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Comportamento

Yoga vai parar no presídio e faz mulheres pensarem no futuro longe da prisão

Atualmente, 50 mulheres participam da atividade uma vez por semana

Thailla Torres | 20/02/2018 07:36
Mulheres com diferentes histórias, se unem para aula de yoga que as levam a um mundo diferente no presídio. (Foto: André Bittar)
Mulheres com diferentes histórias, se unem para aula de yoga que as levam a um mundo diferente no presídio. (Foto: André Bittar)

A cada aula, elas tentam movimentos mais intensos e desafiadores. É assim há quatro semanas, no Presídio Feminino Irmã Irma Zorzi, onde mulheres com diferentes histórias se unem para aulas de yoga.

Ao fechar os olhos para a meditação, Luiza Simone Jesus, de 41 anos, diz que reflete sobre tudo o que a deixou presa no tempo. "Ajuda a colocar a cabeça no lugar, mas sem desespero, porque quando a gente chega aqui é muito desesperador", explica ao fazer os movimentos de yoga pela primeira vez na vida.

Luiza encontra forças para não perder as esperanças. (Foto: André Bittar)
Luiza encontra forças para não perder as esperanças. (Foto: André Bittar)

A novidade veio como presente na véspera do aniversário de Luiza, comemorado hoje (20). Ela ainda não sabe quem vai abraçá-la, mas com a prática ficou mais confiante. "Sorte que aqui dentro tem muita gente de bom coração".

Luiza tem quatro filhos e cinco netos a esperando do lado de fora. Há 35 dias, aguarda uma resposta de como será o futuro ali dentro. Como tantas outras mulheres, chegou na prisão por envolvimento com tráfico. É cozinheira profissional há anos, mas viu nas drogas a chance de ganhar dinheiro mais rápido, uma "oportunidade" que durou pouco tempo. "Foi uma besteira na vida. Se eu me arrependo? Muito, mas sei o que eu fiz e vou pagar pelo meu erro".

Nesse momento o yoga traz força, que atrás das grades ela não encontra. "Não é fácil, porque a gente fica pensando em tudo que fez e se desespera, vem a dor. Na hora que você relaxa parece os pensamentos bons aparecem..."

Flaviane diz que mantém o controle. (Foto: André Bittar)
Flaviane diz que mantém o controle. (Foto: André Bittar)

O yoga ajuda a manter o controle, diz Flaviane Nunes Lima, de 21 anos, que faz a aula desde o primeiro dia como forma de amenizar a angústia que diz sentir há 7 meses. "Me sinto mais mais calma e me traz um controle. No início senti algumas dores, mas ajuda muito", garante.

Flaviane ainda aguarda julgamento. É de Rondônia, tem um filho de 2 anos e começou a ver no yoga, uma resposta para um futuro diferente dentro e fora do presídio. "Quando eu cheguei aqui, a primeira coisa que você escuta é: bem vinda ao inferno. Eu só ficava na cela e até arrumava encrenca. Mas isso tem me ajudado muito na convivência".

As técnicas que envolvem postura e respiração estão ajudando a tornar o ambiente  do presídio mais tranquilo, garante o professor de yoga Marco Antônio Gerevini, de 39 anos, idealizador do projeto.

As atividades são voluntárias e a iniciativa nasceu de uma conversa do professor com a promotora Renata Goya, da 50ª Promotoria de Justiça, para levar a prática ao presídio.

"Isso tem resultado. De acordo com o que elas passam para gente, estão ficando mais calmas e tranquilas. O sistema prisional é um ambiente pouco favorável para pensamentos construtivos e positivos e com o yoga, elas também revêm conceitos na vida".

O projeto vai até dezembro e conta com a participação de 50 mulheres. A aula tem duração de 30 minutos, com alongamentos, respiração, meditação e posturas que ajudam na flexibilidade, força e equilíbrio.

Atualmente, 329 mulheres estão no Presídio Feminino Irmã Irma Zorzi.

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O projeto vai até dezembro e conta com a participação de 50 mulheres, entre elas, 4 gestantes. (Foto: André Bittar)
O projeto vai até dezembro e conta com a participação de 50 mulheres, entre elas, 4 gestantes. (Foto: André Bittar)
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