Viajar e até comprar no Camelódromo fica mais caro com alta no dólar
Operando em alta pelo sexto dia seguido, moeda norte-americana está se aproximando dos R$ 3,80

Operando em alta pelo sexto dia seguido, o dólar comercial está se aproximando dos R$ 3,80 nesta sexta-feira (18), embora em algumas casas de câmbio em Campo Grande ele saia por R$ 4,06 em espécie. Essa valorização da moeda norte-americana interfere tanto na sonhada viagem para a Disney quanto na simples compra de um pen drive no camelódromo.

No caso dos roteiros internacionais, os pacotes principalmente para os Estados Unidos estão 20% mais caros em relação a essa mesma época do ano passado. O turista que embarca hoje ao exterior também paga 10% a mais do que há dois meses, explica o presidente da Abav (Associação Brasileira de Agências de Viagens), Cristiano Cicuto.
“Com isso, as pessoas estão preferindo os destinos nacionais, enquanto alguns ainda irão para o exterior, mas vão encurtar a estadia atrás de uma alternativa”, explicou.
Popular – No Camelódromo da Capital a maioria dos produtos é importada e por isso a alta do dólar tem um impacto importante nos negócios daqueles comerciantes, que dizem ter sentido uma elevação de 20% nos preços das mercadorias.
Ocorre que os estoques adquiridos por valores mais baratos ajudam a manter a situação sob controle, mas por enquanto. Quando for necessário repor, inevitavelmente a diferença terá que ser repassada aos clientes.
“Quem sofre mais é o consumidor, ainda mais diante da previsão de o dólar comercial chegar a R$ 4”, diz a comerciante Rubiely Grubbert, 31 anos.
Fred Dellarde, 45 anos, vende eletrônicos no Camelódromo e diz que está bem difícil manter os preços por causa da oscilação da moeda norte-americana. “O cliente às vezes chora para pagar mais barato, mas está ficando complicado”, afirma.
Já Kelman dos Santos, 29 anos, afirma que se o consumidor for colocar na ponta do lápis os custos para ir direto ao Paraguai, por exemplo, para comprar qualquer tipo de produtos, vai optar pelo comércio popular.
Do ponto de vista dos clientes, Fábio Martins, 43 anos, afirma que está usando a internet como alternativa para driblar os aumentos causados pelo câmbio. Ele compra em sites chineses e americanos sempre que enxerga uma boa oportunidade ou relação custo-benefício.
Para o consumidor, os preços no camelódromo ainda não subiram tanto. “Ainda não percebi diferença porque estão mantendo preço em razão do estoque, mas deve refletir nas próximas vendas”, pontua.
Professor Fabio Martins, 43 anos, disse que mesmo com esse aumento está tentando driblar os preços comprando em sites chineses e americanos. Ainda assim previsa ficar esperto, porque tem um produto que teve variação de cem reais.
A contadora baiana Cristina Cerqueira, 56 anos, está passando férias na Capital e disse que tem produtos que estão mais baratos na terra dela, principalmente os eletrônicos, mas ainda assim ela avalia se vai levar alguma coisa daqui para casa.
Interferência – O economista Márcio Coutinho afirma que a alta do dólar reflete também no preço da gasolina.
“O Brasil tanto importa quanto exporta petróleo. Os grandes produtores mundiais resolveram reduzir a produção, como por exemplo a Venezuela e o Irã, este por conta de problemas econômicos com os Estados Unidos. Se falta produto no mercado e a demanda é grande, o preço internacional sobe e a Petrobras acaba repassando esse impacto para a gente”, afirma.
Mas existem outros produtos que são afetados pela alta na moeda norte-americana e que podem abranger parcelas maiores da população. “Todos os produtos que o Brasil está importando pode ter reflexo, como o trigo, que pode interferir no preço de massas, pão e produtos como macarrão”, pondera.
Exemplo disso são as castanhas, frutas secas e especiarias importadas vendidas em um pequeno armazém perto do Mercado Municipal, gerenciado por Claude Mouniegi Chamoum.
Com itens em estoque, os valores cobrados dos clientes ainda não tiveram alteração. “Acredito que vai dar para segurar. Recomendo que as pessoas façam as compras o quanto antes, porque vamos segurar os preços”, completa a empresária.