Muita chuva e sem desfile, e ainda assim a festa continuou no Cordão Valu

Nem a chuva espantou os foliões de um dos mais populares blocos de Carnaval de Campo Grande, o Cordão Valu, no começo desta noite. Além de fantasias, o guarda-chuva bateu ponto na festa.
O desfile que seria feito pelas ruas da esplanada foi cancelado por causa da chuva, mas a festa não parou por isso e a galera ficou na “sede” do evento, na rua General Melo, na Explanada Ferroviária.
Pelo menos 200 pessoas aproveitaram o sábado para festejar. Para a energia não acabar, churrasco e cerveja, além de muita música e alegria.
Já para evitar a chuva forte, muita gente se abrigou nos toldos que ficam nas calçadas. Mas era só a chuva dar uma trégua que muita gente já saia e ia para o meio da rua. Alguns ainda usavam guarda-chuvas para se proteger da garoa.
Entre os foliões, o engenheiro agrônomo Tércio Jackes, 47 anos, se fantasiou e não deixou a chuva levar a animação embora. Ele acompanha o Cordão da Valu há pelos dois anos.
“Esse cordão é de quem gosta desse Carnaval de rua, que é um Carnaval democrático, aberto, livre, e que resgata as marchinhas. Pra mim, festa desse tipo significa liberdade”, opina Tércio.
Já em um grupo de três amigas, estava Rayane Matos, que tem 20 anos e morou 11 em Olinda, cidade pernambucana que é a capital do Frevo. “Me sinto em casa”, conta Rayane, que é estudante de psicologia e estava ao lado das amigas Laura e Isabela Banducci.
Isabela, que é socióloga e tem 29 anos, conta que acompanha a festa desde 2007, e que acredita que o Cordão da Valu resgate a parte cultural do Carnaval. “É quando as pessoas vão para as ruas festejar ao som de marchinhas, fantasiadas, em família”.
E em família foi Rita de Cássia Magalhães, de 36 anos. Ela trabalha como cuidadora de idosos, e levou no carrinho o neto Joaquim, de 1 ano e 3 meses no carrinho, acompanhada da filha Jéssica, de 21 anos. O esposo de Rita toca na banda do Cordão da Valu.
“Gosto do Carnaval porque você deixa a rotina de lado e esquece os problemas”, explica a corumbaense que veio morar em Campo Grande há seis anos, e estava acostumada com várias festas parecidas. “Os campo-grandenses necessitavam de uma folia assim”, disse.
Nada demais – Talvez a fórmula do sucesso do Cordão da Valu esteja justamente na simplicidade, sem fazer nada além, nem aquém, a tradição. Para a fundadora do bloco, Silvana Valu, o Cordão não tem nada demais, porém, faz o resgate das marchinhas e da espontaneidade das pessoas que participam.
“Cada ano mais gente participa. Tem crescido a cada dia porque muita gente gosta de Carnaval em Campo Grande”, comenta Silvana, que já adiantou que a festa vai até meia-noite, e que volta a acontecer na terça-feira (12), quando se não chover de novo, vai ter desfile.
O pai de Silvana, o vendedor Edir Valu, que integra a banda Cordão da Valu, formada por seis pessoas que cantam e tocam, a força da festa está no resgate musical. “Privilegiamos o samba antigo de raiz e as marchinhas, que é o estilo do cordão”, explica.
Para seu Edir, em Campo Grande as pessoas têm necessidade de Carnaval. “Aqui não tem regras. Pode se vestir como quiser, do jeito que quiser. O importante é se divertir”, finalizou.