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Arquitetura

Do jardim à biblioteca, Aquário tem Arquitetura inédita no mundo, diz Ruy Ohtake

Paula Maciulevicius | 21/02/2014 09:23
O projeto é assinado e acompanhado a cada 15 dias in loco, pelo arquiteto paulista Ruy Ohtake, referência na arquitetura moderna nacional. (Foto: Marcos Ermínio)
O projeto é assinado e acompanhado a cada 15 dias in loco, pelo arquiteto paulista Ruy Ohtake, referência na arquitetura moderna nacional. (Foto: Marcos Ermínio)

De formato bonito e instigante. É essa a explicação do porquê escolher uma elipse como arquitetura para o Aquário do Pantanal. O projeto é assinado e acompanhado a cada 15 dias in loco, pelo arquiteto paulista Ruy Ohtake, referência na arquitetura moderna nacional.

Nesta quinta, como de costume, uma sim, outra não, o arquiteto veio à Capital e abriu um espaço na agenda para falar sobre os 44 anos de projetos para acadêmicos na UFMS. A aula na verdade é um show de ousadia, de quem conseguiu harmonizar até concreto e cobre. Fascinado pelas curvas, em cada explicação de trabalhos anteriores deixava transparecer a paixão pelo belo e inovador, com a ideia de que a Arquitetura é sim uma manifestação artística.

“A gente precisa conversar, entender a comunidade e ela aprender conosco”, dizia sobre um dos papeis do arquiteto. Em Campo Grande, ele é responsável pelo projeto arquitetônico do Aquário do Pantanal, previsto para terminar até o fim deste ano.

“Por quê uma elipse? É um formato bonito. É instigante, todo mundo quer saber o que será ali. É uma forma inovadora, não tem anda parecido no mundo”, explica.

A elipse, formato escolhido pelo arquiteto, é instigante e inovadora, garante.
A elipse, formato escolhido pelo arquiteto, é instigante e inovadora, garante.
Auditório será iluminado pelo próprio aquário no palco.
Auditório será iluminado pelo próprio aquário no palco.

A arquitetura para um projeto desse porte, que promete ser o maior aquário da América Latina, tem de levar em conta as funções significativas do espaço, explicou Ruy. “Como ainda faltam equipamentos culturais na cidade, aproveitamos e agregamos a eles certas áreas culturais”, explana sobre a biblioteca, auditório, salas e jardim a céu aberto, além da contemplação de peixes daqui e espécies de outras partes do mundo.

O projeto desde a entrada pela avenida Afonso Pena, a elipse e o círculo onde vão funcionar os aquários, foram pensados seguindo o próprio roteiro da água. “Temos que mostrar esses aspectos didáticos”, complementou.

A elipse, forma do Aquário já amplamente divulgada, é composta por vigas metálicas inclinadas em vermelho e coberta de zinco nas duas laterais. Por dentro, cada ponta é forro de madeira. “Como se fosse uma mola deitada”, exemplifica. Ao meio, a elipse leva vidros que vão permitir a claridade do local.

Na parte externa do formato, o projeto aproveitou a própria descida do terreno para fazer um jardim aberto e uma passarela metálica, ligando a volta do círculo dos aquários. Segundo o arquiteto, o jardim vai contemplar a vegetação nativa e também pantaneira. “Nós temos dois tipos de paisagens, uma parte central que é a elipse e a paisagem pantaneira. A parte externa levou em conta a vegetação que já existe no córrego”, comentou o arquiteto.

A vegetação desmatada da área entre o a construção e o córrego, Ruy fala que foi toda catalogada e que será replantada.

A luminosidade, outro item importantíssimo na obra, virá da própria claridade e também dos aquários, que vão irradiar luz através de placas internas. Nas imagens projetadas de como ficará o Aquário traz o auditório como um dos exemplos.

Em um espaço de 5m de altura por 6m de largura, com forro de madeira que arremata com o piso, atrás do palco um grande aquário promete luz e beleza ao lugar. “A luz vai ser tão bonita e forte que vai dispensar outra luz de acordo com a cerimônia”, acrescentou Ruy. Em tom de brincadeira, ele mostrou dois cenários já pensados para o aquário do auditório. “O cara precisa ter boa palestra, se não vão olhar para os peixes mesmo”.

Um dos pontos levantados foi quanto à preservação ambiental, já que o projeto é construído na área do Parque das Nações Indígenas. Ruy explicou que levou em conta o que já existia de edificação, a obra do Museu Dom Bosco e os caminhos internos do Parque.

“Teve que deslocar alguns traçados de área interna, principalmente pelo tráfego de manutenção, de lixo e de pessoal e fazer uma base maior para suportar esse trânsito. Na passarela, não mexemos nas árvores, o público pode ir até próximo ao córrego. Foi basicamente viário”, classifica o arquiteto.

A estrutura metálica que vai compor todo o projeto é espanhola. Vindo de fora, aqui só se trabalha na montagem e fixação das fundações.

O arquiteto garante também que como é feito em galerias e museus, a claridade não vai trazer raios de sol junto e nem provocar calor. “Tem que ter conforto térmico”, ressalta. Tanto é que o vidro terá em torno de 14mm, formado por uma película dupla, que protege contra os raios, garantiu Ohtake.

Sobre os próximos projetos, o arquiteto admite ser ‘arrogante’. “O grande projeto é sempre o próximo”. Dentre tantos trabalhos assinados, com formas e efeitos singulares, ele descarta ter um preferido. “Que filho você mais gosta? Arquiteto é mais ou menos parecido. Nós temos que nos habituar em ser um pouco mais ousados”, finaliza.

A estrutura metálica que vai compor todo o projeto é espanhola. Vindo de fora, aqui só se trabalha na montagem e fixação das fundações. (Foto: Cleber Gellio)
A estrutura metálica que vai compor todo o projeto é espanhola. Vindo de fora, aqui só se trabalha na montagem e fixação das fundações. (Foto: Cleber Gellio)
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