União pode leiloar trecho “enxuto” da Malha Oeste, só com trilhos em MS
A malha vai ao interior de SP, mas Governo avalia repasse de trecho até Três Lagoas, para atender celulose

Embora o Governo Federal tenha colocado os 1.973 quilômetros da Malha Oeste na Política Nacional de Concessões Ferroviárias há possibilidade de que apenas subtrechos sejam leiloados, especialmente para atender o setor da celulose, instalado no leste do Estado. Exigindo investimento de cerca de R$ 35,7 bilhões, é avaliado que o trecho inteiro não despertaria interesse.
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O Governo Federal avalia conceder apenas subtrechos da Malha Oeste, uma ferrovia de 1.973 km abandonada há trinta anos, focando no atendimento ao setor de celulose no leste de Mato Grosso do Sul. Com investimento estimado em R$ 35,7 bilhões, o trecho completo pode não atrair interesse, mas há certeza de demanda por um sublote até Três Lagoas, onde empresas como Suzano e Eldorado planejam conexões ferroviárias. Especialistas consideram pouco atrativo o trecho entre Campo Grande e Corumbá, que corta o Pantanal, mas destacam a viabilidade financeira da retomada dos trilhos no estado. O edital para o leilão deve ser publicado em abril, com expectativa de realização em julho. Enquanto isso, fabricantes avançam em projetos próprios de infraestrutura logística para escoamento da produção.
A malha segue de Corumbá a Mairinque (SP), passando por Bauru (SP), e está sem uso há cerca de 30 anos, com avançado estado de deterioração. A empresa Rumo, do Grupo Cosan, é titular da concessão, que se encerra no ano que vem. Ela também é responsável por outro trecho, a Ferronorte, que vem do Mato Grosso, passa pelo Mato Grosso do Sul na região de divisa com aquele estado e Goiás, e segue em direção ao Porto de Santos, atravessando o Rio Paraná em Aparecida do Taboado.
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Com a falta de perspectivas para a Malha Oeste, fabricantes de celulose estruturaram seus planos de logística para tentarem se conectar a esses trilhos. A Suzano criou um entreposto na região de Inocência, a Arauco vai construir um ramal até Aparecida e a Eldorado e a Suzano, com unidades em Três Lagoas, igualmente planejam ter os próprios trilhos.
Conforme divulgou hoje o jornal Valor, se não houver interesse pelo trecho inteiro, ate Bauru, onde haveria conexão com a outra malha da Rumo, é cogitada a opção de conceder ao setor privado somente sublotes, no caso o trecho em Mato Grosso do Sul até Três Lagoas, e aí seria aproveitada a estrutura que as fabricantes de celulose já planejam até Aparecida. O secretário-executivo do Ministério dos Transportes, George Santoro, avaliou que há certeza de interesse por esse lote mais curto. O edital deve sair em abril com o leilão em julho.
“Ali não tem dúvida, por causa da carga da celulose. Nos outros dois trechos, o que vai até Bauru e o completo, não tenho certeza”, afirmou Santoro ao jornal. “Foi a solução que encontramos. O estruturador do projeto diz que o trecho completo para de pé, mas temos que testar o mercado.” Essa ideia, de oferecer trechos inteiros e sublotes como alternativa, já foi aplicada pela União com linhas de transmissão de energia.
O Valor aponta que a Suzano teria interesse no trecho sul-mato-grossense, o que facilita o escoamento por trem da produção da fábrica de Ribas do Rio Pardo, que hoje é levada de caminhão até perto de Inocência. Antes dessa solução, a fabricante chegou a pensar em implantar um ramal até o ponto de encontro com a Ferronorte, mas acabou desistindo.
Segundo o jornal, a Suzano disse que acompanha com expectativa o interesse do mercado na concessão do trecho que passa perto da fábrica de Ribas enquanto segue avaliando a construção dos próprios ramais. “Com relação aos trechos que a companhia possui autorização ferroviária, o projeto conceitual dos ramais ferroviários está concluído, e o próximo passo será a realização do Estudo de Viabilidade Técnica, Econômica e Ambiental para, na sequência, iniciar o projeto de engenharia desses ramais”, afirmou.
A reportagem ainda aponta que ouviu especialistas que apontaram ser pouco atrativo o trecho entre Campo Grande e Corumbá, que atravessa o Pantanal. Durante a operação da Malha Oeste, ela era muito utilizada para trazer combustível ao Estado e escoar minério produzido na região de Corumbá. Com a falta de investimentos, o trecho acabou ficando muito deteriorado e acabou sendo desativado. No Estado, de leste a oeste, são cerca de 600 km de trilhos.
Em debates aqui no Estado, especialistas apontam que haveria viabilidade financeira para a retomada dos trens, uma aposta que se fortaleceu com a inclusão da Malha Oeste como segundo dos oito trechos que a União pretende repassar ao setor privado.


