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Lado B

Depois de 30 anos, loja de instrumentos musicais fecha as portas

Mariana Lopes | 09/02/2013 13:02
O violão Strinberg foi um dos poucos instrumentos que sobrou na loja "A Musical" (Fotos: Luciano Muta)
O violão Strinberg foi um dos poucos instrumentos que sobrou na loja "A Musical" (Fotos: Luciano Muta)

Na vitrine praticamente vazia, um violão Strinberg preto, acompanhado apenas do case, anuncia que a loja de instrumentos musicais mais antiga de Campo Grande está prestes a fechar as portas. O motivo, o proprietário não titubeia em dizer. “É só olhar ao redor e ver que o comércio aqui morreu”, diz Frederico Torres, herdeiro do patrimônio.

O ponto escolhido para montar o empreendimento era onde o comércio da cidade fluía em tempos de outrora. Rua Dom Aquino, bem em frente ao prédio da antiga rodoviária.

O sonho de José Antônio Torres, ou apenas seo Zé, foi acabando devagar, assim como o movimento na região. “De uns anos para cá, só vinham clientes que eram fixos da loja, mas só eles não cobrem os gastos, que são muito altos”, explica Fred.

Tudo começou com vendas de vinil e fitas k7, em 1984. Quase uma década depois, a loja “A Musical” investiu em instrumentos e perdurou por aproximadamente 30 anos como uma das mais populares entre os músicos da Capital.

Cliente há mais de 20 anos, nem ganhando um afinador de presente Iraci esquece o lamento de ver a loja fechando as portas
Cliente há mais de 20 anos, nem ganhando um afinador de presente Iraci esquece o lamento de ver a loja fechando as portas

Há 15 anos, quem assumiu foi o filho, e ele até que tentou sustentar o comércio, mas desde que a rodoviária foi desativada no bairro Amambaí, “o mar não está para peixe”. “Preferi fechar antes que me endividasse”, diz Fred, enfático e direto.

O que sobrou da loja, como acessórios musicais pequenos e alguns poucos instrumentos, Fred está liquidando e afirma que inclusive os móveis também estão à venda.

Mas para quem é cliente antigo e fiel, como é o caso da cantora Iraci Guedes Albuquerque, 71 anos, tem a sorte de levar de presente alguma coisa do estoque. “Acabei de ganhar um afinador de violão”, conta.

Mas a alegria de ser presenteada não sobressai ao lamento de ver a loja encerrar as atividades. “Sou cliente aqui há mais de 20 anos, tinha vezes que vinha só para bater papo, é uma pena que tenham que fechar”, comenta Iraci.

O prédio onde funciona a loja será entregue ao proprietário no próximo dia 28. “Mas vou fechar antes disso, para limpar, retirar os móveis, instrumentos, e também pintar. Acredito que no máximo dia 26 eu não abro mais”, diz Fred.

A família agora segue outros rumos. “Eu vou ficar bem longe do comércio e meu pai vai continuar com a oficina de violão dele”, afirma Fred, com gozo de quem está realmente entusiasmado com a nova etapa que irá iniciar.

Na prateleira da loja, um rádio Toshiba da década de 80 remete bem ao passado. É da época de glória da “A Musical”. Mas o som que sai dele é bem atual, até moderno. E é nessa mistura, entre o antigo e o novo, que a loja fecha as portas, com gosto de saudade e desejo de nova fase.

Rádio Toshiba da década de 80, mistura do passado e do presente
Rádio Toshiba da década de 80, mistura do passado e do presente
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