe. A empresa lista os quatro “D”s dos acidentes: distração (distraction), sonolência (dowsiness), embriagues (drunkness) e o erro do motorista (driver error). O carro tenta dar conta de todos estes problemas “lutando” contra o motorista quando este está bêbado, distraído ou com sono, com sistemas que vão desde alertas internos até a paralisação do carro: é a inteligência do robô dizendo para nós não fazermos besteira.

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Reflexões sobre o ser humano ao volante e o carro autocontrolado

Biodinâmica – a técnica de produção de um vinho caro e exótico

Vinho biodinâmico. Essa é a nova moda das vinícolas francesas. Além de orgânica, a produção de uvas nessa modalidade abrange até a consulta aos astros. Se funciona? Sim. O marketing é rentável e, cada vez mais, os produtores estão entrando na onda que foi inventada há mais de um século pelo filósofo, educador e místico alemão Rudolf Steiner. No plantio são dispensados pesticidas, fungicidas e fertilizantes químicos. O conceito envolve, ainda, a observação do movimento da lua e estrelas para aplicar o que chamam de tratamento preventivo ao solo e, pasmem, medicina chinesa.
Com todo esse conjunto, os agricultores estimulam o surgimento de um ecossistema adequado em que são usados insetos, microorganismos, ervas daninhas e minhocas para que as videiras cresçam num solo rico e puro. E o sistema combina com toda a cerimônia que envolve a produção de vinho francesa onde o objetivo é algo único, sem o tecnicismo dos concorrentes. Um dos vinhos mais caros do mundo, Domaine de la Romanée Conti, é considerado biodinâmico. Ainda assim cabe um alerta a quem aprecia um bom vinho. Na Europa, os vinicultores orgânicos e biodinâmicos estão autorizados a acrescentar sulfitos para conservar a bebidfa.

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