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Diversão

Memórias de ex-ferroviários e objetos antigos vão virar espetáculo teatral

Inspirado em relatos de antigos ferroviários, espetáculo da Ciranda Cultural estreia em dezembro

Por Geniffer Valeriano | 13/11/2025 07:17
Memórias de ex-ferroviários e objetos antigos vão virar espetáculo teatral
Trem que cortava o Estado quando ferrovia estava ativa (Foto: Carlos Silva Mattos, acervo de Carlos Iracy Coelho Netto)

Entre parafusos de trilho, chapéus de maquinista e lembranças de quem viu a Maria Fumaça cortar o horizonte, um pedaço importante da história de Campo Grande vai ganhar nova vida. O Ciranda Cultural transformou relatos e objetos de antigos ferroviários em um espetáculo infantil que estreia em dezembro, com temporada prevista para fevereiro e março de 2026, na Esplanada Ferroviária.

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O espetáculo infantil que resgata a história da ferrovia em Campo Grande será apresentado na Esplanada Ferroviária entre fevereiro e março de 2024. O projeto, viabilizado pela Lei Paulo Gustavo, transforma relatos e objetos de antigos ferroviários em uma narrativa teatral voltada para crianças de 4 a 8 anos. A produção, idealizada por Thais Pompeo, utiliza elementos históricos como parafusos de trilho e chapéus de maquinista para contar a importância do trem no desenvolvimento da capital sul-mato-grossense. O espetáculo é resultado de três meses de pesquisa e coleta de depoimentos de ex-ferroviários e moradores antigos da região.

O projeto, viabilizado pela Lei Paulo Gustavo, nasceu do desejo de Thais Pompeo, uma das idealizadoras, de manter viva a memória do trem que impulsionou o desenvolvimento da Capital.

“É uma peça para crianças. [...] Esse espetáculo é para contar para crianças pequenas sobre um trem que passou por aqui, que foi tão importante para Campo Grande se tornar a cidade que é. Campo Grande não seria Campo Grande, não seria essa Capital se o trem não tivesse passado por aqui”, explica Thais.

A proposta também nasce de um encantamento pessoal. Thais relembra que conheceu de perto a história da ferrovia quando trabalhava no Sesc Cultura e participou da Caminhada do Iphan, realizada na região da Esplanada.

“Eu fiquei completamente apaixonada, eu não conhecia aquela história. E naquela época eu não tinha filho ainda e aí minha filha nasceu, hoje ela tem 6 anos... Fui provocar o João Henrique, que é superintendente do Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) , dizendo que a gente precisava fazer uma caminhada ali para as crianças, porque elas adoram aquela região. [...] Aí abriu a Lei Paulo Gustavo e a gente colocou esse projeto, e aí ele está acontecendo agora”, conta.

Memórias de ex-ferroviários e objetos antigos vão virar espetáculo teatral
Maria fumaça em trilhos de Mato Grosso do Sul (Foto: Museu de Arte Pantaneira de Aquidauana)

Para que a peça nascesse foram realizados três meses de pesquisa e imersão em relatos de ferroviários e moradores antigos. A equipe, formada por nomes como Andrea Freire, Kelly Figueiredo e com apoio do Sesc, mergulhou em histórias carregadas de afeto e pertencimento.

“A gente ficou uns três meses pesquisando, lendo muita coisa, mas principalmente conversando com as pessoas que viveram a história do trem. [...] A gente percebeu que esse universo é muito apaixonante, muita poesia, de pertencimento.”

O espetáculo é construído a partir de objetos reais, que continuam sendo coletados, como parafusos de trilhos, chapéus de maquinista e peças do próprio trem, transformados em elementos de cena e memória.

“Os objetos são usados na peça, porque a peça é uma peça de objeto documental, o objeto tem muita força de história, de memória, de narrativa. O que a gente vê também é as pessoas colocando as suas memórias. E é muito interessante porque as memórias são muito parecidas, quando se trata de trem”, comenta Thais.

Entre as histórias reunidas estão as de Lenilde, ex-ferroviária, que doou parafusos grandes, “com o comprimento de uma mão”, guardados desde o tempo em que viajava com o pai para Aquidauana; as de Moacir, que viveu em Porto Esperança e lembra do tempo em que os vagões serviam de moradia durante as cheias; e as de Nilton, que emprestou um chapéu de maquinista cheio de causos.

“Mesmo as crianças de hoje, não conhecendo o trem, ainda mais aqui em Campo Grande, o trem é muito presente na vida delas em brincadeiras. [...] Então a gente resolveu reunir isso e tentar narrar tudo isso. Esse trem que é tão forte na cabeça das crianças, com o trem que foi tão importante para Campo Grande”, diz.

Para Thais, manter essas histórias vivas é uma forma de resistir ao esquecimento. “As pessoas que moram fora do Brasil não conseguem entender como o Brasil desse tamanho não tem trem. [...] Essa memória só não foi apagada porque tem pessoas que cuidam muito bem dela.”

A peça, pensada para o público de 4 a 8 anos, convida famílias a redescobrirem a Esplanada Ferroviária como um espaço de afeto e história. Os objetos e memórias de quem viveu na região ainda continuam sendo coletadas. Para mais informações basta enviar uma mensagem através do Instagram: @ciranda.cultural.

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