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Em Pauta

Sem as ideias de Keynes não sairemos do desemprego

Mário Sérgio Lorenzetto | 03/07/2021 07:30
Campo Grande News - Conteúdo de Verdade
O economista mais influente de todos os tempos, volta a marcar a pauta da saída da pandemia. Estados Unidos e Europa estão adotando suas ideias... novamente. O Brasil de Guedes garante que não utilizará o keynesianismo, mas o vem adotando, ainda que timidamente. E é essa timidez, típica de extremistas, que impede a reconstrução do emprego. Mas John Maynard Keynes era um emaranhado de paradoxos. Um burocrata que se casou com uma bailarina, um gay cujo maior amor foi uma mulher, um leal servidor do Império Britânico que lutou contra o imperialismo, um pacifista que contribuiu para o financiamento de duas guerras mundiais, um internacionalista que construiu a arquitetura intelectual do Estado-Nação moderno, um economista que questionou os fundamentos da economia e, finalmente, um liberal que, tendia ao conservadorismo, mas ajustou o coração das ideias de bem estar social.


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Aluno de Marshall.

Keynes foi aluno e seguidor das ideias de Marshall. São essas propostas que reconstruíram a Europa destruída pela Segunda Guerra. Keynes passou boa parte dessa guerra estudando seus efeitos na economia e, em 1940, publicou o artigo "Como pagar a guerra". Mas não seria esse trabalho que o levaria ao ápice da fama. O presidente norte-americano utilizou as ideias de Keynes para sair da Grande Recessão de 1928, levando o país, destruído pela jogatina da roleta da Bolsa de Valores, ao pleno emprego. É esse modelo do keynesianismo - que não enfrenta o endividamento e investe em infraestrutura - que vem sendo adotado recentemente nos países do primeiro mundo.



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Do funeral à glória.

A história do keynesianismo pode ser contada em breves palavras: do eterno funeral à glória. Keynes é sempre um cadáver ideológico que não pode ser enterrado. Quando a economia de um país vai bem, proclamam seu funeral com alguma ideia extremista - à esquerda ou direita. E levam a economia do país ao caos. Quando a economia vai mal, não há a quem correr que não seja Keynes. Os poderosos voltam suplicando que revejam as ideias de Keynes.


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Agenda econômica a serviço de um projeto social.

Aos estudantes universitários de economia lhes ensinam que o keynesianismo propõe que os governos aceitem déficits públicos em uma recessão e a gastar dinheiro quando o setor privado não pode ou não quer fazê-lo. Mas o keynesianismo não é tão simplório. É uma grande agenda a serviço de um projeto social mais amplo e ambicioso. Keynes foi um filósofo da guerra e da paz, o último dos intelectuais ilustrados que concebeu a teoria política, a economia e a ética como parte de um desenho unificado.


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Da Inglaterra, virou norte-americano por excelência.

Keynes aspirava mudar a sociedade transformando a classe dominante desde a liberdade, a razão, a tolerância e, acreditem, a estética. O keynesianismo atravessou o Atlântico e foi se converter na cultura política notadamente norte-americana, que nem Trump ousou desafiar. Começou no "new deal" de Roosevelt, continuou com "A Grande Sociedade" de Lyndon Johnson, logrando que aquela sociedade fosse mais democrática, mais igualitária e mais próspera. Obama fez de tudo para continuar esse programa. Joe Biden aprofunda esse caminho.


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Anticomunista militante.

Um dos maiores e mais consistentes críticos do comunismo. Não com a idiotice dos xingamentos, tão em voga no Brasil do guru de segunda categoria. Com argumentos iluminados, muito estudo e conhecimento. Em 1925, quando Lenin estava à beira da morte, Keynes viajou à União Soviética com sua esposa e publicou suas impressões em três artigos. Primeiro destruiu dialeticamente "O Capital", a obra de Karl Marx. "Como posso aceitar um credo que erige como sua Bíblia... com um texto econômico obsoleto, que não é apenas cientificamente errado, mas não serve para o mundo moderno...", publicou Keynes. Atacava frequentemente as pretensões científicas do marxismo como materialismo histórico e como materialismo dialético. Queiram ou não, John Maynard Keynes é o nome mais importante para a economia mundial desde Adam Smith.
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