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Arquitetura

Construção sustentável rende "Castelo de Alice" e criações de barro em sítio

O projeto, que destoa das construções convencionais, move uma família pela natureza e o baixo custo das obras.

Thailla Torres | 06/12/2018 08:23
Feita de barro, quarto de casal é redondo. (Foto: Rafael Arruda)
Feita de barro, quarto de casal é redondo. (Foto: Rafael Arruda)

Depois de anos estressado com a política e a vida como publicitário, Rafael Arruda decidiu sair de Campo Grande, em 2012, ao ver uma janela de oportunidade na propriedade da família, em Rio Verde. Disposto a erguer uma pousada, o valor para o investimento em alvenaria assustou família. Foi quando um sistema construtivo bem diferente veio como solução e trouxe uma nova arquitetura ao sítio que virou ponto turístico no Estado.

O Lado B já contou a história do Sítio Passarim, lugar que gasta 70% menos investindo em bioarquitetura. Agora, são as obras prontas que se destacam.

Entre as árvores, na estrutura robusta, ainda em finalização, a arquitetura surge como algo surreal. Enquanto muita gente está acostumada com o cimento, o desejo de se aproximar da natureza e diminuir os custos fizeram a família levantar ambientes de barro.

Um deles foi batizado de Castelo de Alice, o nome é uma homenagem à sobrinha, de três anos, que ao olhar a estrutura gigante pertinho do seu tamanho, disse que a obra era um verdadeiro castelo.

Obra destoa de qualquer construção convencional e leva o nome de uma criança sonhadora. (Foto: Rafael Arruda)
Obra destoa de qualquer construção convencional e leva o nome de uma criança sonhadora. (Foto: Rafael Arruda)
Detalhe do banheiro ganhando mosaico. (Foto: Rafael Arruda)
Detalhe do banheiro ganhando mosaico. (Foto: Rafael Arruda)

“A obra é totalmente redonda. A galera está acostumada com uma estrutura quadrada, mas a ideia era ser diferente. Ela será um quarto de casal com chuveiro de um lado e o vaso de outro. Confortável termicamente, até debaixo do sol quente, durante o dia, o quarto continua geladinho”, conta Rafael sobre o castelo.

A estrutura erguida com tijolo adobe, de barro, está totalmente pronta. Leva garrafas de vidro no alto que dão luminosidade natural durante o dia e encantam à noite quando as luzes se acendem. Do lado de dentro, pouca coisa para ser mostrada. Ainda levará tempo para aplicar pisos, rejuntes e finalizar com móveis para se tornar uma verdadeira suíte em forma de castelo. Mesmo assim, tudo já encanta. “A transformação é fantástica, pela economia e pela beleza”, explica Rafael.

A poucos metros dali outra casa impressiona. Feita para os pais, o imóvel leva barro estrutura e apenas alvenaria no alicerce. Com 100 m² de área construída, os custos impressionam em relação a obras do mesmo porte totalmente de alvenaria. “Custou cerca de R$ 25 mil para ficar toda pronta”.

Com projeto em mãos, a estrutura que levou sete meses para ficar pronta ganhou mão de obra não só da família, mas de turistas que visitaram o sítio. Isso porque a mão de obra foi toda em forma de troca. Rafael e o pai resolveram dar um curso de bioconstrução, em que os alunos têm como aulas práticas o serviço na obra e depois poder curtir o sítio de graça.

Casa de 100 m² feita de tijolo adobe, custou cerca de R$ 25 mil.
Casa de 100 m² feita de tijolo adobe, custou cerca de R$ 25 mil.
Detalhe da casa que levou meses para ficar pronta.
Detalhe da casa que levou meses para ficar pronta.
Tudo foi feito no sistema de troca.
Tudo foi feito no sistema de troca.

O tempo de construção parece longo, mas pode ser menor se a meteorologia der aquela força. “A casa da minha mãe demorou um pouco por conta das condições climáticas, a gente produziu os tijolos e cada grupo de tijolos leva em torno de 22 dias para secar. Alguns foram perdidos por causa da chuva e era preciso fazer tudo de novo”.

Na porta do sítio, até a placa de identificação é feita de barro, dessa vez utilizando o sistema hiperadobe, que foi desenvolvido usando sacos de estopa. A vantagem é que não precisa de arames e nem ferros entre as camadas.

Rafael também investiu no sistema cobra, outra técnica feita de barro em volta de vigas de madeira para trazer um elemento decorativo.

O que antes parecia impossível, hoje é uma realização para a família pela economia e a contribuição com o meio ambiente. “No começo, quando meu pai me falou da bioconstrução, fiquei meio cético. Mas fizemos cursos, buscamos muito conhecimento até ter segurança para aplicar as técnicas no sítio, que traz uma economia de 70% comparada às obras convencionais”.

Quartos de casais também feitos de tijolo adobe. (Foto: Marina Pacheco)
Quartos de casais também feitos de tijolo adobe. (Foto: Marina Pacheco)

Exceto o Castelo de Alice, o Sítio Passarim tem diversas estruturas disponíveis para o turismo na região de Rio Verde. O sítio tem 236 metros de rio, com decks de madeira e um deles disponível para acampar. O Day Use custa R$ 20,00 por pessoa e o valor das diárias variam de R$ 60,00 a R$ 250,00. O contato é no telefone: (67) 99616-6043 (Whats).

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Finalização da decoração no quarto de casal.
Finalização da decoração no quarto de casal.
Sistema cobra para decoração no sítio.
Sistema cobra para decoração no sítio.
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