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Consumo

Loucos por inaugurações não perdem uma, apesar dos empurrões

Ângela Kempfer | 27/02/2013 12:13
Entrada superlotada para inauguração do Comper Tamandaré. (Fotos Luciano Muta)
Entrada superlotada para inauguração do Comper Tamandaré. (Fotos Luciano Muta)

Trezentos carrinhos desapareceram uma hora antes da inauguração do novo supermercado da Rede Comper, na avenida Tamandaré. Mas isso é o de menos. Quem é louco mesmo por inaugurações, entra até sem carteira, chega cedo para ver primeiro o que a maioria só vai conhecer a partir de amanhã.

Muitos dão como desculpa as promoções, mas a maioria admite: “é muito curioso, gente que entra só para dar uma olhadinha. Vou dizer, eu vim só por isso. É abertura de shopping? Tô lá. É inauguração de farmácia? Tô lá”, assume o vendedor de loteria, Gilberto Vasques, de 45 anos.

Tem gente de bengala, cadeira de roda, levando o bebê no colo, pai confortando criança que berra vendo o boneco da fábrica de frango...mas todos de olho no corte da fita que vai dar a largada para a exploração do lugar.

“Acho que é coisa de campo-grandense. A gente não tem muita diversão aqui, então aproveita qualquer festa. Periga até aproveitar velório”, brinca a professora de Educação Física, Elizandra Correa, ao lado das duas filhas, de 4 e 7 anos. Ela lembra que quando era adolescente "matou" aula para ir à inauguração do Shopping Campo Grande. "Sou velha, viu", justifica.

Ainda do lado de fora, devagar, sem pressa para estrear o primeiro caixa, o aposentado Rubens Alves de Souza apareceu para a festa mesmo com os pés inchados e a dificuldade de locomoção.

“Oberdan”, como é conhecido pelo tempo de glória no futebol amador, hoje tem 78 anos e mesmo assim uma disposição incrível para aproveitar o que as inaugurações têm de melhor. “Não perco uma. Venho para comer, tomar um cafezinho”, explica.

Em um dos corredores do supermercado, Guilherme, de 11 anos, empurra o carrinho da mãe com uma torrada com geléia na mão. Com a boca cheia, sem condições de dizer uma palavra, ele dá a entrevista. Com gestos conta que já bebeu algo, já comeu torrada e quando a mulher do biscoito de chocolate passa, ele pede um instante para atacar mais uma degustação gratuita.

Na hora, outro menino passa e mostra os copinhos de refrigerante, um sobre o outro. “Olha, já tomei cinco”, contabiliza.

Alexia, de 3 meses, foi com a mãe e a avó ao supermercado.
Alexia, de 3 meses, foi com a mãe e a avó ao supermercado.

A promotora de vendas da fábrica de refrigerantes diz que em minutos o freezer carregado de garrafinhas de 250ml ficou vazio, tamanho o público que compareceu à inauguração. “Depois comecei a servir no copinho e tem gente que volta toda a hora”, comenta Alexandra de Oliveira.

Tem gente que há semanas se prepara para o grande evento. Elenir Alves chegou 2h30 antes e jura que economizou parte do salário pago em janeiro para aproveitar as promoções. Junto, levou a nora e a neta Alexia, de apenas 3 meses. “Guardei dinheiro sim. Tem coisa muito boa. Compro até o que não preciso, para fazer estoque”.

Com panfleto de ofertas em quase todas as mãos, alguns entram com alvo certo. Um quilo de sabão em pó Omo com amaciante Confort concentrado de brinde some em minutos da prateleira.

A mãe de Ana Carolina, de 9 meses, enche o carrinho de fraldas da Mônica, por 26,99. Pergunto se o preço compensa e ela responde sorrindo: “Não sei, quem compra sempre é a avó dela. Mas se tá no panfleto né. Deve estar mais barato”.

Dona Lucinara Rodrigues, de 57 anos, saiu com 3 panelas de pressão, cada uma por R$ 19,90 e um quilo de feijão de brinde. “Gente, não tem como na comprar. Qualquer coisa, dou de presente de Natal para os meus filhos”.

Em 10 minutos, Vilma Rojas chegou, entrou, saiu e diz que não entendeu nada. "Moro lá no Taquarussu, não sabia que tinha inauguração hoje, mas vi tanta gente que resolvi entrar. Pior, não entendo porque esse povo tem de vir no dia da muvuca, Porque não vem amanhã que é Quinta Verde, dia de verdura mais barata", reclama.

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