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Faz Bem!

Depois de perder 60 quilos, a emoção de ter um rosto e dizer: Vale a pena‏

Liziane Berrocal | 21/09/2015 06:58
Feliz da vida em um fim de semana de trabalho. (Foto: André Bittar)
Feliz da vida em um fim de semana de trabalho. (Foto: André Bittar)

Sabe aquele momento em que você faz uma foto do “antes” e “depois”. Eu sonhava com isso desde o quadro Transformação da Xuxa. Mas nunca, nem nos meus mais distantes sonhos, eu imaginava que ao olhar minha própria foto, de oito meses atrás, eu iria gritar: “Meu Deus, que gorda”.

Sim, eu me dei esse direito. Me dei o direito de ser “preconceituosa” comigo mesma. Me dei o direito de chorar e me perguntar porque eu deixei chegar naquele ponto com meu próprio corpo, considerando que a obesidade mórbida foi sim uma agressão contra mim mesma. E que sim, eu tenho o direito de emagrecer e ter uma vida mais saudável.

Como eu já contei diversas vezes aqui no Lado B, eu estou vivendo um caso de amor próprio irritantemente delicioso. E duas coisas fizeram esse amor ficar mais forte.

O antes e depois
O antes e depois

Há um mês, quando fiz uma montagem, pensei comigo: “Meu Deus, eu tenho um rosto”. Coloquei a foto em meu Facebook e li de algumas pessoas que aquilo estava errado, que eu sempre tive um rosto e blábláblá. Eu não pude explicar a sensação, mas sim, ali eu vi que tinha um rosto que antes estava encoberto pela gordura, e que aquela conversa de “Nossa, você tem um rosto tão bonito”, realmente fazia sentido!

Meu rosto ficou – e vai ficar ainda – muito mais bonito! Foi chocante, mas necessário para eu perceber tantas coisas!

Outra descoberta muito forte, foi a primeira vez que eu olhei no espelho e as vi ali, saltando aos olhos, eu não acreditei. Cheguei a chorar de emoção e ficar intermináveis minutos observando cada cantinho, cada milímetro de pele saltando em minhas tão sonhadas saboneteiras...

Eu estava tomando banho, e nem meus seios antes grandes e sem nenhuma estria (juro!) que murcharam e agora tem aquelas listrinhas brancas, me fizeram desanimar de ficar olhando a oitava maravilha da natureza, chamada "saboneteiras".

Gritei o Josiel que veio achando que era uma mariposa (eu tenho pavor de mariposas) e quando eu falei: “Olha, olha, minhas saboneteiras!” ele ficou sem entender nada. E então eu fiz ele tirar uma não, várias fotos, de cada cantinho delas ali, saltando aos olhos.

Fiquei então pensando em tudo que passei para ter minhas meninas e vi sim, que vale à pena. Mandei a foto para minha nutricionista Mariana Corradi Gouvêa, e comemorei com ela, essa conquista, porque a última vez que eu pesei menos de 110 quilos, eu estava com 15 anos, e só quem foi obeso uma vida inteira, vai entender o que eu senti.

Já fui criticada por estar emagrecendo “muito” ou por estar fazendo apologia a cirurgia bariátrica (oi?). Mas nessas horas, após “baixar” 60 quilos, é que eu me dou conta que sim, vale muito à pena. Em cada foto, em cada roupa nova, onde eu vejo minhas meninas tão aparecidas quanto eu, eu sinto que toda pessoa que sofre a obesidade tem o direito de querer emagrecer.

E o mais incrível, foi fazer uma foto do antes e depois e até minha melhor amiga, Luciana, que convive comigo há 25 anos dizer: “Nossa, eu nunca vi você assim, tão gorda”. Pois é, nem eu via, mas quer saber, agradeço a Deus pela invenção da bariátrica, porque a sensação de ver seu próprio rosto no espelho e ter os ossinhos começando a saltar é tão inexplicável, que a gente quer dividir a felicidade com o mundo!

E se querem dizer que eu estou fazendo apologia a cirurgia, ou deixando de empunhar a bandeira do plus size, só digo que, hoje, eu tenho uma vida muito mais saudável do que quando tinha 167 quilos. E nada, vai mudar isso!

Daí, você percebe que sim, vale à pena. Vale à pena sofrer a expectativa da cirurgia. Vale à pena o medo da UTI, a meia apertada no pós cirúrgico.

Vale a pena os 25 dias de dieta líquida, tentar a pastosa e voltar para a líquida. Chorar de vontade de mastigar. Chorar de mau humor por falta de açúcar.

Vale a pena comemorar os dez primeiros quilos. Depois os 20 primeiros, e os 30 e agora: 60 quilos.

Vale a pena o puxão de orelha do médico e os nãoooooooooooos da Nutricionista...

Vale a pena levantar e andar e levantar e andar, e parar de ser acomodada. E levantar até para ver se a luz está acesa,

Vale à pena sim, os suplementos, que você esquece de tomar, daí lembra que tem que tomar e dá-lhe ralo da nutricionista.

Vale a pena acorda mega cedo pq tem psicóloga, dai, chora, chora, e a psicóloga fala: "Mas vai valer à pena?"

Sim, vale a pena passar mal, porque achou que aquela "só mais uma garfadinha" não ia embolar todo o meio de campo (risos).

Vale a pena chorar porque não consegue comer sobá ou ter que passar mal após tentar comer quibe três vezes e só aí se convencer que "não, você não pode comer quibe".

Vale a pena se desesperar que você não tem dumpping com chocolate, mas tem com manga e melancia! (risos)

Vale a pena, tirar uma foto por dia e mandar para o marido, que trabalha longe, se acostumar com a mudança diária e ele começar a dizer: "Vou te carregar no colo" e ensaiar uma tentativa antes impensável.

Vale a pena os quilos eliminados, revertidos em amor próprio e em alegria.

Vale a pena as 26 calças novas, e nenhuma delas agora serve. E vale a pena o sapato antes 39, agora 37 e servindo até um 36...

Andar de salto o dia todo, cruzar as pernas em qualquer lugar, sentar na cadeira de plástico, usar o vestido de quando era adolescente e comprar calcinhas lindas do jeito que eu gosto.

Vale à pena contar essa história no ‪#‎VaiGordinha‬ e expor sim, que valer a pena!

Sim, vale a pena, olhar essa foto, se olhar no espelho e pensar: "Que bom, que bom que eu criei coragem e enfrentei tudo isso".

Obrigada Mariana Corradi, por cuidar tão bem de mim, médico Cesar Conte e toda equipe Joice, Telma, meninas e meninos.

Obrigada Eliane, minha psicóloga.

Obrigada minha família em especial a minha Carol que cuidou de mim, ao meu passarinho que me diz todos os dias: "Nossa, você está linda".

Obrigada a minha família, irmã Lais, que mesmo com medo pegou na minha mão e me levou ao hospital.

Obrigada ao meu marido, meu companheiro, meu amor, namorado e amigo Josiel, porque você não desistiu de mim, nem mesmo quando me viu engordar quase 40 quilos em dois anos.

E se você tem vontade, se encaixa nas condições médicas, vai, vai que vale a pena!

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