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Comportamento

Marcos usa "regra" do amor para suportar espera por um rim há 5 anos

Diagnosticado com nefrite - doença que seca o rim - ele não consegue urinar e passa por hemodiálise 3 vezes na semana

Danielle Valentim | 14/07/2019 07:15
Apesar das aflições, Marcos leva uma vida sorridente e confiante no encontro de um órgão compatível. (Foto: Henrique Kawaminami)
Apesar das aflições, Marcos leva uma vida sorridente e confiante no encontro de um órgão compatível. (Foto: Henrique Kawaminami)

Em meio às tribulações da vida, cada ser humano se volta a uma crença ou sentimento como forma de fortalecimento. No caso de Marcos Aurélio Domingos Gomes, de 50 anos, diagnosticado com nefrite há cinco anos, a fé em Deus o faz suportar a espera por um rim. Para ele, o verdadeiro amor é dar a vida pelo outro - mesmo que seja um pedacinho - e, por isso, aguarda ansioso por um novo órgão.

Com passagens bíblicas na ponta da língua, Marcos se intitula como um escolhido. "Em João diz que aquele que disser que ama a Deus e odeia seu irmão faz se mentiroso. O que é o amor? O amor é dar a vida pelo outro, esse é o verdadeiro amor. Jesus morreu por nós, por amor”, pontua.

Ele e uma irmã sofrem com a nefrite, uma doença inflama a parte do rim responsável por eliminar as toxinas, água e sais minerais do organismo. Nesses casos, o órgão não filtra o sangue e o paciente para de urinar. Entre diversos fatores causadores, a enfermidade também pode ser autoimune.

"Popularmente falando, a doença “seca o rim”. Eu tenho um rim aqui do lado esquerdo, mas não faço xixi há cinco anos. Acordo às vezes e digo senhor Jesus vou urinar. Arrepio tudo, não urino, choro e vou deitar de novo”, disse.

Marcos ainda tem o rim esquerdo, mas ele não funciona mais.
Marcos ainda tem o rim esquerdo, mas ele não funciona mais.

Como é esperar? “Como é esperar por um rim é uma boa pergunta. Eu estou descansando no senhor Jesus. Diz que a morte não descansa, mas ninguém quer morrer", frisa Marcos.

Por ser doador, ele é paciente prioritário e mesmo assim aguarda na fila do Hospital do Rim José Medina de São Paulo, há cinco anos. Com muita fé, Marcos não sabe dizer especificamente como é depender da doação do órgão de outro ser humano, mas aguenta firme com um sorriso no rosto.

"Eu doei o rim direito para a minha irmã há 22 anos e não me arrependo. Doaria de novo. Mas essa doença é hereditária na nossa família e atinge o rim recebido ou o rim que ficou”, conta Marcos.

Marcos aguarda um transplante na fila de São Paulo, porque quando entrou na espera os transplantes não estavam ocorrendo aqui.

"Nesta semana vou conversar com uma professora de nefrologia, médica Rosangela sobre a possibilidade de mudar para a fila daqui. Em São Paulo terei gastos, uma colega chegou a ser chamada cinco vezes, mas quando estava lá sempre chegava alguém mais compatível e mandavam ela para casa. E as passagens, quem paga? Assim que ela se transferiu para a fila daqui foi transplantada em um mês”, ressalta.

"A gente sofre muito, porque apesar de toda a fé dele, ele é um homem humano que tem sentimentos e que sente dores”, pontua Elo.
"A gente sofre muito, porque apesar de toda a fé dele, ele é um homem humano que tem sentimentos e que sente dores”, pontua Elo.

Casada com Marcos há 32 anos, a cabeleireira Elo Tavares Gomes, de 53 anos sofre junto ao marido todos os dias.

“A gente acompanha todo o sofrimento dele. E enquanto casados, parece mistério, mas a gente consegue sentir tudo um do outro, alegria, tristeza, dor, porque existe este vínculo. A gente sofre muito, porque apesar de toda a fé dele, ele é um homem humano que tem sentimentos e que sente dores”, pontua.

Marcos passa por hemodiálise três vezes na semana e até a alimentação necessita de cuidados. Nesta semana, exagero no milho foi motivo para um susto. “Neto de mineiro, gosto demais de milho. Mas agora eu estou entendendo. Minha taxa de potássio subiu muito e eu fiquei sem sentir as pernas. A nutricionista precisou fazer uma lista de todos os alimentos com a classificação de níveis de potássio. Achei que ia embora”, pontua.

Marcos é rápido em dizer que doaria de novo.
Marcos é rápido em dizer que doaria de novo.

Neste sábado, Marcos viajou para Cuiabá, para visitar a mãe. Os médicos conseguiram uma vaga para hemodiálise em um hospital cuiabano. “Na segunda ele dialisa em Cuiabá, na terça a gente volta e na quarta já tem diálise aqui”, pontua Elo.

O casal tem duas filhas e três netos. Todos os dias estudam a Bíblia e refletem sobre o que foi lido. Apesar das aflições, Marcos leva uma vida sorridente e confiante no encontro de um órgão compatívell.

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Todos os dias estudam a Bíblia e refletem sobre o que foi lido.
Todos os dias estudam a Bíblia e refletem sobre o que foi lido.
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