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Em Pauta

Sobreviver ao câncer depende do endereço e $$$

Mário Sérgio Lorenzetto | 08/02/2018 08:15
Sobreviver ao câncer depende do endereço e $$$

As novas sobre o câncer são esperançosas. Graças ao significativo aumento do diagnóstico precoce e das constantes melhorias terapêuticas ocorreu o aumento da taxa de sobrevivência global. Até este momento, após 5 anos de diagnótico, sobreviveram 53% das pessoas com essa doença. E as perspectivas também são boas: um terço de todos os medicamentos que foram liberados pelas autoridades no mundo eram anti-cancerígenos e dos 24 anti-tumorais liberados, 11 eram princípios ativos completamente novos.

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Todavia, temos a cada ano tratamentos cada vez mais eficazes, mas também cada vez mais caros. O elevado custo dos novos alvos moleculares explicam em grande medida as enormes diferenças de sobrevivência entre países e indivíduos, como deixou bem claro o estudo Concord, que comparou dados de 71 países. A cura do câncer depende cada vez mais do teu endereço e de tua conta bancária. Muito mais que da genética do paciente. Apenas um exemplo: a sobrevivência do câncer de mama após 5 anos alcança 90% nos EUA, 72% no Brasil e 66% na Índia.
O crescimento dos custos de tratamentos avançados do câncer são proibitivos para nós, meros mortais. O melhor tratamento - imunoterapia - custava por volta de US$200 mil. Após intensa gritaria nos Estados Unidos por esse abuso, os preços só fizeram crescer. Hoje, eles ultrapassam a casa dos US$300 mil.
Como não temos dinheiro, a batalha contra o câncer deve centrar-se na prevenção. As cifras de mortalidade poderiam melhorar substancialmente se fossemos capazes de adotar medidas preventivas eficazes. Mais de um terço das mortes se devem a causas evitáveis. Muita gente não sabe que a obesidade é responsável por um em cada vinte tumores. E que o consumo abusivo do álcool está por trás de 12% das mortes, especialmente pelo câncer do fígado.

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Conseguiram ativar o sistema imunológico contra o câncer. E é barato.

Há muito tempo os cientistas imaginavam que o sistema imunológico seria uma importante arma contra o câncer. Só há pouco conseguiram implementar um tratamento dessa natureza. Extraíram células do sistema imunológico, modificaram-nas em laboratório e voltaram a injetá-las no paciente. Funcionou. Todavia, esse tratamento é extremamente caro. Nos EUA, onde está funcionando, custa acima de US$200 mil (mais de R$600 mil). Os protestos populares de nada adiantaram. Continuam sendo ofertados somente para milionários.
É possível que tudo mude agora. A revista Science Translational Medicine acaba de publicar uma pesquisa realizada na Universidade de Stanford (EUA) que injetaram uma pequena quantidade de dois agentes que ativam o sistema imunológico e o dirigem contra a massa cancerosa. Segundo os autores, os agentes são um pedaço de DNA e um anticorpo que são injetados diretamente no tumor. Eles ativam os linfócitos que já estavam no lugar onde está o tumor mas ainda inertes. Ganham vida e atacam o tumor. O tratamento curou o câncer de 87 ratos. Somente o sistema de três ratos não responderam aos agentes. Agora, estão procurando 15 pessoas para começar os testes com humanos. Mas, desde já, afirmam: caso aprovado o tratamento, será barato. As primeiras experiências com humanos serão com pessoas que têm melanoma, câncer de mama e de cólon.

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Conversando com as células para regenerar membros do corpo.

As células de nosso corpo conversam entre elas. Dizem coisas. Mas não as entendemos. Nossas células se comunicam porque em um organismo tão complexo precisam dizer qual função cada uma cumpre, onde devem situar-se e qual tamanho devem ter. Uma das formas delas se comunicarem é através dos sinais bioeletricos. Assim, entendo esses sinais, podemos saber o que elas dizem. Também podemos conversar com elas e dar- lhes instruções. Evidentemente esta narrativa é uma simplificação da realidade bem mais complexa dos sinais emitidos pelas células. Se compreendermos esses sinais poderemos recenar membros cortados ou que perderam as funções, bem como poderemos nos aproximar da cura definitiva dos cânceres. A Universidade de Tufts, nos Estados Unidos, está desenvolvendo o estudo da linguagem das células. Afirmam que: "Temos desenvolvido algumas técnicas para escutar e falar essa linguagem elétrica. Somos capazes de ver os sinais elétricos e incorporar novos sinais no processo de controlar o que ocorre (entre as células)". E explicam mais: "os sinais bioeletricos não são apenas o interruptor que liga e desliga o computador, permitindo passivamente que cumpra suas funções, em verdade, os sinais levam informações importantes, funcionam com os softwares que leva informações complexas". Essas experiências já foram levavas a cabo, com sucesso, em rãs, vermes e peixes, conseguindo que tecidos destruídos fossem regenerados, interceptando os sinais bioeletricos e introduzindo sinais com novas informações. Mas eles não são capazes de predizer quando estarão autorizados para levar suas experiências a seres humanos.

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