Leitores mostram carrinho e absurdo gasto em poucas sacolinhas do supermercado
A sensação de que qualquer comprinha dá R$ 100,00 é o exemplo mais prático do que é a inflação
Quinto dia útil. A data pode representar salário na conta para muita gente e uma ida ao mercado, o maior exemplo de inflação que a economia traz para o dia a dia do campo-grandense.
Nesta sexta-feira (5), o Campo Grande News foi para a frente de alguns mercados na Capital tentar saber o que as pessoas conseguiram comprar e quanto gastaram. Analista administrativa, Isabella Claro Pissurno, de 28 anos, saía com uma sacolinha murcha do mercado. "Só umas coisinhas até fazer a próxima compra do mês. Comprei leite, bolacha e lasanha. Gastei R$ 36,49", mostra.
De um mês para cá, a analista conta que sentiu diferença no caixa. "Subiu muito desde a minha última compra, estava dando só uma olhadinha e como o arroz subiu. Isso pesa muito no bolso da gente, já não dá pra levar tudo, tem que escolher entre uma coisa e outra", explica a estratégia.
Quando chegar a hora dela fazer a compra mensal mesmo, o jeito será fazer uma listinha e ir dando uma enxugada. "Eu acabo tendo de levar só o essencial, gasto R$ 400,00 na compra do mês, isso que eu moro sozinha e levo só o básico de alimentação e limpeza", descreve.
Economista, Mateus Abrita, explica que essa sensação sentida por Isabella e por tantos outros campo-grandenses na hora de ir às compras é o exercício que mais demonstra a perda do poder de compra da moeda.
"Inflação nada mais é do que isso: o aumento contínuo e generalizado dos preços. É aquela sensação de ir ao mercado e cada vez comprar menos com a mesma quantidade de dinheiro", explica o economista.
Neuroeducadora, Cláudia Machado, de 45 anos, diz que também não foi fazer nenhuma compra elaborada, só mesmo o que estava faltando em casa e já deu R$ 60,00. Adotando o mesmo discurso do Governo Federal, Cláudia cita que os produtos que mais alavancaram foram arroz, leite e feijão e que isso é responsabilidade do Governo do Estado.
"Por conta do ICMS que é cobrado um exagero no Estado, mesmo com todos os esforços do presidente de estar ajeitando o País, o Estado não está cooperando. E essa questão da pandemia também fez com que as pessoas ficassem em casa, e obviamente a economia ia chegar em um limite de preço", discursa.
O relato mais "tragicômico" é de uma senhora que prefere não se identificar. Na verdade, a revolta dela era tamanha que a equipe acabou ouvindo e compartilhando do seu desabafo. "Essa conversa nossa vai ser para enxugar gelo. Porque na testa do brasileiro está escrito trouxa. Você está tomando meu tempo e eu o seu. E não vai melhorar nada. Como não podemos arrancar cabelo ou bater em alguém, isso vai ficar assim e segue a vida", se despede.
Dona de casa, Ramona Eduarda Arévalo, de 65 anos, exibe a comprinha de cinco itens que custou R$ 35,00. "Ovos, caqui, tapioca, banana e água sanitária". Na opinião da dona de casa, está tudo muito caro mesmo. "Comprei umas coisinhas de nada, acho que o comércio podia melhorar também, eles estão abusando da situação", acredita.