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Economia

Construção civil retoma obras, mas prevê dias dificeis

Setor que emprega 50 mil trabalhadores no Estado, teme encruzilhada na economia, mas aposta em retomada após a pandemia

Rosana Siqueira | 06/04/2020 14:41
Construtora que deu férias coletivas a funcionários hoje retomou as obras (Divulgação)
Construtora que deu férias coletivas a funcionários hoje retomou as obras (Divulgação)

Com cerca de 50 mil trabalhadores no Estado, o setor da construção civil retoma com mais força as suas operações nesta semana ainda sem demissões em massa, mas vendo o futuro como uma encruzilhada. Por enquanto os empresários não conseguem mensurar os prejuízos que a paralisação está causando no mercado, e seguem otimistas em passar a tempestade. E mais sem nenhuma demissão ainda pelo fator coronavírus na economia. Mesmo assim, o lançamento de imóveis deve ter atraso com menor volume de recursos na economia neste ano.

 A reativação dos canteiros começou na semana passada nas pequenas obras e agora assume contornos mais expressivos em Campo Grande. Após dar férias coletivas a 500 funcionários no início do isolamento, por exemplo,o grupo Plaenge retomou hoje suas obras em Campo Grande. Para isso a empresa tomou medidas para prevenir seus colaboradores, prestadores de serviço e também evitando aglomeração de pessoas, seguindo as orientações dos órgãos de saúde para prevenção e contenção do Coronavírus (Covid-19).

 A decisão pelo retorno também segue as recomendações do Sindicato Intermunicipal da Indústria da Construção do Estado de Mato Grosso do Sul (Sinduscon/MS) e do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção e do Mobiliário de Campo Grande (Sintracom/CG).

 Com isso, todas as obras em andamento do Grupo Plaenge, que englobam as empresas Plaenge Campo Grande, Plaenge Urbanismo e Vanguard retornarão a partir dessa segunda-feira (6). O retorno dos funcionários das obras está sendo feito de forma gradativa.

Funcionários são orientados na entrada de obras sobre medidas de higienização
Funcionários são orientados na entrada de obras sobre medidas de higienização

 Os colaboradores também estão sendo orientados sobre os cuidados em casa, ao embarcarem no transporte público, bem como sobre as novas formas de relação dentro do canteiro de obras.

 Apenas os colaboradores que não se enquadram no grupo de risco retornarão às obras, com garantia de todas as medidas de higienização, prevenção e não aglomeração no ambiente de trabalho. Para isso, essas ações que já estavam sendo realizadas pela construtora foram reforçadas.

Entre as principais medidas estão aferimento de temperatura corporal ao entrar no local de trabalho; aumento no fornecimento de lavatórios com água e sabão, além de sanitizantes, como álcool 70%, pontos de higienização e orientação sobre o uso, no início dos trabalhos e pelo menos a cada duas horas; ventilação adequada nos ambientes de trabalho e distanciamento social em ambientes fechados do canteiro de obras, como escritórios e refeitórios.

 Já para os funcionários que se enquadram no grupo de risco, como idosos, diabéticos, hipertensos, pessoas que tem insuficiência renal crônica, doença respiratória crônica ou doença cardiovascular, estão dispensados para estar junto de suas famílias com os direitos assegurados.

Sem demissões – O presidente do Sintracom/MS( Sindicato dos Trabalhadores da Construção Civil em MS), José Abelha, diz que o setor ainda não teve demissões por conta do coronavírus. “Não tivemos ainda demissões por causa do coronavírus, felizmente. O que vemos são as empresas se adequando as medidas de segurança para retomar as atividades, que começaram desde a semana passada”, afirmou.

Outro ponto levantado por abelha foi aMedida Provisória 936. Ela traz novas regras sobre redução de jornadas e salários e suspensão do contrato de trabalho específicas para o período de calamidade pública. “Por enquanto também não tivemos ainda nenhuma busca pela flexibilização das regras de trabalho”, adiantou.

A MP permite que empresas façam acordo direto com o empregado, sem o sindicato, para diminuir a jornada e o salário, ou suspender o contrato de trabalho por tempo determinado. Para compensar os trabalhadores atingidos, a MP 936 cria um benefício pago pelo governo e dá estabilidade no emprego.”`Pode ser que as empresas venham nos procurar mais pra frente, mas no momento está tudo normal”, avaliou.

Pequenos – No setor de pequenos construtores a atividade foi retomada na semana passada, lembra o presidente da (Acomasul) Associação dos Construtores de MS, Adão Castilho. Com cerca de 5 mil trabalhadores no segmentos nos canteiros de obras o pessoa foi reduzido para evitar aglomerações.

 “A Acomasul tem feito acompanhamento dos pequenos empresários, que permitem a reativação de de até 20 funcionários conforme o decreto municipal. Mas não sabemos precisar o efeito mercadológico que isso irá trazer sobre os novos lançamentos. É o início de uma grande preocupação não só dos pequenos, mas da construção em geral. Estamos numa encruzilhada”, salientou.

Além da doença, Castilho diz que existe o temor da desaceleração na economia. “Estávamos apostando numa recuperação do mercado imobiliário no Brasil em março e veio o coronavírus. Felizmente nossas autoridades estão tendo bom senso de reativar empresas com muita segurança. Mas teremos que trabalhar sim porque se vão enfrentar o Covid mais desabastecimento da economia pode ter certeza de que o caos será maior ainda”, acredita.

Castilhos enfatiza que com certeza o coronavírus vai afetar e muito o mercado da construção, mas evita prognósticos. “Com certeza vai afetar o mercado. Só não sabemos que medida e quanto. Vamos aguardar os próximos dias e ao final do mês de abril já teremos uma perspectiva mais clara. A economia vai desacelerar e estamos juntos com ela. Não podemos parar, vamos continuar”, concluiu.

O presidente do Secovi (Sindicato da Habitação de MS) Marcos Augusto Netto também vê o momento como de avaliação. “Não acredito que as grandes incorporadoras tenham abandonado empreendimentos no estágio avançado que estavam. O que está acontecendo no Brasil e no mundo é que a economia está em stand-by aguardando quanto tempo vai demorar a pandemia. Este é um processo de isolamento e não podemos esquecer que os investimentos no setor imobiliário anda são os favoritos de pessoas mais conservadoras. Então para om mercado imobiliário, passado este pânico, é grande a expectativa”, avaliou.

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