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Artes

Com atrizes nuas no palco e cena de sexo, grupo estreia peça de Plínio Marcos

Elverson Cardozo | 20/03/2014 06:36
Texto traz à tona duas personagens bem diferentes: Veriska, uma cartomante bastante decidida, e Laura, uma mulher rica, casada, mas infeliz. (Foto: Marcos Ermínio)
Texto traz à tona duas personagens bem diferentes: Veriska, uma cartomante bastante decidida, e Laura, uma mulher rica, casada, mas infeliz. (Foto: Marcos Ermínio)

A classificação indica que é a peça é para maiores de 18 anos. A sinopse sugere que haverá envolvimento entre duas mulheres. O diretor do espetáculo, Vitor Samudio, confirma a suspeita e revela mais: No palco, Veriska e Patrícia, interpretada pelas atrizes Patrycia Andrade e Aline Calixto, ficarão nuas para uma cena de sexo que deve durar, no máximo, três minutos.

Ele fala sobre “O Bote da Loba”, peça inédita que o Mercado Cênico apresenta, neste sábado (22) e domingo (23), às 20h, no Aracy Balabanian, em Campo Grande.

O texto, escrito em 1997 pelo dramaturgo Plínio Marcos, conhecido por retratar a realidade de forma “nua e crua”, traz à tona duas personagens bem diferentes: Veriska, uma cartomante bastante decidida, e Laura, uma mulher rica, casada, que se sente insatisfeita com a vida.

Ela vai à cartomante após procurar ajuda em vários locais e não encontrar a “cura” para suas angustias. Veriska esclarece à cliente, muito conservadora, que o problema dela está na falta de sexo.

Patrycia Andrade vive a cartomante Veriska. (Foto: Marcos Ermínio)
Patrycia Andrade vive a cartomante Veriska. (Foto: Marcos Ermínio)

“Ela é presa dentro de uma cultura machista e preconceituosa. Não sabe, por exemplo, o que é ter prazer com o marido. Vive uma vida infeliz e isso se transforma em problemas psicológicos. Ela precisa se permitir e a Veriska vai utilizar dessa questão sexual para libertá-la”, explicou Samudio.

Isso não quer dizer que as personagens sejam lésbicas, apesar da primeira interpretação sugerir isso por conta das carícias e, inclusive, do beijo. O espetáculo discute a angústia de muitas mulheres que não sabem lidar com a própria sexualidade e que, nas palavras do diretor, foram criadas em uma cultura onde proporcionar prazer ao marido é praticamente uma obrigação.

Esta será a primeira vez que as duas atrizes, com anos de teatro, vão ficar completamente nuas no palco. Para Aline Calixto, de 27 anos, que vive a “esposa certinha”, o sexo, neste caso, é tratado como um símbolo de libertação das amarras sociais.

Laura procura psicóloga para se "curar" das angústias, mas é surpreendida. (Foto: Marcos Ermínio)
Laura procura psicóloga para se "curar" das angústias, mas é surpreendida. (Foto: Marcos Ermínio)

Apesar do campo-grandense, na avaliação dela, não estar preparado para ver um assunto como esse, muitas mulheres, na plateia, podem se encontrar na Laura do palco.

Resumindo o espetáculo em uma palavra, Patrycia Andrade, a Veriska, diz que a peça é procativa. Sobre a cena de sexo, ela reforça a libertação mencionada por Aline e diz que encarou o trabalho com muita naturalidade porque “o nu foi apenas uma consequência”.

Vitor Samudio reforça isso e diz que a encenação é artística e não se trata, em nenhum aspecto, de uma sessão erótica. “Não é uma cena que choca. Não é vulgar. É poética. Há uma delicadeza, embora seja extremamente excitante. Mexe com a fantasia de todo mundo”, disse.

Diretor do espetáculo, Vitor Samudio considera a peça  provocante. (Foto: Marcos Ermínio)
Diretor do espetáculo, Vitor Samudio considera a peça provocante. (Foto: Marcos Ermínio)

“O Bote da Loba” nunca foi publicado e até então, nunca montado. “Foi o último texto do Plínio e nunca foi encenado no Brasil. Isso, para nós, é acaba sendo emblemático”, afirmou.

A montagem foi contemplada pelo Prêmio Rubens Correa de Teatro, da FCMS (Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul).

Serviço - Ingressos para a peça, que tem duração aproximada de 50 minutos, serão vendidos com uma hora de antecedência, no dia da apresentação, a R$ 20,00 (inteira) e R$ 10,00 (meia).

O Teatro Aracy Balabanian fica no Centro Cultural José Octávio Guizzo, localizado à Rua 26 de Agosto, 453, entre Calógeras e a 14 de Julho, no Centro. Outras informações podem ser obtidas pelos telefones 9854-1010, 3317-1795 ou no site www.mercadocenico.com.

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