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Comportamento

Viagem de graça e bolsa no exterior são recompensas para quem sempre foi nerd

Paula Maciulevicius | 01/07/2014 06:34
Chamada de "nerd", Bárbara nem imaginava alcançar tudo o que aconteceu graças às horas dedicadas aos estudos. (Fotos: Arquivo Pessoal)
Chamada de "nerd", Bárbara nem imaginava alcançar tudo o que aconteceu graças às horas dedicadas aos estudos. (Fotos: Arquivo Pessoal)

Um ano em Paris, San Diego ou Utah. Na média dos 20 anos, jovens de Campo Grande viveram a recompensa no exterior pelas horas de dedicação aos estudos. “Sempre fui chamada de nerd, nunca fiquei de recuperação”, lembra a engenheira ambiental Bárbara Hollo de Andrade, 24 anos. A experiência dela foi de 12 meses em Salt Lake City, estado de Utah, nos Estados Unidos. Aprendizado inédito e a contrapartida internacional por levar tão a sério as boas notas.

Pelo programa de bolsas de estudos do Governo Federal, "Ciências Sem Fronteiras", Bárbara, à época estudante de Engenharia Ambiental da UFMS, cursou um ano na Universidade de Utah, além de estagiar por quatro meses na instituição. Hoje, prestes a embarcar de volta aos EUA para cursar mestrado, ela nem imaginava tudo o que poderia viver.

"Eu não pensava em chegar a uma empresa de grande porte, trabalhar diretamente com europeus, americanos". Os elogios ao presente podem ser enumerados em toda matéria, mas Bárbara relaciona as conquistas de hoje ao que abriu mão no passado. Desde a entrada na faculdade ela se dedicou às pesquisas de iniciação científica e diz que nunca precisou abrir estudar num sábado à noite, por exemplo. "Mas se eu tivesse que escolher entre sair e estudar, escolheria estudar", completa.

A engenheira foi selecionada graças às boas notas do histórico escolar, do exame que avalia a fluência no inglês e pela indicação de três professores. "Foi a recompensa junto da oportunidade", define.

Engenheira exibe passaporte antes da "recompensa", a viagem de 1 ano para os EUA.
Engenheira exibe passaporte antes da "recompensa", a viagem de 1 ano para os EUA.

Aos 23 anos, o também engenheiro ambiental, Rubens Bragagnollo Filho, passou um ano na San Diego State University, na Califórnia, pelo mesmo programa que Bárbara. Já próximo de se formar na UFMS, um colega o avisou da abertura do edital. Parte da seleção era por méritos. "Usaram o histórico escolar, com as notas e área de conhecimento. Eles dão dão preferência às áreas tecnológicas e das Engenharias, principalmente. Minhas notas sempre foram boas, nunca peguei exame", afirma.

Nos 12 meses, estudou Engenharia Ambiental, mas ao mesmo tempo era livre para cursar as matérias que quisesse e o que lhe interessava, ele investia. "Fiz o que me chamava atenção, matérias de recursos naturais, energia, economia ambiental, mudanças climáticas", descreve.

O estágio foi na própria universidade, num grupo de pesquisa sobre Bioenergia, onde se "achou". Agora ele se prepara para voltar ao mestrado em Bioenergia nos Estados Unidos. "As minhas notas foram decisivas, algumas vezes eu deixei de sair sim, mas sempre tentei e tento manter um equilíbrio", narra Rubens.

Fora a fluência no inglês e o caminho para o exercício profissional, o engenheiro diz que aprendeu a prezar pelo "novo". "Quero trabalhar com coisas novas, e de preferência em lugares novos, fora que tenho amigos do mundo todo agora, isso é meu maior orgulho", resume.

Rubens em discurso para estudantes internacionais no dia da cerimônia de graduação.
Rubens em discurso para estudantes internacionais no dia da cerimônia de graduação.

O destino de Beatriz Flores Coutinho, hoje com 23 anos, foi Paris. Estudante de Engenharia de Materiais e Manufatura na USP, a campo-grandense passou um ano e quatro meses na França pelo "Brafitec", programa dedicado a intercâmbios entre Brasil e França. Mas antes de tudo, foi pelo fruto do próprio esforço, da rotina pesada e dos anos de estudo.

"Para conseguir este intercâmbio é necessário que tenhamos não só boas notas, mas também um bom currículo. Eu passei pois tinha ótimas notas, não as maiores da minha sala, mas tinha um conjunto", explica Beatriz. A acadêmica carregava de bagagem a aprovação em primeiro lugar no curso, além de ter trabalhado em pesquisa científica num dos órgãos mais respeitados de São Paulo, a Fapesp. 

"Meus primeiros anos de faculdade eu quase não curti, não ia em muitas festas, não fazia muito esporte, fazia pesquisa em um laboratório durante as férias e quase não via a minha família. São sacrifícios que valeram a pena", recorda.

Beatriz na Torre Eiffel, o "bônus" pelas festas que não foi no início da faculdade.
Beatriz na Torre Eiffel, o "bônus" pelas festas que não foi no início da faculdade.

A cobrança partia dela mesma, Beatriz descreve que sempre foi boa aluna, embora dispersa quando era criança, mas também nunca exigiu que os pais cobrassem dela a obtenção de boas notas. "Quando eu fui para o Ensino Médio, comecei a pegar gosto de tirar notas altas e resolvi me focar nisso e comecei as olimpíadas de física", lembra.

Aprovada na seleção do programa, a estudante fez seis meses de estágio na L'Oreal Paris, além do mesmo período de faculdade, onde cursou materiais avançados e suas superfícies. "Depois fiz mais seis meses de estágio em que eu era encarregada do desenvolvimento de uma análise que modelasse o movimento do cabelo", exemplifica. Tal análise, segundo Beatriz, será mais tarde implementada para provar que certos shampoos ajudam no movimento do cabelo.

"A maior contribuição é pessoal, o conhecimento pessoal de ter jogo de cintura de aprender outra língua, outra cultura é impagável. Eu aconselho a todos, viver alguns meses ou anos em uma cultura diferente. Isso não só muda a gente, engrandece mesmo".

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