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Em Pauta

Uma Itaipu inteira de cana é mal aproveitada no Brasil – o bagaço da cana

Mário Sérgio Lorenzetto | 17/04/2014 10:50
Uma Itaipu inteira de cana é mal aproveitada no Brasil – o bagaço da cana

O bagaço de cana é uma fonte de energia mal aproveitada no país. Estão jogando fora uma “Itaipu de cana”

Há oito anos, o governo federal estimava que o boom de construções de usinas de cana de açúcar elevaria a geração de energia proveniente do bagaço em 14.000 megawatts. Uma imensa promessa. Teríamos a produção de uma nova hidrelétrica de Itaipú sem os atrasos e percalços das obras públicas. Hoje, as usinas de açúcar têm capacidade para gerar 9.300 megawatts. É como se 70% da “Itaipú de cana” tivesse sido construída e só a metade estivesse em funcionamento – 35%. A maioria delas produz menos energia do que poderia. A falta de interesse na “Itaipú de cana” parece uma insensatez em um país que está próximo do racionamento elétrico.

Os usineiros, ao longo dos últimos anos, têm argumentado que para deixar o bagaço de cana atrativo, necessitam de mudanças nos leilões de energia. Neles, ganha quem oferece o menor preço por megawatt. Esta metodologia é correta e honesta. Só que os responsáveis pelos leilões ainda não aprenderam a fazer contas. Comparam a energia proveniente do bagaço de cana com a energia eólica. A produzida pela cana sai quase 40% mais barata que a produzida pelo vento. Há uma diferença fundamental – ela é produzia no Nordeste. Enquanto quase 90% das usinas de cana estão no Centro-Sul, onde se consome 60% da energia do país.

Uma Itaipu inteira de cana é mal aproveitada no Brasil – o bagaço da cana

A conta que não fizeram é a da proximidade da transmissão

A proximidade das usinas com o grande centro consumidor de energia diminuiria os custos de transmissão em até R$ 30 o megawatt-hora. É como comprar um carro mais barato no Ceará e esquecer a despesa para trazê-lo até Campo Grande. Se a conta correta fosse feita, as usinas retornariam aos leilões de energia com força e auxiliariam todos os cidadãos brasileiros a não serem obrigados a pagar R$ 9 bilhões a mais de despesas com a operação quase constante das termoelétricas. A aritmética e a história os aguardam.

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Diversidade e inclusão são apenas discurso nas empresas

Os esforços para promover diversidade e inclusão dentro das empresas ainda estão longe de refletirem o discurso das organizações sobre o assunto, segundo uma pesquisa das consultorias Deloitte e Bersin.

Cerca de 70% dos entrevistados dizem que a companhia onde trabalham se posiciona como inclusiva e aspira ter uma cultura que estimule a diversidade nos próximos anos. Sem especificar data. Apenas 11%, no entanto, consideram que a mesma possui um ambiente de trabalho em que todos os funcionários se sentem envolvidos, respeitados e valorizados. As razões para esse descompasso entre discurso e prática são a falta de foco, investimento e comprometimento por parte das empresas, que ainda mantêm o assunto em segundo plano.

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Teste para quem entende de futebol

Qual a marca de material esportivo está presente na camiseta da maioria dos times brasileiros? Nike ou Adidas? Quem respondeu Nike, errou. Adidas? A resposta também está errada. Preparem-se para o futuro que chegará brevemente.

A marca é pouco conhecida no Brasil. No futebol é a responsável pelo uniforme do time inglês Tottenham Hotspur do ex-Corinthians Paulinho, pelo Colo-Colo (Chile) e do Deportivo Toluca (México). Há uma ou outra especulação sobre a marca fechar com o Grêmio. No Basquete nacional, ela está estampada no uniforme do Esporte Clube Pinheiros. A estimativa é de que a marca venha a abrir 70 pontos de vendas no Brasil, inclusive em lojas destinadas especificamente para atividades esportivas.

A logo da empresa consiste em duas parábolas sobrepostas, abertas em direções opostas, fazendo referência ao “U” e ao “A”, as iniciais de seu nome. Nos Estados Unidos, ela está em todos os lugares, desde os times universitários que patrocina, passando pelo presidente, que já foi visto usando as roupas da marca. O projeto inicial das roupas era destinado para atletas de verdade, ainda que elas tenham ganhado uso para pessoas inativas. Os consumidores são tratados como “atletas” e o design dos produtos tende a ser mais apertado. Kevin Plank, fundador da empresa em 1996 era, ele mesmo, um esportista, ex-jogador de futebol americano.

Tratamento de atleta de verdade para quem é amador

Plank defende que sua empresa não está limitada a roupas de esporte, ainda que artigos esportivos seja a descrição adequada de tudo aquilo que a companhia produz. Ele acredita que a obsessão da empresa com performance e com o experimento de materiais exóticos não precisa ser limitada a atletas. Esta ideia é compartilhada pelo diretor de pesquisa da empresa que entende que tão importante quanto desenvolver roupas para esporte é desenvolver roupas com que se possa trabalhar. Tanto que, uma das invenções das quais eles mais se orgulham é um sistema de isolamento térmico que fornece calor sem ser grosso, a tecnologia foi inspirada em uma cerâmica que protege aeronaves militares. Um dispositivo que está sob desenvolvimento é um fecho magnético que facilita o fechamento de jaquetas. Como outros CEOs ambiciosos, Plank tem claros planos para expandir os consumidores da marca.

Antes de fundar a UnderArmour, Plank já tinha montado uma pequena empresa para distribuir flores e conciliou suas atividades como jogador de futebol americano com o diploma de administração. No fim da faculdade estava obcecado com a ideia de fazer uniformes esportivos adequados para performance. O problema é que o algodão precisa estar seco para funcionar como vestimenta. Por isso, Plank começou a testar diferentes tecidos, o problema do nylon é com a coloração, uma camisa vermelha pode facilmente se tornar rosa, por isso o poliéster pareceu ser uma alternativa melhor. A proposta era usar o tecido para absorver umidade, facilitando a evaporação do suor, além de um tecido que comprimia os músculos, que poderia contribuir para reduzir a fadiga e auxiliar na recuperação.

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Sabedoria no tratamento inovador ao que não é novidade

Nenhuma das duas tecnologias era nova, mas ninguém ainda tinha levado elas para os uniformes de futebol americano. No início, alguns jogadores mostraram resistência em usar uma camisa que parecia um collant, mas a maioria preferiu isso a ficar com a camisa pesada e encharcada. O nome da marca seria um sinônimo masculinizado para lingerie, esta era a ideia por trás da “armadura”. O risco da empresa era a de ser associada a apenas um produto, a “camisa coladinha”, que logo seria copiada por outras marcas. Assim, surgiram relatos de pessoas irem até lojas da Nike e pedirem por camisas “UnderArmour”. Isso levou Plank a expandir o catálogo e oferecer shorts de compressão e camisas folgadas de secagem rápida.

Ao contrário do nosso futebol, em que todo mundo pode comprar e usar a camisa do time em quase qualquer ocasião, o futebol americano não oferecia tal “transição” entre os ídolos e os torcedores por ter um equipamento muito especializado. De certa forma, os produtos da UnderArmour conseguiram preencher este espaço do mercado e usar os jogadores como “vitrine”. Em 2013, a empresa lucrou US$ 2,33 bilhões e os planos futuros consistem em conquistar o público feminino, vender mais calçados e conquistar mercados estrangeiros.

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E para o Brasil, como fica?

É justamente no terceiro ponto que o Brasil entra como um mercado potencial para a marca, porém há uma diferença considerável entre os tipos de “futebol”. Em estudo abrangente, envolvendo 301 clubes nacionais nos 27 campeonatos estaduais, realizado pela GSN (Global Sports Network) em 2011, ficou constatado que 76 clubes não tinham fornecedor de material esportivo e que as marcas líderes no número de equipes eram as seguintes: “SuperBolla”, com 17 clubes; “Rota do Mar”, com 12; “Penalty” e “Kanxa”, empatadas com 11 times. Ainda que o número possa ter variado, há ainda muito espaço – inclusive entre os times com grandes torcidas – para a distribuição de material esportivo no principal esporte nacional. Será que os inventores da “armadura” vão agradar o público nacional e entender como funciona o futebol “de verdade”?

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