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Comportamento

Darcia trocou caixa de supermercado para acolher famílias em velórios

Ela trocou a rotina de supermercado por profissão que poucos teriam coragem de encarar

Por Clayton Neves | 30/10/2025 06:42
Darcia trocou caixa de supermercado para acolher famílias em velórios
Darcia recebeu lembraça pelo dia da cerimonialista, comemorado nesta quinta-feira. (Foto: Arquivo Pessoal)

No lugar das longas horas atrás de um caixa, Darcia Tatiane, de 35 anos, hoje dedica os dias a acolher famílias que vivem um dos momentos mais difíceis da vida, o luto. Há três anos, ela trocou a rotina de supermercado por algo que poucos teriam coragem de encarar, o trabalho de cerimonialista fúnebre

RESUMO

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Darcia Tatiane, de 35 anos, trocou sua carreira como operadora de caixa de supermercado para se tornar cerimonialista fúnebre. Após enfrentar uma perda familiar e se inspirar na delicadeza dos profissionais do setor, ela decidiu fazer um curso de preparação de corpos e ingressar na área. Em seu trabalho atual, ela prepara capelas, organiza velórios e oferece suporte emocional às famílias enlutadas. Entre suas atribuições está a leitura da carta de despedida, um momento especial acompanhado por violino. Darcia destaca que, apesar da natureza sensível do trabalho, encontrou sua verdadeira vocação no serviço funerário.

“As pessoas têm que gostar muito para estar de frente com uma pessoa morta e para lidar com a família que fica. É um encontro e eu me encontrei na área fúnebre”, comenta Darcia, que se apaixonou pela função depois de enfrentar uma perda na família.

“Eu via o jeito que as meninas do cerimonial trabalhavam, a delicadeza, a humanização. Era bonito de ver”, conta. Decidida a mudar de área, ela fez um curso de preparação de corpos, onde mergulhou no universo da profissão.

Darcia trocou caixa de supermercado para acolher famílias em velórios
Cerimonialista na época em que trabalhava como caixa de supermercado. (Foto: Arquivo Pessoal)

Logo ela conseguiu uma vaga como atendente funerária em uma empresa onde trabalha até hoje. Com o tempo, veio a oportunidade de atuar na área dos sonhos. “Eu queria muito entrar no cerimonial. Era o que eu mais admirava. Hoje estou aqui e amo o que faço”, detalha.

Empatia acima de tudo - No dia a dia, Darcia é uma das primeiras pessoas que as famílias encontram ao chegar à funerária. Ela prepara a capela, organiza o caixão, orienta sobre o local do sepultamento e, acima de tudo, acolhe. “A gente faz o possível para que aquele momento, por mais dolorido que seja, fique eternizado de uma forma bonita”, explica.

Entre os rituais, um dos mais marcantes é a leitura da carta de despedida, feita pelo cerimonial antes do enterro. “É uma homenagem para o ente querido, lembrando momentos bons que viveram juntos. É quando a família costuma se acalmar um pouco. O violino toca, e a carta é entregue como lembrança. É lindo”, destaca.

Darcia trocou caixa de supermercado para acolher famílias em velórios
Darcia concluiu curso de prepação de corpos ainda na pandemia. (Foto: Arquivo Pessoal)

Mesmo acostumada à rotina, Darcia diz que não se vê distante da dor que presencia diariamente. “A gente se coloca no lugar deles. Dói, mexe com nosso sentimento também, principalmente quando é uma perda inesperada”, confessa.

Ela se recorda de um caso que a marcou profundamente, a morte de um menino de 5 anos que morreu em um acidente no Natal. “Foi muito triste. Não era meu plantão, mas fui ajudar. Até hoje me lembro”, relata.

Darcia conta que encara lida tranquilamente com o ofício que muita gente evita por medo. “As pessoas acham que é assustador, mas eu penso que hoje em dia é mais fácil ter medo dos vivos do que dos mortos”, brinca.

Darcia trocou caixa de supermercado para acolher famílias em velórios
Cerimonialista fúnebre ao lado dos colegas de profissão. (Foto: Arquivo Pessoal)

Mesmo com a rotina intensa de plantões, ela garante que não trocaria a profissão por outra e que não sente saudades da época da lida diária de supermercado. “Eu amo o meu trabalho, amo meu plantão e minha equipe. Tento passar o que aprendi para quem chega, que é o acolhimento, atenção e amor. Porque se não tiver isso, não dá certo”, pontua.

Mesmo depois de incontáveis velórios já realizados, ela garante que mantém o mesmo perfil de empatia. “A gente dá a cara pra bater, mas é recompensador poder ajudar alguém a atravessar por um momento delicado. A gente lida com pessoas enlutadas, machucadas, que estão sofrendo. É preciso ter empatia”, finaliza.

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